Ao longo dos últimos quatro anos, se tornaram frequentes no Piauí eventos promovidos pelo senador Ciro Nogueira (Progressistas) para anunciar recursos para municípios do Estado. Nesse período, o protagonismo de Ciro fez que com a atuação dos outros dois senadores piauienses, Elmano Férrer (Podemos) e Regina Sousa (PT), fosse questionada.

Nesta segunda-feira (21), Elmano defendeu seu modo de atuar e disse que desde 2015 muita gente confunde a atuação de deputados e senadores apenas com obras e aquisição de recursos. Ele lembrou que é importante conseguir recursos e assegura que também tem feito isso, mas destacou que seu mandato tem uma preocupação mais ampla.

Elmano citou as desigualdades entre o Nordeste e outras regiões do País e até mesmo entre o Piauí e os demais estados nordestinos. Ressaltando que é um senador da República, ele tentou explicar que sua preocupação tem um alcance que supera as fronteiras do Piauí.

"O pessoal confunde muito a atuação do parlamentar, quer seja um deputado federal ou senador, com [a função de conseguir] obras. É importante se trazer recursos para isso e nós temos feito, mas com uma preocupação maior, com o Brasil. Nós somos senadores da República. Claro que representamos os estados, mas existem problemas seríssimos nesta República. Por exemplo: o Nordeste tem 56 milhões de habitantes, 26% da população do Brasil, e há uma desigualdade muito grande entre a população do Nordeste e outras regiões. E dentro do próprio Nordeste há uma desigualdade inter-regional", falou.

O senador garante que em Brasília, através de seus projetos, tem procurado mudar essa realidade, algo que, conforme a tônica do seu discurso, vai além de apenas conseguir recurso específico para determinado lugar. Servidor da Sudene, órgão voltado pra o desenvolvimento regional, Elmano diz que um senador precisa pensar no avanço de toda a região.

PROJETOS PESSOAIS DE PODER
Elmano ainda criticou o fato de muitos políticos só fazerem política com base em um projeto pessoal de poder, voltando suas ações sempre pensando na eleição seguinte. Enquanto isso, garante ele, os problemas regionais e as desigualdades seguem sem resolução.

"Hoje se faz política em cima de um projeto pessoal. Essa é que é a realidade. Se é deputado hoje já pensa em ser senador amanhã, se é senador já pensa em ser governador, e não há um compromisso político com o País, com os cidadãos. Todos têm o seu projeto pessoal. Tem que haver uma reciclagem, uma mudança desses políticos", sentenciou.

CARGOS NÃO DEVEM SER A PREOCUPAÇÃO
O senador foi questionado sobre a indicação de cargos federais no Piauí, já que tem tido bom alinhamento com o governo do presidente Jair Bolsonaro desde a campanha eleitoral no segundo turno. Elmano, no entanto, reagiu afirmando que a preocupação por cargos não deve ser considerada tão importante como muitos avaliam.

"Essa é a preocupação de todos: cargos, cargos e cargos. Eu acho que a preocupação deve ser projetos. Foi minha primeira pergunta para o presidente da República: Quais projetos para o Nordeste? Sempre fomos discriminados, pobres. Somos 56 milhões de nordestinos. Não estamos representados no Ministeriado do presidente pela primeira vez na história. Nós deveríamos ter assento, mas tudo bem. Vamos conversar", falou o senador informando que terá encontro com o ministro Gustavo Canuto, do Desenvolvimento Regional.