Conselho Estadual de Cultura realiza eleição

Depois de uma longa caminhada para a constituição de seus novos membros, que se arrasta há mais de um ano, finalmente, hoje, 7, o Conselho Estadual de Cultura realiza eleição. A escolha acontece no auditório da Secult, a partir das 8h e segue até às 13h. Com a apuração e anúncio dos novos conselheiros imediatamente após o fim do pleito. Vamos divulgar aqui.

Funcionando há 50 anos, o CEC-PI tem em sua história o pioneirismo pela fundação, que antecede ao órgão referente em nível nacional. Entretanto, é um dos últimos conselhos estaduais a passar a uma nova chancela. Além de consultivo e normativo, o CEC passa ao exercício deliberativo, adequando-se às exigências do SNC, Sistema Nacional de Cultura.

Como é constituído o CEC?

Formado por membros que representam o Estado, a Assembleia Legislativa e as entidades da sociedade civil, o novo CEC deve ter a maior mudança de seus últimos trinta anos. A renovação vai fazer uma boa oxigenação para por em dia as aspirações da sociedade piauiense para os novos tempos da cultura.

Cada representante legal tem três cadeiras, totalizando nove membros titulares, além dos suplentes. As indicações por parte da Alepi, certamente deve ter os nomes de Maria Dora de Oliveira Medeiros Lima e Wilson Seraine. O terceiro nome ainda não foi confirmado pela reportagem. Dora, que comanda o Museu do Piauí há longos anos, também deve passar a posição de mais antiga representante do CEC, com a provável mudança que deve ser confirmada nas urnas.

Já o governo do Estado, especula-se, deve indicar o nome do professor Cinéas Santos. Embora tendo falado nos bastidores que não desejasse mais participar do Conselho, acredita-se que volte a ocupar uma cadeira. O escritor Marcos Damasceno, do município de Dom Inocêncio, também é ventilado para composição por indicação governamental. O terceiro nome deve ser do advogado e escritor, Nélson Nery Costa.

Nélson Nery Costa, advogado e escritor, deve compor o CEC

Por parte das entidades ligadas aos artistas, técnicos e produtores, principalmente, a disputa vai ser bem acirrada. Na última terça-feira, 5, a Secult divulgou a seleção das que foram aprovadas a concorrer e estão aptas a apresentar representante, podendo votar e ser votada; e as que podem apenas votar. As entidades representam as ciências, literatura, comunicação social, pintura, teatro, música, cinema, dança, folclore e patrimônio cultural.

Disputa concorrida entre as entidades

A lista com as vinte e duas entidades que vão ao pleito, como candidatos e eleitores é esta: Academia de Letras da Confederação Valenciana, representada por Jonas Pereira da Silva; Associação Cultural Reisado do Piauí, com o representante Severo de Sousa Barros - o mestre Severo, que já fez parte do CEC; Associação dos Amigos da Orquestra Sinfônica, com o nome de Antônio Vágner Ribeiro Lima; A UFPI vai concorrer com a professora Maria Dione Carvalho de Morais, representando o Centro de Ciências Humanas e Letras.

Aqui abre-se parênteses, antes de prosseguir com a lista das entidades e seus representante. Reunido na noite de ontem com algumas cabeças coroadas, que sempre estão por dentro da política cultural, conversávamos sobre o provável resultado da eleição, que vamos cantar a pedra logo mais abaixo, estranhamos a participação do CCHL entre as entidades da sociedade civil organizada.

Dora Medeiros, passar a ser a conselheira com mais mandatos

Ora, sendo a UFPI um órgão do governo federal, mesmo que esteja diretamente ligado à educação e cultura, não deveria concorrer entre os indicados pelo governo ou pela Alepi? Com a palavra o senhor secretário de Cultura, deputado Fábio Novo, e os órgãos citados. Os militantes da cultura não escondem sua surpresa do CCHL estar figurando na seleção das ONGs.

