CUNVEEERSA COM SILAS

Ele é reconhecidamente um showman por natureza. Aliás, a comunicação e uma certa dose de rebeldia lhe colocaram na política. Com admiradores apaixonados e adversários que simplesmente não suportam seu estilo, Silas Freire (PR) chegou à Câmara Federal há uma semana. Tempo suficiente para mergulhar em polêmicas que envolvem o deputado federal Fábio Abreu (PTB), a redução da menoridade penal para jovens criminosos e a (des)confortável base governista.

Silas Freire visitou o escritório do Política Dinâmica e, em entrevista exclusiva, "chutou" o balde e falou tudo o que todo mundo quer saber sobre política, manifestações e a “turma” que não quer vê-lo no Congresso.

Veja a entrevista completa ou leia a íntegra da entrevista!

Política Dinâmica - Você é o primeiro suplente de uma coligação não de um deputado. Mas nas últimas semanas, até que você assumisse e até que o deputado Fábio Abreu viesse a se tornar de fato secretário muita coisa aconteceu. O que é e o que não é verdade na relação entre você, Fábio Abreu e um polêmico gabinete?

Silas Freire - Eu particularmente não posso dizer o que é verdade e o que é mentira porque eu não sei. Nunca foi procurado por ninguém. Eu sou suplente da coligação e foi surpreendido com esse tipo de informação na mídia. Isso é até criminoso você está discutindo nomeações de gabinete. Já pensou você assumir um cargo, ter uma verba para assessoria e você deixar assessores de outro deputado, então o deputado Fábio Abreu nunca me procurou para falar isso, em hipótese alguma. Nem ele, nem a deputada Rejane [Dias].

Política Dinâmica - Por que acha que demorou tanto para o deputado Fábio Abreu se licenciar e abrir vaga para você?

Silas Freire - Eu acho que demorou essa nossa ascensão à Câmara porque mudou a modalidade. Se você olhar os outros deputados também tomaram posse há pouco tempo. Teve a histórias dos R$ 10 milhões das emendas impositivas que o deputado que entrou no mandato agora teve direito de emendar o Orçamento que está sendo votado agora. Acho que os dois deputados demoraram mais tempo nos seus mandatos para empenhá-las e isso muito normal porque são emendas ainda do ano passado que nós vamos votar essa semana. Não são emendas do ano que vem. As emendas do ano que vem serão tratadas ao logo do ano legislativo.

Política Dinâmica - Não existiu ou existe um acirramento entre vocês?

Silas Freire - Da minha parte não. Eu ouvi falar através de vocês [da imprensa] que havia um clima de animosidade, de acirramento por conta de gabinetes. Quando eu tomei posse pergunte a minha chefe de gabinete se as nomeações do deputado Fábio Abreu continuavam e ela disse que todos os atos dele estão anulados quando se trata de gabinete. Não no que se refere às emendas. Mas quando se trata de gabinete, ao licenciar-se, se seus atos estão inválidos. Eu já encontrei o gabinete sem nenhum assessor, até porque a lei rege assim.

Política Dinâmica - Por que acha que surgiram esses boatos de desentendimento entre vocês?

Silas Freire - Algumas pessoas ligadas a ele da mídia foi que partiram com ataques contra mim e me surpreendi com aquilo. Tenho certeza que o Capitão não tem nada com isso. Deve ser açodamento só da turma, mas com ele nunca tive [ desentendimentos ]. Essa questão comigo e o Fábio está sendo criada por conta da votação em Teresina. Ele foi o mais votado, eu fui o segundo. Nós disputamos esse voto livre e não deixa de existir entre os nossos eleitores, entre os nossos líderes algum acirramento. Mas entre nós, para mim não existe. Ascendemos à Câmara com a sua licença, queremos ajudá-lo. Devo chegar ao Congresso essa semana e entrar R$ 10 milhões que ele emendou no Orçamento para a segurança pública.

Política Dinâmica - De que forma você pretende contribuir com o trabalho dele?

