“PARECE QUE NÓS SOMOS INIMIGOS”

Marinalva Santana fez duras críticas à Sejus (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

A Secretaria de Justiça do Piauí (Sejus) foi duramente criticada nesta sexta-feira (28) pela presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Marinalva Santana. Durante evento de reinauguração da Casa dos Conselhos em Teresina, espaço que funciona como central administrativa dos principais conselhos sociais do Estado, ela aproveitou a presença da vice-governadora Regina Sousa e outras autoridades para fazer um desabafo.

Quem estava no espaço de honra e ouviu Marinalva condenar a postura da Secretaria de Justiça era a promotora Flávia Gomes, mulher do ex-secretário Daniel Oliveira, que ainda tem influência na pasta. O atual secretário Carlos Edilson é ligado a ele. Marinalva disse que o Conselho de Direitos Humanos tem muita dificuldade de diálogo com a Sejus, que se recusa a receber as entidades. Ela avaliou ainda que a secretaria encara os conselhos como inimigos.

"É importante que o Estado perceba que todo dia é dia do orgulho da pessoa negra, do orgulho LGBT, do orgulho da pessoa com deficiência, da pessoa idosa e de todos os grupos que historicamente são inferiorizados na nossa sociedade. Quero registrar aqui e eu tenho que nominar a dificuldade de termos um diálogo com a Sejus. A Sejus se recusa a receber o Comitê Estadual de Combate à Tortura, não recebe a Comissão de Direitos Humanos da OAB e eu, enquanto presidente do Conselho, estou tentando uma reunião com o secretário e a gente percebe uma dificuldade. Parece que nós somos inimigos", falou.

Flávia Gomes, mulher de Daniel Oliveira; o secretário da Sasc Zé Santana e Regina Sousa ouviram críticas contra a Sejus (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Marinalva afirmou que a intenção dos conselhos é sugerir ações de melhorias no sistema prisional do Estado e que a Secretaria de Justiça tem uma visão equivocada ao se negar a dialogar com as entidades. Ela apontou que algumas outras pastas do Governo estadual também impõem dificuldades, mas preferiu citar apenas a Sejus como caso mais notório.

"Eu registrei que nós temos alguns espaços e secretarias onde os secretários são atenciosos. Mas também fiz um registro do contrário. Temos secretarias no Piauí em que o gestor que está lá pensa que é um Deus do Olimpo e vê a sociedade civil como inimiga. Eu citei o nome específico [da Sejus] porque nós não temos esse receio de dar nomes aos deuses do Olimpo. É um tratamento desrespeitoso, uma dificuldade enorme", reforçou.

REGINA SOUSA COMENTA O ASSUNTO
Questionada sobre o desabafo de Marinalva Santana, a vice-governadora Regina Sousa, que representou o governador Wellington Dias no evento, disse que nem todo gestor tem aptidão para receber entidades e discutir determinados temas. No entanto, afirmou que é necessário que todos recebam os movimentos, mesmo que seja para dizer não aos pleitos apresentados.

Para Regina, nem todos têm aptidão para dialogar (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica)

"Isso é normal. Nem todo mundo tem aptidão de receber, de fazer discussão. Tem gente que não gosta de discutir, não gosta de debater, de ficar sentado ouvindo. É natural. Agora é preciso compreender que isso é necessário e importante. O governador nas reuniões chama sempre atenção para que recebam os movimentos, tem que dialogar. Não pode deixar [de receber]. As associações, os sindicatos e os conselhos são a representação da sociedade. Se não tem solução para as coisas, mas pelo menos tem que receber e dizer que não tem", falou.  

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