SANTA DULCE TAMBÉM É LIÇÃO PARA OS POLÍTICOS

Irmã Dulce dedicou a vida à fé e aos pobres (Foto: Arquivo/Correio Braziliense/D.A Press))

Muitos políticos brasileiros foram até o Vaticano para a cerimônia de canonização de Irmã Dulce. A maioria postou vídeos e fotos do evento que fez da freira baiana a primeira santa brasileira. Mais do que enaltecer a importância da canonização, é necessário que os nossos representantes políticos, tanto os que foram quanto os que ficaram aqui, se espelhem no legado de Dulce. Políticos nunca serão santos, mas podem se espelhar nas ações deles.

Santa Dulce dos Pobres dedicou sua vida aos mais necessitados e sempre abria mão de qualquer coisa para levar apoio a quem mais precisava. Para ela, Deus se revelava naqueles que estavam à margem da sociedade e por isso fez opção pelo lado dos pobres. Filha de um dentista, Santa Dulce poderia ter optado por viver sua vida tranquila, mas viu que estender a mão ao próximo era algo necessário. Ela exerceu a fé não apenas em palavras, mas em ações.

A classe política, tão responsável por muitas mazelas do país, poderia ver no legado da primeira santa brasileira um exemplo a se seguir, guardadas as proporções, obviamente. Exercer a atividade política é se colocar à disposição do outro e se comprometer em melhorar a vida das pessoas. Infelizmente, o que vemos em uma grande parcela da classe política é a adoção de práticas que vão na contramão da caridade e do amor ao próximo.

Enquanto Santa Dulce enfrentou dificuldades pedindo esmola para edificar seu grande legado em defesa dos pobres, muitos agentes públicos desviam dinheiro do povo e, do alto dos seus luxos, esquecem que outras pessoas agonizam em corredores de hospitais, passam fome nas ruas, sofrem sem moradia, sem saneamento, etc. Enquanto alguns políticos negociam propinas milionárias, Dulce se contentava com centavos para ajudar um pobre.

Ser político é assumir o compromisso de servir, mas a maioria não enxerga dessa forma. Muitos detentores de mandatos também são empresários, alguns milionários, e mesmo assim agem como se não existissem pessoas vivendo em condições precárias em todas as partes do país e do mundo. A imensa desigualdade social que existe em nosso meio é a prova mais clara de que Dulces são raridades. Do contrário, nossa sociedade não seria tão desigual.

É preciso destacar que os exemplos de compaixão deixados por Santa Dulce dos Pobres devem ser propagados por cada um de nós, do pobre ao rico, do cidadão comum ao político influente. Ter amor, compaixão e disposição para estender a mão ao próximo não depende necessariamente de condição financeira ou posição de poder. No entanto, é inegável que pessoas abastadas ou políticos com mandatos podem fazê-lo com maior amplitude.

Portanto, não bastam discursos bonitos sobre Dulce. Assim como ela exerceu sua fé em ações, seguindo o Evangelho e aliviando a dor de quem precisava, é necessário que os políticos também o façam na sua esfera de atuação. A política não pode ser campo de ambição por dinheiro e poder. De nada adiantam palavras bonitas sobre Santa Dulce dos Pobres se seu exemplo não for minimamente seguido e os pobres seguirem desamparados.

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