por Francicleiton Cardoso e Viviane Menegazzo

O deputado estadual Robert Rios (PDT), em entrevista ao Política Dinâmica, criticou o Orçamento do governo para 2016, aprovado na Assembleia Legislativa. Para o parlamentar, o Governo tem trabalhado de forma que, mais à frente, fará com que os poderes o procurem para aumentar a parcela orçamentária. De acordo com Robert, isso fere a autonomia. O deputado criticou também a forma como o governo influenciou na organização de suplentes de deputados na Assembleia e garantiu que estará nos palanques antipetitas em 2016. Confira:

Como o senhor viu a votação do Orçamento do Governo do Estado para 2016, aqui na Assembleia. Houveram muitas negociações, até um acordo. O que você acha dele?

O governo é igual biruta de aeroporto. Anda como manda o vento. Eu assisti várias entrevistas do governador, dizendo que era impossível um percentual para o orçamento acima de 3,75%, e depois o próprio governo aceita 9,7%. Quer dizer, ele aceitou 300% acima daquilo que ele já achava impossível. Ou ele mentia antes, ou ele levou o Piauí para uma futura tragédia. A mentira é uma política do governo. E ela faz com que governo seja desacreditado. A forma como o governo usa uma mentira como instrumento de persuasão é muito piaga hoje no Piauí.

O Estado deverá conseguir manter esse orçamento, mesmo com as mudanças aprovadas nos percentuais?

Ano passado o governo fez o mesmo golpe e acabou o ano arrecadando R$ 1 bilhão a mais do que ele colocou como previa no passado, isso numa crise. Então é claro que o orçamento dele foi deprimido. O que eu acho então, e o que é estranho, é que, mesmo colocando 9,7% para os poderes, isso é insuficiente para que eles se auto administrem. É insuficiente para cada poder. E o governo ainda sinaliza o seguinte: aceite esse percentual menor que eu vou complementando dentro do possível. Isso vai colocando todos os poderes dentro da mão do governador Wellington Dias, que é o grande faraó do Piauí e o ano todo de 2016, o presidente do Tribunal de Justiça vai pedir audiência para complementação de verbas para o governador, como nos demais poderes. Os poderes estarão vulneráveis e na mão do poder Executivo. Isso fere de morte autonomia e independência dos poderes.

Haveria possibilidade de falar em um percentual ainda maior do aquele que foi aprovado, de 9,7%?

O percentual nem só poderia ser maior, como acabará sendo executado bem maior. Os poderes vão ficar procurando o governador. E o governador vai tirando a autonomia dos podes.

A assembleia entra em breve em recesso. Como está a relação entre a Assembleia e o governo do Estado?

O governo sequestrou também a autonomia da Assembleia. Ele elegeu dez deputados, depois mandou para cá mais dez suplentes. Isso é indiscutível que fere a democracia. E o que a Assembleia representa hoje não é mais a vontade do povo do Piauí. O povo do Piauí não colocou na Assembleia essa maioria para o governador. Se o governador não tivesse com essa maioria, ele teria o governo mais fiscalizado, mas como ele não quer essa fiscalização, ele criou aqui uma maioria artificial, colocado aqui dez suplentes. O povo do Piauí elegeu trinta deputados, e o Estado tem hoje quarenta deputados. Isso é uma coisa monstruosa para o Estado, que encarece. É um terço da Assembleia que não foi constituído pelo povo do Piauí. O govenador mutilou a autonomia da Assembleia, como agora, ele vem sequestrando a autonomia dos poderes.

Há planos para 2016 ou articulação de nomes que sejam apoiados por você?

Não vou disputar nenhum cargo, mas vou fazer a campanha anti 13. Onde tiver um palanque contra o PT no Piauí, se eu for convidado, eu estarei nesse palanque. Não farei nenhuma campanha para nenhum aliado do PT.

Então o que é são possibilidades de se unir a oposição contra PT nas próximas eleições?

Eu sou a oposição. Quem quiser se juntar na linha de frente, que venha comigo. Eu já estou há muito tempo combatendo esse governo, que perdeu as qualidades morais para representar o povo. Não podemos ser governados por uma quadrilha dentro do Planalto. O que estamos vendo é uma quadrilha. Uma quadrilha formada pelo PT, com parte do PMDB e outros partidos.