Mesmo após ter virado alvo de protestos de manifestantes contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, demonstra não ter receito de demonstrar uma posição contrária ao governador Wellington Dias (PT). Durante evento do Partido Progressista na capital, Ciro se manifestou contra a proposta de novas eleições. Ele chegou a chamar de “mentiroso” quem defende a proposta.

A possibilidade de nova eleição para presidente foi anunciada por Dilma Rousseff em entrevista nacional e tem sido defendida constantemente por Wellington Dias nas entrevistas concedidas à mídia local. Desde que o processo de impeachment foi aprovado pela Câmara Federal, Wellington passou a defender essa bandeira como solução para o país.

Mas para Ciro, como não existe previsão na Constituição Federal para a convocação de um novo pleito, os defensores da propostas estão “mentindo” para o povo. A posição do presidente do PP mostra que há muito tempo a sigla vem falando uma língua diferente do PT no estado. As declarações de Ciro ocorrem na véspera de Dilma visitar o Piauí em busca de apoio para a proposta de nova eleição. 

“Quem defende eleição direta comete irresponsabilidade. Não existe nenhuma previsão na Constituição Federal. Essa história da Dilma voltar para ter nova eleição é balela. É mentira. Quem defende isso está mentido para o povo. Para isso ocorrer o Michel Temer (PMDB) também teria que renunciar”, declarou.

Em entrevista anterior, o governador Wellington Dias afirmou que novas eleições seriam a solução para o país. “Vemos com alegria que essa ideia tem crescido entre vários setores da sociedade. Acho muito importante a presidente ter se comprometido nacionalmente em convocar novas eleições. Essa proposta parece ser a solução para o país”, declarou o petista.

As declarações de Ciro fragilizam a já delicada relação entre as duas siglas no estado e serve de instrumento para a ala petista que ainda espera um punição contra o senador que votou pelo impeachment. Os petistas pedem que Wellington Dias retire os cargos hoje comandados pelo PP.

RETORNO DE DILMA

Sobre a volta de Dilma Rousseff à presidência, Ciro diz ser quase impossível. Ele afirma que a delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, não comprova nada contra o presidente em exercício, Michel Temer (PMDB). Ciro diz não acreditar em mudança na votação no Senado Federal.

“É praticamente impossível a Dilma voltar. Escândalo por escândalo tem em todo governo. Na última eleição presidencial todos os candidatos foram citados, tanto a Dilma, a Marina Silva (Rede), o Eduardo Campos (PSB) e o Aécio Neves (PSDB). Hoje a política nacional vive falta de credibilidade devido essas denúncias. Precisamos apresentar uma resposta rápida para separar quem tem culpa e quem é inocente. Denúncias existem em todos os partidos. Acho que não muda nada”, declarou.

DELAÇÕES

Ciro Nogueira afirma que a sociedade espera que a Justiça apresente uma resposta com relação às constantes delações, que envolvem nomes de políticos, entre eles, Michel Temer. “Temos que separar o joio do trigo. A Justiça tem que seguir com as investigações. O Ministério Público tem que apontar quem são os culpados para que possamos punir exemplarmente quem tem culpa no cartório e inocentar quem foi delatado injustamente. A delação é instrumento novo e fantástico para se esclarecer muitas denúncias, mas temos que aguardar os acontecimentos porque a delação em si não é prova. Muitas vezes o delator quer escapar da pena. Ele é um criminoso, réu confesso. Eles não são santos. Só a Justiça pode provar a verdade”, comentou.