Dito isto, vamos prosseguir com a extensa relação de entidades: o Centro de Formação e Interação Aroeira, é representado pelo músico, Luís Severino Santos, que também já foi conselheiro do CEC; José Gílson Moreira Caland vai disputar representando a Cooperativa dos Profissionais da Música do Piauí - CAPIVARA; César Augusto Félix Crispiniano, atuante produtor cultural de Floriano, disputa pelo Escândalo Legalizado Teatro, o grupo Escalet.

Aqui abre-se outro parênteses, César Crispim, é o grande fiel da balança nesta disputa. Tendo em mãos oito entidades diretamente ligadas a ele, é quem define quem entra e quem sai por parte das entidades. Quem não se acertou com ele, tem poucas chances de conseguir um mandato para o próximo exercício do CEC. Se tem alguém que certamente está eleito, este é Crispim.

A Fundação Cajuína, será representada por João Batista Sousa Vasconcelos, o atual diretor do Theatro 4 de Setembro; Pedro Nonato Costa, que também já teve vários mandatos como conselheiro estadual de Cultura, representa a Fundação Nordestina do Cordel; o Grupo de Teatro Harém Pictures, disputa com Aírton de Sousa Martins; o Instituto Cultural Santa Rita, estará representada por Luís Carlos de Sá Filho, a entidade é a responsável pelo Música Para Todos.

Professor Wílson Seraine, indicado pela Alepi

A OPEQ, Organização Ponto de Equilíbrio, entra no pleito com Sildemônio Alves Ribeiro, o bailarino e coreógrafo, Sid Ribeiro; E, para fechar a lista de candidatos e eleitores, Maria do Rosário Sales, a Lari Sales, que representa o SATED-PI, Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Piauí. Que está iniciando o seu terceiro mandato seguido. Um marco na direção da entidade, que já teve presidente com quatro mandatos, mas não consecutivos.

Entidades que são apenas eleitoras

São elas: Academia Piauiense de Letras, representada pelo seu presidente, Nélson Nery Costa; Associação de Teatro Cidade Cenográfica, de Floriano, com Alisson Fernando Pereira da Rocha; Associação dos Amigos da Biblioteca Aílda Cunha, representada por Maria do Socorro Pereira Lima; Karina Batista da Silva vai representar a Associação dos Amigos do Museu de Arte Folclórica do Nordeste.

A Companhia Os Tais de Teatro pode votar com Iraci da Costa e Silva; Lázaro Alexandre da Silva Brito pode votar pela Escalet Produções Cinematográficas; o Grupo Cangaço de Teatro estará representado por Gedson Everk Alves de Amorim; para finalizar a lista (ufa!), Agenor Vilela de Abreu, que representa o Instituto Musart de Teresina.

Como vai acontecer a eleição?

A disputa vai se dar da seguinte forma. Entre as entidades que podem votar e ser votadas e as que podem apenas ser votadas. Cada entidade tem direito a um voto, mas, cada voto indica três pessoas, que corresponde ao número de cadeiras das ONGs na constituição do CEC-PI. Ou seja, abre-se um grande leque para negociações, articulações, pactos e conchavos. O que torna a eleição muito mais emocionante.

Já estive nesta disputa e o pleito era bem diferente deste, com bem menos entidades e com cada uma delas podendo indicar apenas um nome. Mesmo assim, como presidente do Sated, consegui eleger dois conselheiros para dois mandatos subsequentes. A bailarina e coreógrafa Luzia Amélia, foi uma delas, que abrilhantou e floriu o CEC. O outro foi o ator Jimmy Charles, que atualmente está em curso de formação de palhaço no Rio de Janeiro. Jimmy foi o mais jovem representante do CEC de toda a sua história, quando ingressou com menos de trinta anos.

