POLÍCIA PARA SERVIR A POLÍTICO

Política e polícia formam uma controversa dobradinha que sempre é explorada por políticos no caminho até as próximas eleições, geralmente com as necessidades políticas se impondo diante do dever policial. E quando acaba uma eleição, sempre existe a próxima. Se alguém tem dúvidas sobre como isso existe e é nocivo à sociedade, talvez as dúvidas acabem na entrevista concedida pelo empresário Jivago Castro ao jornalista Ieldyson Vasconcelos. “Quando o delegado Paulo Nogueira quis dizer que tinha sido um suicídio, o governador Wilson Martins disse que não aceitava”, revelou sobre os bastidores do Caso Fernanda Lages.

Denúncia grave: empresário Jivago castro revela que ex-governador quis interferir em investigação (foto: IelCast)

Em 25 de agosto de 2011, a morte da jovem Fernanda Lages iniciou uma novela que ainda rende muita conversa mesmo dez anos depois. Um dessas conversas vai ao ar nesta terça-feira (21) às 18 horas, no 6º episódio da primeira temporada do IelCast, o novo canal de Ieldyson Vasconcelos no Youtube. É diferente de tudo o que ele já fez na TV e diferente de tudo o que está sendo feito por outras pessoas no Piauí. 

Jivago não está falando de uma pessoa qualquer. O formato inovador do IelCast dá liberdade para que seus convidados se sintam livres para falar o que quiserem e da maneira que quiserem. E só quem teve a liberdade ameaçada tal qual Jivago poderia dizer o que ele disse desprovido de amarras.

Inovador: nova produção de Ieldyson Vasconcelos redesenha o conceito de podcast no Piauí (foto: reprodução)

EX-GOVERNADOR NÃO COMENTA O CASO

“E ele que sente nessa cadeira e diga que eu tô mentindo. Doutor Paulo Nogueira queria dizer, com a convicção dele, pelas provas periciais, por tudo o que ele levantou, pela ciência... e o governador disse ‘Se botar que foi suicídio, eu derrubo a cúpula da Polícia Civil Inteira’”, reafirmou Jivago.

Da esquerda para a direita: delegado Paulo Nogueira, delegado-geral James Guerra e secretário de Segurança Raimundo Leite; essa era a cúpula da Polícia Civil em 2011 (foto: Efrem Ribeiro)

Esse único trecho do programa que foi distribuído nas redes sociais como chamada da estreia de logo mais já tem repercutido bastante nos bastidores da política.

Em 5 de outubro de 2011, foi amplamente divulgada uma reunião convocada por Wilson Martins para tratar das investigações do Caso Fernanda Lages; todas as esferas de gestão da Segurança Pública estavam na reunião (foto: Efrem Ribeiro)

O Política Dinâmica procurou o ex-governador Wilson Martins (PSB), recém embarcado no governo de Wellington Dias (PT). Ele quis mesmo interferir no Caso Fernanda Lages? Havia motivação política para isso? Como ele poderia rebater as acusações de Jivago?Em 27 de outubro de 2011, o então governador Wilson Martins pediu ao Ministério da Justiça que a morte de Fernanda Lages fosse investigada pela Polícia Federal, que investigou e apontou que a estudante havia se matado (foto: Jailson Soares | Política Dinâmica)

“Não tenho nada a comentar!!”, respondeu Wilson, com essas duas exclamações.

CONTEXTO

Jivago, que teve seu nome associado à morte de Fernanda Lages das piores maneiras possíveis é sobrinho do atual senador Marcelo Castro, do MDB, à época dos fatos, deputado federal. Wilson Martins estava no meio do primeiro ano de governo após a reeleição de 2010. Aquele era exatamente um “governo de coalisão” entre o PSB de Wilson, o PT de Wellington Dias e o MDB de Marcelo.  

Dez anos depois: Ieldyson e Jivago conversando sobre tudo o que o público não sabe sobre o Caso Fernanda Lages no IelCast (foto: reprodução)

Vale a pena entender a história completa assistindo toda a entrevista que, dez anos depois do acontecido, ainda enche o público de novidades.

PARA PENSAR BEM

E caso a revelação não encontre contraditório dos personagens citados, é preciso refletir sobre até onde a polícia é utilizada para a conveniência pessoal e política de quem a comanda. E esse tema é mais do que atual, é urgente. Às vésperas de outra eleição, a Polícia Civil pode ser utilizada como instrumento eleitoral contra adversários da atual gestão? E se usam a Polícia Civil, por qual razão não usariam outras instituições?

Wilson foi governador por mais dois anos e meio, até 2014. Mas antes de deixar a cadeira, colocou a esposa, Lilian Martins, nos quadros do Tribunal de Contas do Estado. Recentemente, sob o comando dela, o TCE-PI aprovou o sigilo de relatórios técnicos que pudessem apontar esquemas em licitações, desvios de recursos e pareceres que indicam corrupção em gestões municipais e do Governo do Estado. Aconteceu após Wilson fechar acordo político com Wellington e blinda os gastos públicos contra o controle social.

O Piauí não é para amadores. 

E a dica do IelCast é profissional!

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