A Polícia Federal realiza na manhã desta sexta-feira (02/09) a Operação Aquarela que apura irregularidades no Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos (Proaja), realizado pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc) do Governo do Piauí. A ação cumpre 42 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª região para apurar irregularidades em contratos firmados entre a Seduc e empresas responsáveis pela prestação de serviços educacionais do Proaja, que é custeado com verbas federais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Por determinação da Justiça o pagamento e realização do PRO AJA já havia sido suspenso após um relatório do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) encontrar possíveis irregularidades no PRO AJA. Dentre as principais irregularidades estavam a presença de mais de mil mortos inscritos e frequentado aulas do programa, além de empresas sem capacidade técnica para realização das aulas do programa pago pelo Governo do Estado, com recursos federais. O Ministério Público Federal (MPF) foi quem pediu a suspensão do programa para Justiça Federal, após indícios de irregularidades. (Veja decisão do MPF!)
Veja matérias:
OPERAÇÃO AQUARELA
Cerca de 140 policiais federais e sete auditores da Controladoria-Geral da União (CGU) cumprem nesta sexta-feira (02) os mandados nos municípios de Alegrete (PI), Campo Maior (PI), Pedro II (PI), São João do Arraial (PI), Teresina (PI), Valença (PI) e Timon/MA.
De acordo com as investigações, realizadas em parceria com a Controladoria-Geral da União e o Tribunal de Contas do Estado do Piauí, em julho de 2021 a Secretaria de Estado de Educação do Piauí (SEDUC/PI) lançou edital para seleção de instituições públicas e privadas, para a prestação de serviços educacionais a jovens e adultos no programa governamental denominado PRO AJA.
Para a execução dos serviços foram firmados, mediante inexigibilidade de licitação e através de credenciamento, dezenas de contratos milionários entre a Seduc e 52 empresas/instituições, custeados com recursos de precatórios do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que totalizam mais de R$ 217 milhões, em valores empenhados até 19 de agosto de 2022.
Constatou-se que empresas credenciadas pela SEDUC não possuem em seu rol de atividades principais a prestação de serviços educacionais, bem como não detém capacidade financeira e operacional para desenvolver o objeto dos contratos, que implica na oferta de turmas em 223 municípios piauienses, de modo que, mesmo após o recebimento dos recursos, não ampliaram o número de funcionários empenhados em desenvolver as atividades pactuadas.
Por este motivo, as aulas de turmas que não ocupam salas de escolas públicas são realizadas em ambientes residenciais com estrutura física improvisada e inadequada, com o uso de material didático, quando ofertado, indevidamente adaptado ao grupo de alunos, cujo perfil é marcado pela pluralidade nos aspectos de idade, sexo, vivência, qualificação profissional e grau de escolaridade.
(Veja relatório do TCE-PI sobre o Pro Aja!)
A investigação, também, aponta que há oferta de lanche sem conteúdo nutritivo quanto à quantidade e qualidade dos alimentos, consistindo em biscoitos de água e sal e sucos, em desacordo com os projetos apresentados no credenciamento das empresas, que continham itens variados, de rico valor nutricional e definidos por profissionais competentes.
As constantes alterações nos instrumentos legais que regulamentam o programa e a ausência de acompanhamento e fiscalização da execução dos contratos possibilitaram a inscrição de alunos que não atendem aos requisitos de idade, escolaridade e condições financeiras estabelecidos para o Programa, inclusive fictícios ou já falecidos, causando prejuízos irreversíveis aos cofres públicos.
As ordens judiciais cumpridas na Operação Aquarela têm o intuito de aprofundar as investigações acerca de irregularidades na execução dos contratos e são direcionadas a 19 instituições, órgão público e seus respectivos representantes legais.
Os envolvidos podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, emprego irregular de verbas ou rendas públicas e fraude à licitação
Aquarela, nome dado a operação, é uma técnica de pintura onde a adição de água à tinta produz cores leves e casuais, sendo relacionada a métodos utilizados nos primeiros anos de escolaridade. A associação ao nome da operação deve-se ao fato de empresas credenciadas adotarem material pedagógico apropriado ao ensino infantil para alfabetização de adultos.
O QUE DIZ A SEDUC
NOTA -OPERAÇÃO AQUARELA
A Secretaria de Estado da Educação do Piauí (Seduc) informa que está colaborando plenamente com a investigação em curso da Polícia Federal que investiga instituições/empresas para prestação de serviços educacionais no Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos. A Seduc ressalta que o Proaja vem sendo executado com muita segurança, transparência e lisura, cumprindo todos os regramentos estabelecidos pela lei que instituiu o programa, e se coloca à total disposição dos órgãos de controle para esclarecer quaisquer questionamentos, sempre visando a transparência e o correto funcionamento da administração pública.
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