Cunha critica OAB por pesquisa em que maioria é contra doação privada

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou nesta segunda-feira (6) a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) devido a uma pesquisa encomendada pela entidade ao instituto Datafolha na qual a maioria dos entrevistados (74%) se diz contrária ao financiamento privado de campanhas eleitorais.

Favorável ao financiamento privado, Cunha foi acusado por adversários de utilizar uma manobra regimental no mês passado para conseguir aprovar na Câmara as doações por empresas.

Os deputados haviam rejeitado um texto que previa doações de pessoas jurídicas tanto a partidos quanto a candidatos. Mas, um dia depois, texto semelhante, que autorizava doações somente a partidos políticos, acabou aprovado em primeiro turno.

No levantamento, o Datafolha ouviu 2.125 pessoas com mais de 16 anos. As entrevistas foram feitas entre 9 e 13 de junho em 135 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Eduardo Cunha questionou o resultado da pesquisa encomendada pela OAB, que ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o financiamento privado de campanha.

Foto: Alex Ferreira

“Eu não vi essa pesquisa e tem que ver como foi perguntado porque eu já vi pesquisas que dizem o contrário, que a população é contra o financiamento público”, afirmou.

“Pelo que vi até agora, ninguém da população quer gastar o dinheiro que pode ir para a saúde, para a educação, na campanha política. Eu não vi uma pesquisa até hoje que dissesse isso”, acrescentou.

Para o presidente da Câmara, a OAB "não tem credibilidade há muito tempo". Ele criticou a exigência de que bacharéis tenham de passar pelo exame da Ordem para se tornarem advogados e afirmou que a entidade é um "cartel".

O presidente da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coelho, disse em nota que "as ideias devem brigar, não as pessoas". Ele também afirmou que "ofensas e desacatos não vão mudar os números da opinião pública".

"A pesquisa é do Datafolha. Ela revelou os números, com a credibilidade que é detentora. As ideias devem brigar, não as pessoas. As instituições devem se respeitar. O debate de ideias e a divergência de opiniões são próprias de uma democracia. Ofensas e desacatos não vão mudar os números da opinião pública”, afirmou Furtado Coelho.

Na semana passada, o presidente da OAB já havia criticado publicamente a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, aprovada pela Câmara com o apoio de Cunha.

Coêlho informou que a entidade deverá propor uma ação no STF para derrubar a proposta caso seja promulgada na hipótese de também vir a ser aprovada pelo Senado.

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