Cantando a pedra

A expressão muito usada nos bingos, para adivinhar o número sorteado, entra como alegoria. O que vamos fazer aqui é um pouco mais do que isso. Bem mais do que especulação, porque eu e mais três amigos ligados à Cultura, que amamos este universo cheio de melindres, mergulhamos a fundo na contabilização das tendências. É quase uma ciência estatística, mas também oracular (risos muitos). Obviamente, terão seus nomes preservados para evitar possíveis fadigas nos bastidores e corredores do metier.

César Crispim, deve ser o campeão de votos das ONGs

Uma certeza, César Crispim. Hoje, ele é o homem mais poderoso. O dono dos votos. Ele decide quem vai ser eleito. Os que não se atentaram para isso, vão naufragar em suas candidaturas. Quem fez campanha por internet, crendo que artistas, produtores e técnicos tinham numerosos votos ou poderiam exercer pressão sobre suas entidades representadas, estão redondamente enganados. Ele merece. É um grande realizador de bens culturais e articulador da política do segmento.

Outro nome certo é o do João Vasconcelos, que curiosamente está representando a Fundação Cajuína. Para quem não sabe, a entidade é comandada por Daniela Roberta Duarte da Cunha, que tem relação de parentesco com o diretor, produtor e dramaturgo, Walfrido de Melo Salmito. Mas, o atual diretor do Theatro 4 de Setembro, também recebe a chancela representativa do próprio secretário de Cultura, Fábio Novo.

João também merece. Exímio articulador do meio cultural, hoje é o grande político do setor. Conhece a fundo todas as relações e deve ter uma boa atuação dentro do CEC. Mais um degrau em sua ascensão no circuito cultural, mostrando que realmente domina a arte de fazer política, não deixando a dever a Maquiavel nem ao Cardeal Jules Mazarin, totens deste exercício da mais pura inteligência do manejo das relações interpessoais.

Com um pouco menos de certeza, mas com grandes chances, Lari Sales, também deve fazer parte do trio que representa as ONGs. Ela vai muito mais carregada pela força das amizades do que propriamente pelo poder de articulação pessoal. Correndo por fora, Aírton Martins, o professor da maioria dos destaques políticos culturais. Ensinou muito desta arte. Mas, ele mesmo está surpreso com a capacidade de seu "alunos", porém, não menos feliz.

João Vasconcelos, também deve ser eleito pelas ONGs

Não pode-se esquecer do grande articulador, o cordelista Pedro Costa, mas também corre por fora. Seria uma grande surpresa no atual cenário. Provavelmente, os dois últimos que citamos devem ficar como suplentes. E a pedra final é quem deve assumir a presidência do CEC. Todos apostam no nome de Nélson Nery. Façam suas apostas e, no início da tarde, a gente tira a prova.

Conselho Deliberativo

O novo Conselho Estadual de Cultura entra em nova fase. Com a força deliberativa, funciona como um parlamento, compondo com a Secult. Com a composição encaminhando-se para ter membros da mais absoluta confiança de Fábio Novo, o secretário pavimenta de vez a sua gestão. Agora é só conduzir maciamente o trem da história, escrevendo belas letras neste livro cult.

Alertei várias vezes ao secretário que a Secult precisava renovar o CEC e garantir maioria dentre seus pares para que sua gestão não corresse nenhum risco de travar-se por causa de picuinhas políticas ou ser alvo de alguma desídia oportunista. Com o encaminhamento que se deu, CEC e Secult vão caminhar unidos para realizar uma das melhores gestões da história da Cultura piauiense de todos os tempos. Digo sem nenhuma temeridade.

Ademais, o Conselho deve debruçar-se logo após a posse dos eleitos na confecção de um novo estatuto. O atual não corresponde mais aos anseios, também porque mudaram as prerrogativas e deve atualizar-se aos novos tempos. Desejamos que tudo corra bem. Que seja um pleito justo. Que os mais articulados e capazes vençam. Evoé, Baco!

Fábio Novo, pavimentando uma estrada de sucesso à frente da Secult

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