por Lídia Brito
Os permissionários da Central de Abastecimento do Piauí (Ceapi) fizeram um protesto em frente ao Palácio de Karnak na manhã desta terça-feira (02). Eles acusam a empresa Brazilfuit Transportes Importação e Exportação LTDA, responsável pela administração do local após vencer a licitação da Parceria Público Privada (PPP), de aumentar de forma abusiva as taxas de permanência na Ceapi.
Com faixas contra o governador Wellington Dias (PT) e a Superintendente de Parcerias e Concessões, Viviane Moura, os manifestantes afirmam que o aumento chegou a 200%. Eles denunciam que procuraram a administração e o governo do Estado para conversar, mas não obtiveram retorno. A falta de diálogo é um dos problemas da nova gestão da Ceapi, que não apresenta uma explicação para o aumento significativo.
Eles anunciam que vão recorrer à Justiça para tentar barrar o aumento das taxas. O receio dos permissionários é que um novo aumento já estaria sendo estudado pela empresa. O reajuste deve ocorrer em abril.
De acordo com a permissionária Vera Lúcia Gomes, que trabalha há 22 anos vendendo frutas no local, o aumento tornou a permanência na Ceapi difícil. “Ninguém tem condições de pagar. O movimento da Ceapi caiu muito e não temos condições de pagar essas taxas. Queríamos nos unir e fazer um apelo para saber se alguém pode fazer alguma coisa pela gente. O aumento ocorreu após a nova gestão. As coisas só pioraram. Eu pagava R$ 93 e agora paga R$ 273. Tem gente que paga mensal, mas outras são por semana”, declarou.
Vera Lúcia afirma que o governo faz propaganda enganosa com a PPP da Ceapi. “A propaganda do governo diz uma coisa, mas nós queremos mostrar a realidade que é outra bem diferente. Essa nova gestão não trouxe nenhuma melhora. As coisas pioraram muito.
Não mostra o lado do pobre. Ele (governador) diz o que quer na propaganda dele. Mostra o que quer e o povo acredita. Agora quem vive situação é quem sabe a realidade”, destacou.
Marlele de Sousa, que também trabalha na Ceapi, afirma que outro problema é a mudança de horário da abertura dos portões da Ceasa. Antes os permissionários e clientes podiam entrar no local à meia-noite. Com a nova gestão o horário mudou. Permissionário só entra 3 horas e cliente 4 horas.
“As vendas caíram com essa mudança de horário. Antes as pessoas do interior vinham comprar na Ceapi e voltavam para suas cidades para vender na feira. Agora como só podem entrar quatro horas, não compensa mais. Já chegam muito tarde na cidade deles. É outro problema que tentamos negociar e não obtivemos resposta”, afirma.
Diante das dificuldades provadas pelas mudanças e da falta de diálogo, muito permissionários ameaçam deixa a Ceapi. “As pessoas vão ter que abandonar o seu emprego porque não aguentam mais. As taxas estão muito caras. Além da administração deixar muito a desejar”, disse.
A empresa Brazilfuit Transportes Importação e Exportação LTDA ficará à frente da administração da Ceapi por 30 anos. O investimento deverá ser de R$ 3,6 milhões. De acordo com o contrato previsto, ela será responsável por, além de administrar, reformar, modernizar e expandir a Ceapi. Os permissionários reclamam que até o momento a única mudança sentida foi o aumento das taxas.
Apesar da reclamação dos permissionários que dizem não visualizar mudanças, o governo fez festa depois de ganhar prêmio com a PPP da Ceapi. O Prêmio PPP Awards & Conference Brazil 2017 reconheceu a parceria como uma das melhores do país.
A reportagem tentou entrar em contato com o diretor-presidente da Ceapi, James Andrade, mas o número de telefone repassado pela assessoria estava fora de área e não foi possível o contato até a publicação da matéria. A reportagem também tentou entrou em contato com a governo em busca de um reposta para as denúncias, mas até a publicação da matéria não teve retorno.
A assessoria informou que o secretário de Administração, Franzé Silva, não foi localizado. Já o secretário de Governo, Merlong Solano, que também poderia falar sobre o assunto está viajando e retorna ainda hoje para Teresina. O espaço continua aberto para esclarecimentos.
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