Silas Freire - Estamos formando uma equipe. Assim que eu formar essa equipe em Brasília, em Teresina e em outras bases minha como Floriano, que é meu segundo maior colégio eleitoral eu posso procurar o deputado Fábio Abreu e perguntar: Deputado, lá eu tenho assessor jurídico, assessor parlamentar, assessor contábil, consultor parlamentar, que formula projetos, o senhor precisa de algumas dessas peças para ajudar na formatação do dos projetos que você está propondo, já que estou em seu lugar? Acho isso plenamente normal. A nossa equipe está fazendo um trabalho para ajudá-lo nas suas proposições para que a gente dê entrada. Isso é normal.

Política Dinâmica - Em seu primeiro discurso na Câmara dos Deputados  as pessoas esperavam que você falasse sobre a segurança pública e você falou de concurso, de Eletrobrás. Por quê?

Silas Freire - Vivemos o problema do concurso público do Brasil inteiro. É muito mais fácil passa num concurso do que ser nomeado. O martírio do concurso começa após ele ser aprovado. Hoje, o concurseiro não comemora mais a aprovação. Só comemora a nomeação. Antigamente a aprovação era uma festa, hoje uma luta. A própria Eletrobrás anuncia um concurso sem nomear sequer um dos aprovados no seu outro concurso. Acho isso uma injustiça, as pessoas estudaram. Muitas dessas pessoas se desfizeram dos seus próprios bens para pagar cursinhos, estão esperando ser nomeadas e se deparam com a informação de um novo concurso. Quando eu falei em concurso eu também estou lutando pela segurança. Na segurança pública temos concursos na Polícia Militar, no Corpo de Bombeiros onde as pessoas estão esperando ser chamadas, na área do Policial Civil, dos delegados. Há um corpo de pessoas aprovadas que nós estamos necessitando e não foram e que não foram contempladas.

Política Dinâmica - Pretende de alguma forma impedir que isso aconteça?

Silas Freire - A nossa primeira intenção foi chamar a atenção do Congresso para a questão do concurso. Queremos apresentar o projeto que torne o concurso impositivo. Como as emendas parlamentares são impositivas, agora temos que dá oportunidade à aqueles que estudam. Se publicou em edital as vagas contidas no concurso temos que delimitar tempo para o gestor chamar os aprovados sob pena de responsabilidade penal e muita diária para que e pessoa que passou não fique em porta de palácio se manifestando.

Política Dinâmica - Além dessa bandeira dos concursos tem alguém outro projeto ou tema que vai colocar em discussão na Câmara?

Silas Freire - Eu devo usar nesta semana o pequeno expediente porque o grande é por sorteio e não vou esperar o grande expediente. Eu prometi para os meus quase 76 mil eleitores que vou aproveitar cada momento naquele Congresso para estar apresentando as minhas outras propostas que é da emancipação penal, que é uma discussão que não é fácil. No Senado já há de forma bem avançada a [discussão da] da redução da maioridade penal para 16 anos.

Política Dinâmica - Você acredita que a redução da maioridade penal resolverá esse problema?

Silas Freire - Isso pode dá uma melhorada, mas não resolve. Porque estamos vendo que o crime chegou aos de 15, aos de 14 , aos de 13 e aí [penalizar] só o de 16 não resolver. A nossa proposta é que, cometeu um crime hediondo como latrocínio, homicídio, sequestro trafico de drogas que são crimes de adultos eles devem pagar como adulto. Só que na nossa proposta e fica condenado até completar os 18 ele continua pagando dentro da condicional para tentar recuperá-lo. Não também não somos idiotas de achar que um garoto numa casa de custódia ganhe recuperação. Mas Ele precisa sentir o peso de uma condenação penal sabendo que vai passar no mínimo três anos e seis meses preso seja lá de quem seja a vida que ele tirar.

Política Dinâmica - Você acredita que criminosos usa os menores para como escudos e assim esconder seus crimes?

Silas Freire - Me mostre qual foi a ultima vez que você viu um traficante preso? Um traficante grande, não é esse traficante de periferia não. Não existe mais esse cara. Sabe por quê? Porque ele usa nossos menores. Nossos menores passam a ser soldados do crime. Passam a matar, a roubar, a traficar, a praticar aqueles crimes mais terríveis a serviço daqueles que estão escondidos atrás deles.

Política Dinâmica - Como combater isso?

Silas Freire - Como pegá-los se na frente deles estão os adolescentes cometendo crimes de adultos? Temos que colocar regras é para os nossos adolescentes para eles se ‘mancarem’ e sair do meio para a gente combater o crime de frente. Essa é a nossa ideia e nós vamos debatê-la na Câmara dos Deputados.

