CRM DIZ QUE PROBLEMA DA FMS É NA GESTÃO

Foi realizada na manhã desta segunda-feira (5/12) uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Teresina para discutir a situação de crise em que se encontra gestão do serviço públicos municipais no setor de Saúde na capital. Na última sexta-feira (1°), o Conselho Regional de Medicina Medicina (CRM) decidiu interditar parcialmente o Hospital Municipal do Buenos Aires, na zona Norte de Teresina, devido à falta de medicamentos, insumos básicos e médicos na unidade, gerando o agravamento da crise na gestão da Fundação Municipal de Saúde (FMS), órgão da Prefeitura responsável pelo setor.

Durante audiência na Câmara, CRM fez críticas a omissão inicial dos vereadores em tomarem uma atitude e, também, culpou a atual gestão da Prefeitura de Teresina devido os problemas na Saúde (foto: Jailson Soares/ PD)

Segundo o presidente do CRM Piaui, Dagoberto Barros, o problema vivenciado em Teresina não é por falta de recursos, mas sim pelos gestores da Prefeitura. "Nossos hospitais estão desabastecidos e nossos profissionais estão pegando a culpa. Eu não tenho receio de mostrar a cara, porque estamos trabalhando. Por conta desse problema já tivemos mortes por falta de neonatologistas no hospital. Nós temos relatórios que provam isso", revelou o presidente do CRM.

Ainda segundo o presidente, a decisão pela interdição parcial do Hospital do Buenos Aires foi necessária após uma fiscalização finda no último dia 30/11 que evidenciou que os problemas do Hospital não haviam sido corrigidos. "Essa não foi a primeira fiscalização, já havíamos ido ao local e evidenciado os problemas outras vezes, por isso, notificamos a Prefeitura e a FMS, mas nenhuma solução foi tomada (...). Esse relatório final mostrou que por 4 dias no mês de dezembro (dias 3, 18, 25 e 31) não teriam médicos pra escalar. Além disso, outros nove dias só haveria um médico neonatologista de plantão (...). Mas, parece que o ele (Doutor Pessoa) é blindado, parece que não tá vendo as coisas acontecerem", reclamou Dagoberto.

Omissão: apesar da audiência tratar sobre fechamento de hospital e problemas na Saúde, menos da metade dos 29 vereadores compareceram a audiência na Câmara (foto: Jailson Soares/ PD)

FUNDAÇÃO NÃO TEM DINHEIRO

Presente na audiência pública, o presidente da FMS, doutor Gilberto Albuquerque, explicou em entrevista ao Política Dinâmica quais os principais problemas enfrentados pela sua gestão para comprar insumos básicos para unidades de saúde de Teresina.  “Temos vários fatores pra isso, diminuição da produção nacional e internacional, outro problema agora é o financeiro. Nós temos que fazer a parte gerencial da Fundação, mas a parte financeira, nós não temos como suprir a necessidade que tem. Nós recebemos a Fundação com débito de R$ 52 milhões e nós continuamos precisando de recursos para manter o funcionamento”, revelou Albuquerque.

Veja como foi a audiência!

O presidente afirmou ainda que a FMS está pedindo socorro porque não tem mais dinheiro para continuar prestando seu “bom” serviço para população. “No período Covid teve um aumento grande tanto do consumo quanto dos preços que foram subindo, subindo, e isso corroeu todo orçamento que a gente tem. Então, quando chega no final do ano já não tem mais orçamento, não tem mais dinheiro, não tem mais recurso. Esse é o momento que a Saúde pede socorro para a porte financeiro para continuar mantendo os seus bons serviços”, afirmou.

CRM DIZ QUE PROBLEMA É A GESTÃO

O médico Dagoberto Barros, presidente da FMS, ressaltou que o Conselho está buscando uma solução junto ao responsáveis e afirma que o problema tem sido causado pela atual gestão. “Tá faltando é gestão, porque dinheiro tem, que eles estão fazendo outras coisas. Então o que falta mesmo é gestão. E outra coisa, a culpa não é dos médicos e nem dos trabalhadores da Saúde, a culpa é única e exclusivamente dos gestores e é isso que queremos mostrar à população”, afirmou.

Presidente do CRM, Dagoberto Silveira, diz que falta de insumos nos hospitais da capital é um problema de gestão (foto: Jailson Soares/ PD)

O presidente da FMS destacou que a Fundação está buscando dar solução aos problemas denunciados pelo CRM, mas ainda não conseguiu apresentar uma solução definitiva para que o problema da falta de insumos seja resolvido. “A solução parcial já foi dada, temos equipamentos e insumos do Buenos Aires com a compra em andamento e muito breve já estaremos apresentando essa semana as soluções para o CRM”, afirmou Gilberto Albuquerque.

Enquanto isso, o presidente do CRM revelou que além do Hospital do Buenos Aires outras unidades de saúde da capital, também, enfrentam uma situação crítica. “Temos vários com situação semelhante a unidade do Buenos, mas lá foi a pior que encontramos, até agora. Nós vamos atrás dos outros. Vamos trabalhar para que não sejam necessárias novas interdições”, avaliou o doutor Dagoberto.

A preocupação do CRM foi atestada pela comissão de Saúde de vereadores da Câmara, que liderados pelo vereador Leonardo Eulálio (PL) fizeram várias visitas a Farmácia Geral e os depósitos de farmácias de várias unidades saúde da capital, tendo os parlamentares diversas prateleiras vazias onde deveriam ter estoque de insumos básicos.

Vereador Luiz Lobão não descarta que a Câmara possa realizar CPI para investigar problemas na área da Saúde em Teresina (foto: Jailson Soares/ PD)

Segundo o vereador Luiz Lobão (MDB), que faz parte da comissão, caso a FMS não demonstre que irá solucionar os problemas da forma mais rápida possível, poderá ser discutida e aberta uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a gestão da Saúde na Prefeitura de Teresina. “Hoje essa audiência para ouvirmos as partes e a partir daí, a comissão de saúde via se reunir ainda hoje, para amanhã na sessão ordinária poderá ser votada uma CPI na Saúde. Não estou dizendo que vai, mas vamos nos renuir e ter um direcionamento quanto a essa questão”, explicou o vereador Lobão.

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