TERESINA CONTINUA SEM ÔNIBUS

O eixo transporte, trânsito e mobilidade ganhou prioridade e foram os primeiros itens citados no plano de governo do então candidato Doutor Pessoa (MDB) em setembro de 2020 quando apresentou sua candidatura à Prefeito de Teresina. Eleito em novembro de 2021, Doutor Pessoa teria como desafio a resolução do problema de transporte urbano na cidade que já estava paralisado e se reiniciava a passos lentos por conta da Pandemia da Covid-19. Porém, passado nove meses a frente da gestão, a população continuou sem transporte público e o gestor demorou exatos 279 dias para reconhecer a dívida da Prefeitura com os empresários do transporte público que era o principal imbróglio para volta da circulação dos ônibus.  

Prefeito Doutor Pessoa tenta resolver há nove meses problema do transporte público em Teresina.

Antes disso, a Prefeitura aguardou a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de Vereadores, que depois de 105 dias de trabalhos foi concluída e recomendou que a gestão municipal realizasse a rescisão imediata do contrato entre a Prefeitura e o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de Teresina (Setut), além da abertura de um novo processo licitatório. Porém, as 151 páginas do relatório de nada serviram para a administração municipal que não seguiu uma vírgula do recomendado e voltou a tentar o diálogo com os empresários do setor que reclamavam o pagamento da dívida de R$ 21 milhões referentes aos acordos firmados com a gestão passada da Prefeitura no ano de 2020. Neste ponto, a Câmara cumpriu seu papel de fiscalizar e propor soluções, já a Prefeitura há nove meses não consegue por em prática seu poder executivo de executar, colocar em prática um conjunto de intenções do governo, realizar projetos, programa ou políticas públicas, que estão ocultadas pela figura do prefeito, exemplar na produção de 'memes' para visualização em massa nas redes sociais, porém que tem se tornado figura oculta para alguns problemas da cidade como o grave problema do transporte público.  

Enquanto isso, apesar das reclamações no valor da dívida herdada pela nova gestão e nove meses sem querer pagar, a Prefeitura de uma outra para outra decidiu acordar e rever em seus contratos já firmados judicialmente que, realmente, devia os R$ 21 milhões e definiu uma tabela de pagamento para quitar esta dívida. Foi assim com uma simples reunião que o problema do transporte foi parcialmente resolvido, sendo acertado como será o pagamento do montante e ainda definido que uma comissão de gestores da Prefeitura e Setut irão negociar o valor da nova dívida do ano de 2021 e resolver encalços referentes a subsídios da Prefeitura e melhorias no sistema. Essa comissão tem o prazo de 120 dias, a partir de quando for formada, para apresentar respostas.

Nos bastidores o que se comenta é o porquê da Prefeitura ter demorado tanto tempo, com a população sofrendo sem ônibus, para reconhecer a mesma dívida reclamada no início de sua gestão em janeiro de 2021. Entretanto, ao invés de pagar ou renegociar essa dívida preferiu polemizar ainda mais a situação e prolongar por meses um problema grave da falta de transporte à sua população.  Durante todo esse período, além de não apresentar outra solução viável, a Prefeitura através do seu vice-prefeito, Robert Rios (PSB), preferiu atacar com xingamentos e discursões levianas os empresários do transporte público.

“Essa confusão no transporte tem é mais de 30 anos, um ‘lenga lenga’. O importante é que nós resolvemos pelo menos parcialmente. Tem os do contra mesmo, gente que reclama, mas foram nove meses de muito trabalho. A princípio era os empresários que não queriam negociação, porque queriam o modelo antigo. Nessas conversações quem não pode perder é o usuário do sistema”, rebate o prefeito Doutor Pessoa.

Ainda segundo o gestor, com o acordo firmado após nove meses de quase paralisação total do sistema, ficou definido a volta gradual dos ônibus a partir dessa semana que se iniciou no dia 11 de outubro de 2021. “Queremos a volta dos ônibus em quantidade suficiente à população e qualidade vamos avançado. No acordo ficou definido que a Prefeitura vai ter o controle da bilhetagem eletrônica a partir do mês de dezembro deste ano. O importante é que agora é a Prefeitura que vai ter as rédeas do transporte publico que ficará nas mãos do prefeito e da população para decidirem”, afirmou Doutor Pessoa.

O gestor também foi questionado se os problemas no sistema de transporte público podem persistir caso não haja acordo referentes aos pagamentos ainda devidos pela Prefeitura referentes ao ano de 2021 e não sejam resolvidos os gargalhos referentes as gratuidades no transporte. Essas questões deverão ser analisadas pela comissão formada pela gestão municipal.

