Denuncia contra privatização da Agespisa

Por Mírian Teles

O advogado Antônio de Deus Neto, funcionário e assessor jurídico da Agespisa, fez críticas ao processo de transformação da Agespisa em Instituto de Aguas do Piauí durante entrevista na manhã desta quarta-feira (29). O advogado declarou que há rumores de que uma das empresas candidatas a parceria Público Privada (PPP) do órgão seria a Construtora Odebrecht, cujo presidente, Marcelo Odebrecht, encontra-se preso por envolvimento da construtora em atos de corrupção na Petrobrás.

Sobre a especulação do interesse da Odebrecht na Agespisa, ele explica: "Nós entendemos que esse caso precisa ser investigado já que pode ter ligação da situação da Agespisa com esse escândalo da Lava Jato, porque antes que se fizesse a licitação para todo esse processo, já se ventilava o nome da Odebrecht Ambiental, empresa ligada ao escândalo", disse o advogado.

Segundo Antônio de Deus, as parcerias público-privadas conseguem se esquivar do controle dos tribunais de contas. "Esse, talvez, seja o principal motivo para a pressa em formalizar essa parceria. A verdade é que o governo vai lavar a Agespisa e entregar limpinha, sem dívidas tributárias e previdenciárias", falou advogado, referindo-se a uma exigência que, segundo ele, a Odebretch teria feito, para receber a empresa limpa e com faturamento de 32 milhões por mês.

Os funcionários da Agespisa criaram um grupo chamado "Piauí e o Saneamento", com o objetivo de provocar discussões sobre o assunto. Eles reiteram a ideia de que não é viável transformar o órgão em Instituto e que teriam projetos de viabilização economia da Agespisa.

Faixada da sede  do prédio da Agespisa em Teresina/ Cidadeverde.com

R$ 10 MILHÕES PARA O NOVO INSTITUTO DE ÁGUAS

Nesta terça-feira (28), a governadora interina Margarete Coelho (PP) assinou e determinou a publicação do decreto nº 16.124 no Diário Oficial do Estado destinando R$ 10 milhões para o início dos trabalhos do Instituto de Águas e Esgotos do Piauí (IASP). O patrimônio da Agespisa está sendo repassado para a Empresa de Gestão de Pessoas e Recursos do Estado do Piauí (Emgerpi) que passa a gerir o ativo e passivo da Agespisa.

No decreto assinado pela governadora, os recursos são destinados para a coordenação geral e para a estruturação e modernização do Instituto. Existe previsão para a implantação, ampliação e melhoria de sistemas de abastecimento de água; para a implantação, ampliação e melhoria do sistema de esgotamento sanitário.

Segundo Antônio de Deus, a privação da Agespisa surgiu com o Raimundo Neto Nogueira , ex-presidente da Agespisa, e irmão do Senador Ciro Nogueira (PP), que está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal, suspeito de envolvimento no escândalo da Lava Jato. Para ele, a governadora interina que pertence ao mesmo partido do senador, também precisa ser investigada pelo ministério público Federal. “ Pedimos que se investigue também a governadora em exercício porque achamos muito estranho a assinatura desse decreto. A Agespisa é perfeitamente viável, é uma empresa de economia mista. Caso aconteça a privatização, quem mais irá sofrer, não será os funcionários e sim os consumidores de do Estado” finalizou.

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