Líder do PT diz que governo 'chegou ao limite' nas concessões do ajuste

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou nesta segunda-feira (25) que o governo federal "já chegou no seu limite" e não pode mais arcar com eventuais alterações que venham a ser feitas nas medidas provisórias do ajuste fiscal. As MPs 664 e 665, que criam novos critérios de acesso ao seguro-desemprego e à pensão por morte, perdem o efeito em 1º de junho caso não tenham a tramitação concluída no Senado nesta semana.

Questionado sobre se as duas medidas poderiam ser modificadas no Senado, Costa respondeu: "O governo já chegou no seu limite. Tudo aquilo que pudesse ser colocado como prejuízo para os trabalhadores já foi ou retirado pelos próprios relatores das MPs ou retirado pela Câmara nas votações que antecederam a chegada das medidas no Senado."

"Todos nós sabemos que o governo não está fazendo isso nem por maldade nem por prazer. Está fazendo porque é uma necessidade. Está fazendo porque sem isso nós não vamos ter as condições para retomar o crescimento muito em breve", explicou o senador.

Consideradas pelo Palácio do Planalto como necessárias para o reajuste das contas públicas, as duas matérias devem dominar a pauta de votações do Senado. Assim como na Câmara, a análise dos textos deve ser cercada de polêmicas.

A aprovação das duas MPs está em risco no Senado, já que diversos senadores, inclusive do PT, já afirmaram que votarão contra o ajuste. Antes da sessão da última quarta-feira (20) no Senado, dois senadores petistas - Paulo Paim (RS) e Lindbergh Farias (RJ) -, anunciaram que votariam contra a medida provisória 665.

Também anunciaram voto contrário à MP, por meio de um manifesto, os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), João Capiberibe (PSB-AP), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Cristovam Buarque (PDT-DF), Lídice da Mata (PSB-BA), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Roberto Rocha (PSB-MA), Hélio José (PSD-DF) e Marcelo Crivella (PRB-RJ). O senador José Antônio Reguffe (PDT-DF) também discursou em plenário contra a medida.

"Nós vamos trabalhar novamente a bancada do PT como um todo. [...] Nós vamos trabalhar esse tipo de questão e vamos tentar convencer a todos. E há resistências em alguns partidos da base, que também nós estamos trabalhando para tentar superar", admitiu Humberto Costa.

Ele, então, foi indagado sobre se o Senado poderia ser responsabilizado pela não aprovação das MPs, caso as matérias não passem na Casa. "Naturalmente", afirmou o petista.

"Naturalmente, aqueles que não derem o apoio a essas medidas necessárias deverão ser cobrados politicamente, deverão ser cobrados até pela sociedade mais a frente", disse Costa.

Durante a entrevista com jornalistas, o líder do PT no Senado reconheceu que as medidas de ajuste fiscal propostas pelo Executivo não tem "qualquer aspecto popular." Mesmo assim, o senador criticou aqueles que se colocam contrários às matérias e disse que quando o país recuperarmos a economia e retomar o crescimento "certamente muitos desses que hoje estão contra vão tentar surfar" no momento.

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