UMA FÁBRICA A MENOS, UM PREJUÍZO A MAIS

Comunicado emitido pela empresa sobre o fechamento (Foto: Divulgação/Itapissuma)

Por Gustavo Almeida

A fábrica de cimento Itapissuma S/A, do grupo pernambucano João Santos, instalada na cidade de Fronteiras, anunciou a suspensão das atividades no Piauí. Desde a segunda-feira (6), a produção foi encerrada e cerca de 500 trabalhadores da região foram convocados para receber o comunicado de dispensa.

A empresa se instalou no município em 2001. Sua produção diária máxima atingida foi de 45 mil sacos de cimento. Conforme comunicado emitido pela empresa, a suspensão das atividades deve-se ao agravamento da crise econômica que assola ao país, em especial o setor da construção civil.

Segundo a Itapissuma, as vendas de cimento na fábrica tiveram uma redução de 80%, o que inviabiliza o seu funcionamento. Estima-se que o município de Fronteiras deixe de arrecadar cerca de R$ 500 mil por mês com a suspensão das atividades da fábrica. Trabalhadores ainda denunciam que a empresa fechou as portas devendo salários.

De acordo com o presidente do Sindicato da Construção Civil do Piauí, André Baía, o fechamento representa uma perda para o Estado. Ele destaca que o cimento é o segundo maior insumo do setor da construção civil – o primeiro é a mão de obra – e por isso o prejuízo é considerável.

“Todos ficamos tristes com essa notícia. Já temos pouco material de construção feito no Piauí e ainda ocorre esse fechamento. Era uma fábrica viável na região e que produzia material de qualidade. É preciso avaliar todos os motivos desse fechamento”, falou

O Política Dinâmica ligou para o gerente da fábrica, mas as ligações não foram atendidas. 

Governador tenta reverter a situação (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

GOVERNO PROMETE AJUDA
O governador Wellington Dias (PT) disse na segunda-feira (6) que vai abrir diálogo com o diretor da empresa para tentar evitar o fechamento. Dias afirmou que pretende buscar condições necessárias para que a fábrica continue operando. 

“Fui comunicado que a empresa iria suspender as atividades e que em outras regiões ocorreram alguns incidentes. O Governo do Estado, nesse momento, busca formas para garantir que essa indústria continue operando normalmente, e que seu possível fechamento não afete famílias com o desemprego”, falou.

CRISE E PROBLEMAS NO GRUPO
Considerado um dos maiores conglomerados empresariais do país, o grupo João Santos, que fabrica o cimento Nassau e possui empresas de outros ramos, enfrenta dificuldades desde a morte do seu fundador em 2009. Um dos estopins para a crise seriam os desentendimentos familiares pelo controle do grupo.

Em 2010, a revista Isto É publicou reportagem sobre a briga familiar pelo comando das empresas. Filhos do empresário e irmãos dele disputam o controle do grupo.

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