Política Dinâmica - Você está lá há pouco tempo, mas já tem experiência parlamentar. Nesse pouco tempo você está em Brasília sentiu clima favorável a essas suas ideias?

Silas Freire - Se a gente discutir ganharemos adeptos. Já temos uma boa parcela que defende a redução da maioridade penal. Se chamarmos para essa discussão vamos chamar atenção. Não podemos ter medo que o Congresso tenha medo de votar. Vamos continuar debatendo isso. O Congresso vive um momento difícil e está voltado para a crise. Sabemos que não é o momento oportuno, mas não podemos parar o país.

Política Dinâmica - Qual sua opinião a respeito dessas manifestações que ocorrem no País? Você  acha que elas são elitistas e golpistas?

Silas Freire - Eu não vejo assim. Há uma grande revolta que não é de toda a população, mas parte dela está revoltada com o momento em que o país vive, com a corrupção que estoura a cada momento. Eu vejo que as pessoas que estão em melhores condições [financeiras] vão para as ruas se manifestar e isso começou a chegar às classes mais baixas. As ruas estão para o povo. O povo precisa ir para as ruas mesmo, seja ele banco, seja ele rico, seja ele pobre. Eu sou permanentemente contra golpe e impeachment. Tivemos uma grande chance de fazer as mudanças ou de permanecer com o governo que estava agora em outubro e o povo escolheu e temos que respeitar. Agora ir às ruas, temos o direito de ir todos nós. Não porque eu seja empresário que eu não possa ir à rua reclamar. Não é porque eu seja médico que não possa dizer que estou insatisfeito. Quer dizer que só pode dizer que está insatisfeito o cara que está desempregado? Não. Todos tem direito ir às ruas.

Política Dinâmica - Acha que isso é um recado para os políticos e que a classe política como um todo precisa se reavaliar?

Silas Freire - Esse recado das ruas seja ele dado da forma como vier é um recado para a reflexão. A classe política precisa fazer uma reflexão porque o povo está começando a voltar para as ruas. Eu lembro que o [ex-deputado] Carlos Augusto [ de Araújo Lima] chamava o povo de ‘monstro’. O monstro tá vindo para as ruas. Ah, mas é o monstro de pele fina, de cabelo liso! Começa assim para uma reflexão. Depois vem todos. Vem o cabelo mais crespo, vem a pele mais escura. Então eu acho que é um recado. É uma reflexão para que nós, políticos, possamos colocar a viola dentro do saco e entender que algo precisa ser mudado, que algo precisa ser feito diferente. Eu entendo assim.

Política Dinâmica - O que as pessoas que votaram em você e as que não votaram, principalmente, podem esperar do deputado Silas Freire?

Silas Freire - Um compromisso com a população. Quando eu cheguei no Congresso vi algumas manifestações nas redes sociais porque cheguei na condição de suplente, na vaga de um licenciado e as pessoas diziam: ‘Ah, ele vai para lá fazer o que o Governo quer’. Eu já disse que quando quiserem me tirar de lá pode tirar. Acho que minha votação me credenciou para ir para lá, portanto não estou de favor. No que precisar fazer um pronunciamento contrariando o grupo político que faço parte farei. No dia que precisar fazer um pronunciamento contrariando até o meu partido farei. Na minha primeira votação votamos a criação de uma secretaria de comunicação na Casa para ser ocupada por um deputado. Eu não tive oportunidade de declarar meu voto porque era voto de líderes. O líder declara o voto do partido e todos os outros deputados seguem. Mas fiz em rede social. Na minha primeira experiência tive que contrariar meu partido porque votei contra. Fui contra porque a medida que um deputado de um partido assumir a TV Câmara, assumir a Rádio Câmara ele vai dá uma tendência partidária para ela e eu como jornalista não posso aceitar isso. Quanto tempo ficarei lá? Minha votação me credenciou para estar lá. Quanto tempo eu não sei, mas enquanto estiver estarei cumprindo esse compromisso porque acho que ganhei uma nova oportunidade do povo. Posso até sair de lá, mas saio de cabeça erguida sem decepcionar o povo que me credenciou quase 76 mil votos.

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