CPI da Petrobras aprova convocação do ministro da Justiça

A CPI da Petrobras aprovou nesta quinta-feira (9) a convocação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para prestar esclarecimento sobre o grampo encontrado na cela do doleiro Alberto Youssef na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. A PF nega ter feito a escuta ilegal.

O pedido, de autoria de deputados da oposição, foi incluído em um bloco de requerimentos propostos pelo relator da comissão, Luiz Sérgio (PT-RJ). Por se tratar de uma convocação, o ministro será obrigado a comparecer ao colegiado. A data ainda será marcada.

"Queremos que o ministro, como chefe da Polícia Federal, possa explicar as dúvidas que ficamos sobre o episódio", disse Luiz Sérgio. Na semana passada, dois policiais federais confirmaram à CPI que a escuta na cela do doleiro foi colocada sem autorização da Justiça.

No início da noite desta quinta, Cardozo divulgou nota na qual disse não ver problema em ser convocado. "Se eu puder colaborar de alguma forma para a elucidação dos fatos, eu o farei. Comparecer ao parlamento é sempre uma honra para mim", disse o ministro na nota.

Foto: Agência Brasil

Durante a sessão, o relator disse que não se opôs à convocação do ministro porque não tem "dúvida" de que ele esclarecerá os pontos questionados com "muita firmeza e convicção". Ele negou que a participação de Cardozo na CPI se trate de articulação do PT para desgastar o ministro, que já foi alvo de críticas de setores da legenda por não impedir, na avaliação desses setores, o vazamento “seletivo” de depoimentos.

O deputado Imbassahy (PSDB-BA) ponderou, no entanto, a convocação de Cardozo acontece num momento em que vêm a público "insatisfações" até de líderes do PT com relação ao ministro. "Até recentemente, [o ministro] disse que estava em situação de desconforto", afirmou.

Os deputados vão solicitar o conteúdo da sindicância interna aberta pela PF para apurar a instalação do grampo e também chamarão para prestar esclarecimentos todas as pessoas ouvidas na sindicância.

Também serão ouvidos pela comissão o superintendente da PF no Paraná, Rosalvo Franco, além de quatro delegados da Lava Jato: Daniele Rodrigues, Maurício Grillo, Igor Romário de Paula e Marcio Anselmo.

Questionado se havia uma intenção da CPI de investigar a própria Lava Jato, o presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), desconversou e disse que o relator tem a sua própria linha de investigação, que poderá ser essa de “analisar a legalidade de atos no âmbito da operação”.

Além da convocação do ministro, foram aprovadas as convocações do empresário e delator Júlio Camargo que, segundo as investigações, cuidou de contrato apontado como fonte da propina que teria sido paga ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do ex-policial Jayme de Oliveira, que teria entregado dinheiro ao presidente da Câmara.

A CPI aprovou ainda a convocação da advogada Beatriz Catta Preta, que faz a defesa do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, entre outros investigados na Operação Lava Jato.

O autor do requerimento, deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), justifica a ida da advogada à CPI para explicar como seus clientes têm custeado a defesa. Ele argumenta que muitos deles fizeram acordo de delação premiada com a Justiça, comprometendo-se a devolver o dinheiro desviado, mas que declararam à comissão que bancam sua defesa com recursos próprios. Segundo ele, trata-se de uma "incongruência".

Motta negou que a convocação da advogada seja em retaliação ao fato de ela ter conseguido no Supremo suspender as acareações previstas para esta semana das quais Barusco participaria. “Ela é advogada de quase todos os delatores da Lava Jato. Eu tive o cuidado de ler o requerimento para que não saísse essa impressão de retaliação. Ela vem para explicar como está recebendo os seus honorários”, justificou.

Catta Preta juntou laudos médicos e afirmou que a situação do câncer ósseo de Barusco piorou no último mês e pediu para que o depoimento só fosse marcado quando tiver em "plenas condições" para participar da acareação.

Outro investigado na Lava Jato que será chamado a depor é Adarico Negromonte, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA). Adarico é suspeito de transportar dinheiro de propina para agentes políticos e partidos a mando de Youssef.

Entre as convocações aprovadas também estão as dos presidentes das empreiteiras Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, suspeitos de participação no escândalo de corrupção.

A CPI votou novamente a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da ex-mulher e de três filhas do doleiro Youssef. A comissão já havia aprovado a quebra em outra sessão, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu uma decisão liminar (provisória) suspendendo a quebra alegando que os requerimentos não apresentavam indícios de envolvimento delas no esquema de corrupção da estatal.

O grupo também aprovou três novas acareações: uma entre o empresário Caio Gorentzvaig, da Petroquímica Triunfo, e o empresário David Feffer, ex-dono da petroquímica Suzano; outra entre o empresário Auro Gorentzvaig, também da Triunfo, e Daniel Feffer; e uma terceira entre executivo da empresa Toyo Setal Augusto Mendonça Neto, Renato Duque e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari.

Fonte: G1

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