POLÍTICOS INFIÉIS NO PIAUÍ

Próximo ao período eleitoral é comum a busca dos pré-candidatos por apoio de políticos alinhados com os seus ideais de campanha. Porém, no Piauí tem chamado atenção a quantidade de adesões envolvendo políticos cujos partidos divergem suas opiniões e, oficialmente, estão em palanques contrários, caracterizando uma infidelidade partidária.

Em tese, o político deveria ter fidelidade a sua sigla, o que consiste na obrigação que o político com mandato tem de votar as leis seguindo as diretrizes oferecidas pelo seu partido de origem. A mesma fidelidade também é oportuna no momento em que o candidato se mantém ligado ao partido de origem até o total cumprimento de seu mandato, mas essa coerência tem sido incoerente no Piauí.

Vereadores Neto do Angelin e Valdemar Virgino, ambos do PP, aderiram à pré-campanha de Rafael Fonteles do PT (foto: redes sociais)

Há pouco tempo atrás, vereadores vestiam a camisa do Partido Progressistas que ainda fazem parte (foto: redes sociais)

A prova mais recente dessa infidelidade foi declarada nessa quinta-feira (07/07), quando os vereadores Valdemar Virgino e Neto do Angelin, ambos do Partido Progressistas, declaram apoio à pré-campanha ao governo de Rafael Fonteles (PT). O anuncio do apoio vai de encontro com o determinado pelo Progressistas no Piauí que entrará na disputa pelo governo do Estado na chapa encabeçada pelo pré-candidato Sílvio Mendes (União Brasil), tendo como candidata a vice, Iracema Portela, que é do Progressistas.

Além disso, o ministro-chefe da Casa Civil e senador licenciado, Ciro Nogueira (PP-PI), é o maior líder nacional do partido e é o mentor da pré-campanha de Sílvio ao governo do Piauí. Apesar da nítida infidelidade dos seus correligionários, o Progressistas não deve judicializar a questão neste primeiro momento.  

Do lado da oposição, também tem gente que abandou o barco da base do governo para marchar junto com a pré-campanha de Sílvio Mendes (União Brasil). O partido PSD, liderado no Piauí pelo deputado federal Júlio César (PSD) e seu filho deputado estadual Georgiano Neto (PSD), tem encontrado dificuldade para manter suas bases eleitorais junto a base do governo do PT.

Júlio César é um dos representantes da agropecuária, do municipalismo e goza de prestígio entre os parlamentares e como o presidente Bolsonaro (Foto: Reprodução | PD)

O deputado Júlio César é apoiador e pede voto para pré-campanha de Rafael Fonteles ao governo e de Wellington Dias (PT) para o senado, mas já garantiu em entrevista ao Política Dinâmica que não poderá garantir o mesmo de outros membros do partido. “A gente orienta que sigam a nossa diretriz, temos conversado bastante, mas ninguém é obrigado. Não vamos punir ninguém que esteja do lado de lá”, garantiu Júlio César. O próprio parlamentar é apoiador da pré-campanha do PT no Piauí, mas tem forte relação e tem sempre votado a favor das reformas e projetos do presidente Jair Bolsonaro (PL). (veja matéria!)

PARTE DO PSD COM SÍLVIO

Apesar da orientação do PSD Piauí para apoiar Rafael Fonteles (PT), boa parte da sigla tem se voltado contra “os conselhos” de Júlio César e Georgiano e declarado apoio à pré-campanha da oposição com Sílvio Mendes. Prova mais recente disso é o vereador de Teresina, Ismael Silva (PSD), que anunciou que vai apoiar a chapa do União Brasil ao governo do Piauí.

Vereador de Teresina Ismael Silva (PSD) contraria partido e abraça campanha de Sílvio Mendes (foto: divulgação)

A dissidência do PSD é ainda maior no interior do estado, onde vários políticos do partido já declaram apoio à candidatura de Sílvio Mendes. Fato importante, tendo em vista que o PSD foi a 2º sigla partidária que mais elegeu prefeitos no Piauí nas eleições de 2020, sendo 40 ao total, ficando atrás apenas do Progressistas que conquistou 86 prefeituras. Juntos PP e PSD elegeram 126 prefeituras, dos 224 municípios do Estado.

Líderes do PSD em São João do Piauí vão apoiar Sílvio Mendes (foto: divulgação)

(Matéria relacionada: TÁ LIBERADO NO PSD)

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