Sobre esse o assunto o prefeito voltou a dizer que a Prefeitura vai ter um plano “B”, porém, vale lembra que desde o início da gestão a Prefeitura utilizou-se de várias letras do alfabeto para intitular seus planos B, C, D para resolução do problema, porém, nenhum foi anunciado ou conhecido pela população. Eis então que a Prefeitura voltou a sentar a mesa com o Setut e efetivar o plano de “A” de negociação e pagar o valor devido.

“A Prefeitura sempre vai ter um plano B, agora esperamos que essas tratativas deem certo. Se não der essa conversação que se encerrou no fim de semana, o plano B vai se instalado na cidade de Teresina. Não vou dizer que o problema está resolvido 100%, mas demos um passo gigantesco no pensamento do governo sem servir bem a população”, afirmou doutor Pessoa.

CADÊ OS ÔNIBUS ?

Apesar do acordo firmado entre a Strans e Prefeitura para volta da circulação dos ônibus a partir dessa segunda-feira (11), o que se viu foram paradas cheias e a população novamente reclamando da demora. Nas ruas da capital eram poucos os veículos circulando, o que leva a crer que a promessa de pelo menos 200 ônibus circulando pelas quatro zonas da capital, ainda não se concretizou.

Foto: PMT

O entrave para isso ocorrer seriam pelo menos dois, o pagamento da primeira parcela de R$ 4 milhões às empresas por parte da Prefeitura. Parcela essa, referente a dívida de R$ 21 milhões devida pela Prefeitura ainda pelos subsídios concedidos em 2020, que ainda não teria caído na conta de todas as empresas. Até a tarde dessa segunda-feira, das 11 empresa que atuam na Capital, apenas duas disseram ter recebido parte do valor do acordo, outras três disseram à imprensa que não teria condições de retirar os ônibus da garagem sem o pagamento. Outro problema, é os trabalhadores da categoria (motoristas e cobradores), que pedem o pagamento de dívidas trabalhistas.

Os representantes do Sindicato dos Trabalhadores Em Empresas de Transportes Rodoviários No Estado do Piauí (Sintetro) querem que desses R$ 4 milhões que estão sendo pagos pela Prefeitura, cerca de R$ 700 mil sejam assegurados para o pagamento de dívidas trabalhistas das empresas com os trabalhadores. Ainda nessa segunda, motoristas e cobradores protestaram na Câmara de Vereadores e foram até a Prefeitura para cobrar que o pedido da categoria seja atendido.

Sobre a ausência dos ônibus neste primeiro dia útil ‘pós assinatura do acordo’, a representante do SETUT afirmou que os empresários estão aguardando a primeira parcela do pagamento e assim que estes recursos entre nas contas das empresas vai fazer o chamamento dos trabalhadores e dar início a operação do sistema. No contrato de licitação do transporte na capital são previstos pelo menos 400 ônibus circulando, porém, a capital deveria ter atualmente pelo menos 200 veículos rodando, mas pelo que se pode constatar é que o número continua o mesmo de pouco mais de 40 carros que voltaram a circular após as paralisações na Pandemia.

Já a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) da Prefeitura de Teresina garantiu que com o acordo firmado com o Setut, a oferta de ônibus na capital vai aumentar de acordo com a demanda. Porém, há nove meses necessitando do transporte público, a população que foi as paradas de ônibus ontem (11) em Teresina novamente se decepcionou com o serviço.

POSICIONAMENTO SETUT

O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) informa que se reuniu na última terça-feira (12) com o Sindicato dos Trabalhadores (Sintetro), buscando esclarecer sobre as negociações firmadas com o Município de Teresina.

Tratadas as dificuldades da categoria dos motoristas e cobradores de ônibus, esclareceu-se que: tão logo seja realizado o pagamento pelo Ente Municipal dos meses de outubro, novembro e dezembro, há o compromisso de atualização das folhas que atrasadas referentes à 2021;

Além disso, será realizado o pagamento da última parcela do Acordo 2020 feito entre Sintetro e Prefeitura, no valor aproximado de R$ 720 mil, como também, será preservado o pagamento do piso salarial da categoria mantido ao longo da pandemia.

A entidade reitera que, infelizmente no momento, não há condições financeiras de se discutir quaisquer pontos econômicos e financeiros no sistema, tendo em vista que a demanda de passageiros transportados ainda se encontra num patamar inferior aos 25% do que era, antes da pandemia.
Ou seja, o sistema ainda se encontra muito distante do que seja necessário para a sua manutenção.

Os empresários estão à disposição e abertos para o diálogo com os trabalhadores, afim de solucionar as dificuldades do setor. Destacando que o objetivo principal de ambos os lados, deve ser o atendimento das demandas dos passageiros, sempre com segurança, eficiência e agilidade.

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