DEFENSORES DA VAQUEJADA REAGEM À DECISÃO DO STF

Decisão do STF provocou uma série de discussões (Foto: Jailson Soares/Política Dinâmica)

Por Gustavo Almeida

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou inconstitucional a prática da vaquejada no Ceará vem causando diferentes reações em todo o país, principalmente na região Nordeste. Muitos apoiam a medida adotada pela maioria dos ministros da Suprema Corte, enquanto outros consideram a decisão um verdadeiro ataque a cultura do povo nordestino. Entidades de defesa dos animais entendem que a prática é cruel com os bichos.

Para o empresário Daniel Alencar, que há mais de 20 anos trabalha no segmento da vaquejada no Piauí, o maior prejuízo com a decisão ocorre no campo cultural. Segundo ele, os vaqueiros estão entre os principais responsáveis pela colonização do estado, fato que contribuiu para que as vaquejadas entrassem no cenário cultural piauiense.

“O maior prejuízo é na cultura, pois a grande riqueza de um povo é justamente a sua cultura e nós acabamos de perdê-la. Essa decisão afeta uma tradição de gerações. Além disso tem o enorme prejuízo financeiro. Em Pernambuco, 95% da população da cidade de Cachoeirinha, por exemplo, vive em torno do artesanato de couro voltado para acessórios de vaquejada. Aonde esse pessoal vai parar? Como vão viver?”, questionou.

O empresário entende que a própria Constituição Federal assegura que é dever do Estado proteger a cultura e disse que a decisão do STF é fruto da histórica discriminação que o povo nordestino sempre sofreu por parte de alguns sulistas. As vaquejadas realizadas por ele na cidade de Campo Maior, no Norte do Piauí, reúnem mais de 20 mil pessoas nos três dias de evento.

“O regulamento da Associação Brasileira de Vaquejada tem uma série de determinações que pregam justamente pelo bem estar animal. Vaquejada não é só correr atrás do boi e deve haver cada vez mais fiscalização e ajustes. Foi uma decisão tomada sem uma vivência in loco junto a esse esporte”, finalizou.

O presidente da Associação de Vaqueiros Amadores do Piauí (Avapi), Ravi Lages, afirmou que “o Nordeste está ferido com a decisão”. Segundo ele, o segmento emprega mais de 600 mil pessoas de forma indireta no Nordeste. Uma série de mobilizações em todo o território nordestino será realizada para protestar contra a decisão do STF.

“A vaquejada é um estilo de vida. Além dos vaqueiros e admiradores, também temos muitos artistas e bandas de forró que estão indignados com essa situação”, declarou Ravi.

Políticos nordestinos também reagem
Várias figuras da política nordestina reagiram à decisão do STF de considerar a vaquejada inconstitucional. O governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), afirmou que a prática é uma atividade recreativa que virou esporte e tem seu heróis. Para ele, a vaquejada “é festa em todos os cantos do Nordeste e precisa ser preservada”.

O deputado federal Hugo Mota (PMDB-PB) também criticou a medida e disse que a grande discussão que se gerou sobre o assunto demonstra o impacto que o esporte tem na cultura e na economia do povo nordestino. Ele defendeu que se encontre um denominador comum de proteção aos animais e a manutenção da vaquejada na região.

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