JEOVÁ DESTACA INDEPENDÊNCIA E LEMBRA “FATO MARCANTE”

O vereador Jeová Alencar, presidente da CMT (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Ele foi o vereador mais votado da capital nas eleições municipais de 2016. Conquistou a presidência da Câmara e foi reeleito para o posto de forma antecipada num processo eleitoral polêmico. Considerado pelo Palácio da Cidade como um parlamentar de oposição, o vereador Jeová Alencar (PSDB) recebeu o Política Dinâmica para uma entrevista.

Concluindo o primeiro biênio como presidente neste mês de dezembro, ele fez um balanço do ano legislativo municipal, destacou fatos que avalia como conquistas e falou de política. Para o vereador tucano, a Câmara se tornou independente durante sua gestão e, por conta disso, é categórico ao apontar sua reeleição de presidente - contra a vontade do prefeito Firmino Filho (PSDB) - como o fato mais marcante ao longo desse primeiro biênio.

Apesar da relação institucional amistosa com o Palácio da Cidade, Jeová lembra que a independência da Câmara é essencial e considera esse um dos seus maiores legados como presidente. O tucano ainda destaca que aprendeu a dialogar mais depois que conquistou o posto de presidente e afirma que cada um dos 29 vereadores têm o mesmo valor.

Jeová conclui o primeiro biênio na Câmara (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Confira a entrevista:

PD – Quais avanços o senhor entende que a Câmara conquistou nesses primeiros dois anos de sua gestão como presidente?
JA – Um dos maiores avanços é a independência desta casa em relação aos outros poderes. Também podemos falar que em 43 anos batemos o recorde em sessões ordinárias. Foram 131 sessões. Nunca foi visto na história da Câmara tamanha produção. Eu fico feliz em fazer parte desta legislatura com os 28 vereadores que têm esse compromisso com a cidade, com as pessoas e que colaboraram quando fazem projetos e ajudam quando votam um projeto do Executivo, ou quando modificam, fazendo com que fique melhor. A Câmara é uma casa que tem procurado cada vez mais mostrar transparência no trabalho dos vereadores, seja quando a gente leva as transmissões ao vivo das sessões ordinárias, como também a tramitação dos projetos desta casa este ano terem sido através de mídia, ou seja, na digitalização para que as pessoas possam acompanhar o projeto, o parecer de cada comissão e como ele foi votado. Isso mostra que a gente está no caminho certo e acho que é isso que a população espera do seu parlamentar. É o compromisso com a verdade, com o trabalho e com a cidade.

PD – Antes de se tornar presidente, o senhor já tinha a experiência como parlamentar. Mas quais experiências a condução do Poder Legislativo lhe trouxe?
JA – Foi justamente o dom do diálogo. Eu já tinha tido experiência de gestor, mas aqui a gente administra com os iguais. Eu não sou maior e nem menor do que ninguém. Eu apenas sou o presidente que administra os trabalhos. Faço questão de que seja assim mesmo, que cada um nós aqui tenha os mesmos direitos, os mesmos deveres. É uma experiência ímpar e que faço com muita satisfação. Sou muito feliz em poder compartilhar esse mandato com os outros 28 vereadores. Entendo que essa é a casa do povo. É o palco das grandes discussões e os 29 vereadores têm esse compromisso. Então a maior experiência é justamente essa: poder estar sempre dialogando com um ou com outro vereador, dando essa experiência de gestão, mas uma gestão diferenciada onde todos são iguais. Aqui não tem essa história de dizer que você é quem manda. Está sendo uma das maiores experiências das minha vida.

Tucano também destaca diálogo como legado (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

PD – Desde aquele processo eleitoral da sua reeleição, o senhor tem sido encarado pelo Palácio da Cidade como um vereador de oposição. O prefeito Firmino Filho já chegou a afirmar isso. E muita gente esperava que o senhor, enquanto presidente da Câmara, fosse usar a presidência para dificultar a vida do prefeito, o que não tem sido visto, pelo menos é o que se percebe em muitas votações polêmicas que ocorreram aqui onde a prefeitura poderia ter saído bem mais desgastada. O senhor acha que muitas pessoas quebraram a cara com relação a essa perspectiva que alimentaram?
JA – Eu não tenho nenhuma dúvida. Tem uns que já vêm quebrando a cara há muito tempo, desde quando eu assumi a presidência em janeiro de 2017. E a gente vem fazendo isso, um trabalho diferenciado. Apesar de estarmos distanciados do prefeito Firmino Filho, nós sabemos da responsabilidade que é estar à frente de um poder. Eu não posso jamais usar deste poder algo que venha trazer benefício próprio ou que eu possa prejudicar alguém porque não estou ligado a essa pessoa. Quem me conhece sabe que eu só uso meu mandato para o bem. Eu não quero o mal de ninguém e acho que é por isso que eu sou tão abençoado, tão iluminado. Então eu jamais irei com hipocrisia, não só na presidência da Câmara, mas como vereador, como amigo dos amigos que eu sou. Jamais serei hipócrita de estar levando tais situações ou de criar situações de embaraço para quem quer que seja. Se eu puder ajudar, atrapalhar eu não vou. Isso você pode ter certeza.

