O ELEITOR BRASILEIRO ESTARIA CAMINHANDO PARA UMA TENDÊNCIA MODERADA?

Em entrevista, o deputado fez avaliação do momento político no Brasil (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Por Ananda Oliveira

O deputado federal Heráclito Fortes (PSB) observa uma tendência nascente na política nacional. Melhor dizendo, na forma como o cidadão se relaciona com a política partidária, eleitoral. À revista Isto É, ele afirmou que nas eleições de 2018 o eleitor tende a ser mais conservador e, sem citar nomes, criticou os governos petistas. “Parcelas da esquerda acharam que poderiam colocar a ideologia para assaltar os cofres públicos”, alfinetou.

Para o pessebista, o eleitor se posicionará fugindo de modelos de governo que se assemelhem ao presidente dos Estados Unidos Donald Trump e buscará algo mais moderado, como o presidente da França Emmanuel Macron.

QUESTIONAMENTOS
Alguns questionamentos vêm à cabeça a partir dessa avaliação: será que o eleitor médio tem em mente essa complexa e ampla avaliação da política nacional e internacional?

A insatisfação com a política se converterá em uma nova forma de comportamento, a ponto de mudar a forma de pensar o Brasil e elaborar uma nova tendência eleitoral? Trocando em miúdos: a política tem esperança de respirar novos ares?

Não gostar de políticos é praticamente o “modo padrão” do brasileiro – não falo aqui da política, veja bem. Ainda assim, campanha após campanha vemos candidatos fichas-sujas liderando pesquisas e muitas pessoas abraçando projetos políticos duvidosos, para dizer o mínimo. Em uma entrevista recente ao Política Dinâmica, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral Joaquim Santana afirmou que o “político corrupto reflete o eleitor que somos”. Infelizmente, não se pode dizer que tal raciocínio seja errado.

Outra dúvida crucial se dá com a constatação de que o político tem uma forma de atuação muito característica. Supondo que a maioria dos brasileiros assumirá de fato esse posicionamento, estariam os candidatos dispostos a adequar suas estratégias a esses moldes?

O QUE TEMOS HOJE
Não é preciso ir muito longe: com uma rápida observação da política local ou até mesmo nacional é fácil constatar que o político brasileiro é apegado a extremos. Direita e esquerda – com a ressalva de que essas definições estão há muito distantes do sentido usado no início ou do entendimento convencional – defendem com veemência suas posições. Embates em campanhas presidenciais ou no parlamento são sempre memoráveis.

Ao mesmo tempo, paradoxalmente, tais ideologias parecem fluidas, flexíveis: uma pessoa de esquerda pode – e já vimos isso acontecer – adotar uma postura mais liberal.

Na atual conjuntura, o centro – lugar de moderados como Macron – é por vezes mal visto. Pegam a pecha de estar em cima do muro, e são chamados de “isentões” pelos "comentadores políticos" de redes sociais. Essa é uma corrente que não tem muita aderência no cenário político em terras tupiniquins, embora seja um artifício usado por aqueles que não querem “se queimar” diante da opinião pública.

PERSPECTIVAS
Independente da busca por um candidato mais moderado ou não, uma tendência é certa: o eleitor brasileiro está cada vez mais presente nas redes sociais e atento aos passos dos políticos. Embora nem sempre estar informado dos aspectos negativos leve a uma mudança na hora do voto, esse acompanhamento é um começo positivo.

A virada tecnológica na comunicação experimentada em todo o mundo – decisiva nas eleições de 2008 e de 2016 nos EUA, por exemplo – joga holofotes sobre os fatos políticos quase que instantaneamente. As disputas virtuais, o Fla x Flu político mostra que, pelo menos em termos de posicionamento, o eleitor médio também não tem nada de moderado. Se ele buscará ou não um candidato desse tipo ainda é uma grande incógnita.

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