SEM TARIFA E TRANSPARÊNCIA NOS ÔNIBUS EM TERESINA

A população de Teresina, líderes comunitários, representantes do movimento estudantil e do Sindicato dos Trabalhadores Em Empresas de Transportes Rodoviários no Estado do Piauí (Sintetro) realizaram hoje uma manifestação na Câmara de Vereadores da capital cobrando respostas mais efetivas para o problema do transporte público municipal. Diante do protesto, eles foram recebidos numa audiência no plenarinho da Câmara pelo presidente, vereador Enzo Samuel, e outros parlamentares. Durante a manifestação, representantes do Sintetro chegaram a queimar pneus, soltar foguetes e interditar parte da avenida Marechal Castelo Branco em frente a Câmara.

A principal reinvindicação do grupo é a falta de transparência da Prefeitura com relação as soluções que estão sendo apresentadas para resolver o problema do Transporte. Dentre essas ações, as mais questionada é o projeto de Tarifa Zero, que ofertaria ônibus de graça à população, apresentado de forma preliminar pela gestão municipal, além da escolha do empresário Ramon Alves (da Timon City) para conduzir as negociações sobre a gratuidade.

“Esse coordenador de transporte que a Prefeitura nomeou já mudou de CNPJ da empresa dele três vezes. Antes eram 22 ônibus rodando lá, mas hoje são somente 07. Ele quebrou a empresa dele, lá não tem nenhum trabalhador com carteira assinada. Esse é o exemplo e a solução apresentados pela Prefeitura de Teresina?”, questionou Antônio Cardoso, presidente do Sintetro.  O empresário Ramon já fez diversas críticas ao Sistema da capital e ao Setut (Veja matéria!). 

Sindicato interditou avenida e soltou vários foguetes na porta da Câmara de Teresina (foto: Jailson Soares/ PD)

Ainda segundo o Sintetro, o que foi proposto aos trabalhadores da capital é que eles pedissem a demissão pelas empresas. “Queriam que pedíssemos contas e ficássemos todos desempregados ou fizemos uma rescisão direta, mas para isso precisávamos apresentar três motivos que não há. E outra o sistema não são só motoristas, há lavadores, mecânicos, borracheiros, cobradores, são várias classes juntas, que não terão emprego garantido”, reforçou.

O Sindicalista, também questionou a falta de transparência na forma que o projeto de Tarifa Zero poderá funcionar. “Num primeiro momento eles (a PMT) nos disseram que seria feito um aluguel de ônibus por R$ 18 mil por mês por cada, mas sabemos que o custo mensal é de R$ 12 mil. Depois, disseram que pagariam por quilômetro rodado. Lá, fizemos uma conta simples e no caso, por exemplo, do rodoviária circular que são 18 km seria pago R$ 6,80 por Km, isso daria mais de R$ 800 mil que a Prefeitura teria que pagar por uma única linha. Será se tem dinheiro pra todas as linhas?”, ressaltou.

"PROJETO ELEITOREIRO"

O representante dos trabalhadores do transporte público reclamou, ainda, que o projeto apresentado pela Prefeitura é eleitoreiro, pois tem previsão de funcionar por dois anos. “É um contrato eleitoreiro, só iria funcionar por dois anos. Não é que somos contra ou a favor, mas queremos que seja feito de forma transparente, como é que os trabalhadores terão garantia de trabalho só de dois anos. Soubemos agora que a Prefeitura quer destinar R$ 150 milhões para o transporte, mas antes tivemos que vir na Câmara para cobrar que R$ 80 milhões da Eturb fossem para o transporte e foi uma confusão. Como que agora apareceram mais R$ 70 milhões, de onde veio esse dinheiro?”, destacou.  

Sintetro relata aos vereadores a falta de transparência no projeto e propostas feitas pela Prefeitura aos trabalhadores (foto: Jailson Soares/ PD)

MAL CRÔNICO

Segundo o líder comunitário da Vila Bandeirantes e membro da Comissão do Transporte Público de Teresina, José Roberto Leite, é preciso que haja transparência e resolutividade nas ações dos órgãos.

“Nós tivemos audiência aqui na Câmara no ano passado, mas não teve nenhuma resolutividade. Não teve continuidade e, por isso, decidimos voltar a Câmara, agora com mais representantes da sociedade, movimentos estudantis, líderes comunitários e o Sintetro, para cobrar uma solução. Antes tínhamos mais de 400 ônibus, hoje temos pouco mais de 80 circulando, está uma situação caótica. Na minha região chega a ter só dois ônibus circulando”, ressaltou.

Líder comunitário e membro da comissão do transporte público reclama de falta de ônibus e de ausência de diálogo com a Prefeitura (foto: Jailson Soares/ PD)

José Roberto pede ainda que o grupo que representa a população seja ouvido pela gestão municipal. “Não somos contra a gratuidade, pelo contrário, mas tem que discutir com responsabilidade e conosco. O produto final é o usuário e nós não fomos chamados para discutir o problema e uma solução mais rápida para nós, o usuário”, afirmou.

OUTRO LADO

Nossa reportagem procurou o empresário Ramon Alves que está coordenando as negociações sobre o projeto de Tarifa Zero (também chamado de Passe Livre) com a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans), mas não foram atendidas nossas ligações.

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