PD – O que o senhor sonha para o biênio que vai se iniciar? Quais conquistas ainda não conseguiu nesse primeiro biênio e pretende trazer no próximo?
JA – Nós temos mantido uma parceria com a TV Assembleia através do presidente Themístocles Filho que tem sido um grande parceiro nosso. E o nosso sonho é levar a televisão aberta da Câmara para Teresina. Já foi feito um convênio, nós temos o canal 16.2, mas infelizmente a Câmara não tem recursos para bancar essa televisão. Quero ver se a gente consegue na grade da TV Assembleia as nossas sessões ordinárias, uma vez que não choca com o horário das sessões da Assembleia. Então esse vai ser um dos maiores desafios nossos para o próximo biênio. Eu acredito que já está bem próximo disso acontecer e quem vai ganhar não serão somente os vereadores, mas principalmente a população.

Parlamentar lembrou a polêmica reeleição (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

PD – Se eu pedir o senhor para falar de um momento que considera ter sido marcante nesse primeiro mandato como presidente, o que o senhor destacaria?
JA – Não tenho nenhuma dúvida que foi a nossa reeleição para o segundo biênio dessa legislatura. Não tem como não ser. Aquela noite que antecedeu a eleição, aquela articulação toda. Aquilo ali foi muito marcante, acho que não só para mim, mas para a história da Câmara Municipal de Teresina. Ficou ali um marco de um vereador que foi eleito sem o apoio do prefeito, pelo contrário, foi muito combatido pelo prefeito. Isso nós já superemos e é página virada, mas o processo foi marcante.

PD – Foi anunciado um concurso público para admissão de servidores aqui na Câmara. Quando ele deve acontecer e como a Câmara está se preparando?
JA – A gente já está trabalhando para a partir de janeiro, junto com o procurador da Casa, começar formatar a questão da licitação da banca. Pretendemos, sim, fazer o concurso. Até o final de 2019 a gente quer fazer esse concurso público.

PD – O que a gestão fez no sentido de melhorar a condição dos servidores da casa?
JA – Onde eu fui gestor, sempre digo que o maior patrimônio de um órgão público são os seus servidores. E a gente sempre procura tratar de forma decente. Primeiro dando melhores condições de trabalho, melhores condições de vida, de salários. Os servidores aqui da Câmara já tiveram grandes avanços. Por exemplo: quando a inflação deu 4,5%, a gente deu um aumento de 13%. Pagamos abonos que estavam atrasados, fizemos convênios com faculdades para que os servidores ou seus filhos possam ingressar na faculdade. Fizemos recentemente convênio com uma rede de planos de saúde, já que o IPMT [Instituto de Previdência do Município de Teresina] tem uma certa carência. Fizemos um convênio com a Ajuspi para que possamos ter cursos de extensão aqui na casa. Sempre que podemos os servidores estão indo se qualificar em algum curso fora do estado. E sempre temos um diálogo franco, sincero e verdadeiro com o sindicato. Aqui o sindicato para falar comigo não precisa marcar, bem como qualquer servidor. Eu acho que o gestor público não pode ficar trancado dentro de uma sala. Eu acho que isso é o que faz a diferença nesse nosso mandato.

Jeová fez elogios aos colegas de parlamento (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

PD – O senhor falou anteriormente sobre independência aqui na Casa. Como analisa esse perfil dos vereadores aqui da Câmara em relação às legislaturas anteriores e em que aspecto eles estão mais independentes?
JA – Eu prefiro falar só dos atuais para não machucar o passado. Mas assim: são 29 vereadores valorosos, que têm trabalho e compromisso com a cidade. Mas eu acredito que pela mudança de quase 50% que teve a Câmara Municipal de Teresina [14 dos 29 vereadores são novatos], pelo fato de serem jovens que estão ingressando na política e pelo estado de espírito do país eu acho que busca essa independência. Embora esteja ligado a A, B ou C, até mesmo porque você vem de uma eleição e você é sempre ligado a alguém, mas você sente aquela vontade de terem independência, de realmente votar conforme aquilo que acredita e que sabe que é melhor para a cidade. Nós tivemos agora duas votações, como a dos aplicativos, onde muitos vereadores votaram contrários a vários pontos do projeto enviado pelo Executivo. Tivemos na penúltima sessão uma votação do Executivo, um projeto da educação, em que eles perderam porque não tinha quórum. Precisavam de 15 votos e só obtiveram 14 e não foi aprovado o projeto. Ou seja, aquilo que eles identificam que não é bom, eles votam contrários sem nenhuma dificuldade. É isso que eu acho que é importante. Mas os 29 vereadores, independente de ser da base ou da oposição, são grandes vereadores que têm colaborado muito com essa casa e com a cidade.

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