Silêncio que incomoda

Um grupo de nove deputados cobrou nesta quinta-feira, em manifestação no Salão Verde, esclarecimentos a respeito de denúncias que envolvem o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Um requerimento sobre o tema foi formalmente protocolado na Secretaria-Geral da Mesa Diretora.

O texto lembra que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Cunha ao Supremo Tribunal Federal (STF) por supostos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O nome do presidente foi citado por presos que fizeram delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga irregularidades na Petrobras. Além disso, o Ministério Público da Suíça enviou informações a autoridades brasileiras sobre supostas contas bancárias em nome de Cunha e de seus familiares naquele país.

O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), disse estranhar o silêncio de Cunha e dos líderes partidários diante das denúncias, sobretudo neste momento em que o presidente da Câmara começa a decidir sobre pedidos de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff.

O requerimento foi assinado pelos cinco deputados da bancada do Psol, além de parlamentares independentes do PSB, Rede, PT e PMDB. Eles fizeram manifestação no Salão Verde e prometeram novas ações com base no Regimento Interno da Câmara, na Lei de Acesso à Informação e nos instrumentos do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) argumenta que a recente manifestação do Ministério Público da Suíça rebate os argumentos de Cunha sobre uma suposta perseguição que estaria sofrendo do governo brasileiro.

"Não há condições de o deputado Eduardo Cunha continuar ocupando a presidência da Câmara, porque ele usa a Câmara para fins pessoais de sua defesa e mancha a imagem da Casa".

Advogado
Em entrevista no Salão Verde da Câmara, na noite de quarta-feira, Eduardo Cunha explicou o fato de não comentar as denúncias que envolvem seu nome.

"Eu não falo sobre esse tipo de situação. Já está muito claro para mim que, a cada dia, sempre surge alguma coisa nova. A minha escolha já está feita há muito tempo; então, agora me cabe atuar para promover a verdade dos fatos, no Supremo Tribunal Federal. E o meu porta-voz será sempre o meu advogado”, disse Cunha.

Cunha já afirmou ser inocente e ressaltou não ter cometido nenhuma irregularidade. O presidente argumenta que o delator Júlio Camargo, que não havia citado o seu nome em depoimentos anteriores, foi pressionado pelo procurador-geral da República a mudar de versão para prejudicá-lo. Cunha diz que foi escolhido para ser investigado como parte de uma tentativa do governo de calar e retaliar a sua atuação política.

A defesa do presidente da Câmara é conduzida pelo advogado Antônio Fernando de Souza, ex-procurador geral da República.

Parlamentares
Participaram da manifestação no Salão Verde os deputados Chico Alencar, Edmilson Rodrigues (PA), Glauber Braga (RJ), Ivan Valente (SP) e Jean Willys (RJ), do Psol; Adelmo Carneiro Leão (MG) e Luiz Couto (PB), do PT; Alessandro Molon e Júlio Delgado (PSB-MG). Também assinam o requerimento os deputados Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Henrique Fontana (PT-RS) e Luiza Erundina (PSB-SP).

Fonte: Câmara Notícias

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