UM MUNDO DE POSSIBILIDADES SEM O PT

Wellington Dias manobrou tanto seus aliados que, agora, pode perder a eleição para ele mesmo (foto: Jailson Soares | politicaDinamica.com)

Até a última semana, a maioria dos políticos acreditava que o petista Wellington Dias venceria de qualquer maneira as eleições de 2018. Mas a troca de vice do MDB para o PT, a rejeição popular e política dessa manobra e a entrada do Dr. Pessoa (SD) na disputa mudaram tudo. Se abriu a perspectiva de um segundo turno do Piauí.

E se houver segundo turno, “morreu Maria Preá!” como se diz no interior: Wellington pode caçar outra coisa pra fazer da vida porque vai perder a cadeira de governador. Não é achismo do jornalista, é lógica política. E é desse pragmatismo que estamos falando nesta análise.

Se Wellington Dias perder, o próximo governo não tem PT. Seja Luciano Nunes (PSDB), seja Dr. Pessoa ou qualquer outro o próximo governador, essa “economia” é imediata. Imaginem o espaço político-administrativo que se ganha para enxugar a máquina.

SEM PT, MÁQUINA ENXUTA

Para se ter uma ideia rápida do que estamos falando, basta olhar o Orçamento Geral do Estado. O Partido dos Trabalhadores controla 16 das 27 principais secretarias de primeiro escalão do governo (dentre elas Saúde, Educação, Fazenda, Segurança e Administração). Num orçamento de R$ 9,2 bilhões programado para este ano de 2018, o PT controla 80% dos recursos, ordenando o gasto de R$ 7,4 bilhões. Tudo isso para um partido só.

Quando escolheu rifar Themístocles Filho de sua chapa e quebrar o acordo com o MDB, Wellington passou uma mensagem muito ruim aos aliados: primeiro ele, depois o PT e o que sobrar, fica pros aliados. Rasgou qualquer compromisso com a alternância do poder. Wellington Dias não quer sucessão fora do partido. Se ele não fosse sair da cadeira em 2022, não haveria motivo para ter criado o conflito com o MDB para colocar no lugar a senadora petista Regina Sousa, sua companheira de partido.

Como ninguém governa sozinho, quem quer que ganhe as eleições contra Wellington Dias terá que fazer novas alianças dentro da gestão. Isso, obviamente só não vai acontecer com o partido do governador derrotado. Sem o PT, aliados de hoje de Wellington podem ter espaço maior num governo eleito pela oposição. Ninguém vai governar sem o MDB de Themístocles, Marcelo Castro & cia. Nenhum próximo governo do Piauí vai seguir em frente sem o Progressistas. Mas ninguém precisa do PT. O custo x benefício é desproporcional. Simples assim.

POLÍTICA NO INTERIOR

Hoje, até os aliados de Wellington Dias sabem que sem o PT, as possibilidades de que os outros partidos possam crescer em participação no governo aumentam bastante. A repercussão no interior também é determinante: o PT tem 34 prefeitos eleitos em 2016. Existem outros 90 prefeitos ligados diretamente a deputados estaduais e federais do PT. E em cada município, pelo menos um grupo político é ligado diretamente a Wellington Dias.

Caso o petista vença as eleições, esse pessoal todo se fortalece para as próximas eleições municipais. Mas se Wellington perde, os gabinetes dos petistas eleitos para a Assembleia e Câmara Federal não aguentam manter tanta gente.

Inconfiável: Wellignton Dias traiu Themístocles depois de tudo o que o presidente da Alepi fez por seu governo e colocou uma vice de seu próprio partido, dando o sinal de que não respeita nenhum aliado (foto: Marcos Melo | PoliticaDInamica.com)

Podemos usar Picos como um exemplo prático. Lá, todos os grupos políticos mais destacados, teoricamente, votam em Wellington Dias. Isso desde 2014. Mas em 2016, na hora do “pega pra capar”, a gestão de Wellington Dias injetou 70 kilômetros de asfalto na cidade para eleger o Padre Walmir Lima, do PT, que, agora, até foi cassado e está recorrendo da decisão. Mesmo contrariados com esse “estelionato eleitoral” os demais grupos políticos da cidade, permaneceram ligados a Wellington, pois não viam chance dele perder as eleições de 2018. E agora que essa chance existe, não seria melhor para aqueles que são oposição ao padre Walmir que Wellington perdesse mesmo? Claro que sim.

Para cada grupo político numa cidade que é beneficiado pelo governo de Wellington Dias existe no mínimo outro grupo que se beneficia de sua derrota. E um mundo de possibilidades se abre numa gestão em que o PT fica de fora: os petistas controlam hoje 60% das secretarias do governo e 80% do orçamento.

ESPAÇO DEMAIS PARA UM PARTIDO SÓ

Nunca é demais lembrar: o PT manda em R$ 7,4 bilhões de reais dos R$ 9,2 bilhões do orçamento deste ano. E não estamos contando os empréstimos, transferências, suplementações nem emendas. E quando a gente fala de PT, falamos dos filiados e as cotas pessoais do próprio governador Wellington Dias, que por conveniência eleitoral, podem estar filiados a outros partidos, como é o caso do ex-secretário de Segurança Fábio Abreu, filiado ao PR, e também o coronel Carlos Augusto (ex-comandante geral da PMPI) ainda sem partido.

As maiores secretarias e o maior orçamento estão com o PT; vai ser ainda mais concentrado se o governador for eleito com uma vice de seu próprio partido (foto/arte: Marcos Melo | PoliticaDinamica.com)

Depois de 3 mandatos o atual governador pode ser derrotado porque até mesmo seus “aliados” se beneficiam com a vitória da oposição.  

Wellington seguiu por um caminho em que pode perder para ele mesmo, com uma ajudinha do PT.

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