UM CASO INUSITADO NA POLÍTICA DO PIAUÍ

Disputa eleitoral é inusitada em Socorro do Piauí (Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal)

Um político que perdeu duas eleições ao disputar apenas uma. E o pior: essa única derrota ainda pode terminar configurando numa terceira eleição perdida. Não entendeu bem a história? O Política Dinâmica explica esse caso bastante inusitado na política do Piauí.

Em 2016, o município de Socorro do Piauí, distante 487 km de Teresina, foi palco de uma acirrada disputa para prefeito. De um lado José Antônio Coelho (PTB) e do outro José Coelho Filho (MDB). Tudo normal se não fosse o fato dos dois políticos serem irmãos.

José Antônio já havia sido prefeito três vezes e tentava voltar à prefeitura após oito anos fora. Mas o irmão caçula José Antônio Filho, o Zitim, quis sentir o gosto de ser prefeito. Sem consenso, os dois partiram para o confronto nas urnas e o caçula venceu o irmão mais velho.

Zé Antônio perdeu em 2016 e ficou fora do páreo em 2020 (Foto: Reprodução/Facebook)

Hoje, eles lideram os principais grupos políticos do município. Derrotado, Zé Antônio comanda a oposição ao governo do irmão, mas se vê diante de uma situação incomum. Ao perder em 2016, ele automaticamente ficou impedido de concorrer contra seu rival em 2020.

A Lei Eleitoral proíbe que parente até 2º grau de chefe do executivo [prefeito, governador e presidente] se candidate ao mesmo cargo para mandato subsequente. Por ser irmão do prefeito, Zé Antônio não pode concorrer. Ou seja, a derrota de 2016 o tirou do páreo em 2020.

Como se não bastasse a derrota ter valido por duas, ela pode valer por três. O grupo de Zé Antônio terá candidato em 2020, mas se o prefeito Zitim se reeleger, Zé Antônio também ficará fora da eleição de 2024, já que, pelo mesmo motivo, não poderá ser candidato subsequente ao mandato do irmão. Para ele, as derrotas diante de Zitim valem o dobro.

Zitim, o atual prefeito, derrotou o irmão em 2016 (Foto: Reprodução/Facebook)

Em entrevista ao Política Dinâmica, Zé Antônio afirmou que seu grupo vai ter candidato para tentar impedir a reeleição do irmão. Segundo ele, são pelo menos três nomes cotados para enfrentar o atual prefeito. Ele cita Saulo Coelho, Marcone Vieira e ainda um ex-prefeito.

“Eu não posso. Eu estou impedido pela lei porque sou irmão do prefeito e não posso ser candidato. Em 2016 disputamos porque nenhum estava no poder. Nem eu era prefeito e nem ele. Hoje eu não posso porque ele é o prefeito e a lei me proíbe”, explicou Zé Antônio.

CLIMA DE DIVISÃO NA FAMÍLIA

José Antônio e Zitim são adversários desde as eleições de 2012. Na época, Zitim foi candidato a prefeito pela primeira vez e acabou derrotado. Zé Antônio apoiou o candidato adversário do irmão e acirrou a divisão. No entanto, somente em 2016 aconteceu o confronto entre eles.

Após uma campanha acirrada e com a maior parte da família apoiando Zitim, ele terminou vencendo a disputa. A diferença foi de 347 votos. Se ele se reeleger em 2020 e terminar o mandato, Zé Antônio só poderá voltar a ser candidato a prefeito novamente em 2028.

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