POLÍCIA FEDERAL GRAMPEOU CONVERSA DE LULA E W.DIAS

Quase que ao mesmo tempo em que a presidente Dilma Rousseff defendia em entrevista coletiva a ida do ex-presidente Lula para a Casa Civil, o juiz Sérgio Moro retirou nesta quarta-feira (16) o sigilo de interceptações telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da 24a. Fase da Operação Lava Jato.

As conversas gravadas pela Polícia Federal incluem diálogos do ex-presidente com a presidente Dilma e também com o atual governador do Piauí, Wellington Dias. As conversas foram gravadas hoje (16).

O telefonema em questão partiu do governador W.Dias. Em uma conversa que durou pouco mais de 2 minutos, Wellington incentiva Lula a se tornar ministro do governo Dilma. Lula pondera as dificuldades desse movimento, mas ressalta que se isso realmente acontecesse, não seria por busca de proteção.

Em seguida ambos parecem discordar dos rumos da economia e concordam que o Governo Federal deveria flexibilizar as dívidas dos Estados, aumentar o limite de crédito dos governadores e agilizar financiamentos pelo BNDES. No entendimento dos dois, seriam medidas que não precisariam passar pelo Congresso nacional e teriam um impacto imediato.

Ouça na íntegra abaixo!

- Wellington Dias: O Brasil precisa nesse instante de você aqui. Sei que não é uma operação que não é fácil para você. Há, pelo que eu sei, disposição dela [Dilma] e acho que vale a pena, viu presidente?

- Lula: Mas deixa eu te falar, eu vou ter uma conversa com ela, porque não é fácil. Não é uma tarefa fácil. Veja, eu jamais direi ao governo para me proteger.

- Wellington Dias: Não, eu sei. Mas não é para isso. Isso que você está fazendo é uma coisa excepcional. É uma coisa fantástica que você está fazendo se caminhar nas duas direção [sic] o que você está fazendo, essas duas medidas que a gente tá tratando da economia. To aqui para falar com ela [Dilma] sobre isso. Oito partidos, 21 governadores, que dão sustentação às mudanças que ela precisa fazer para a economia. Não tem jeito. Ela tem que aumentar um pouco o endividamento para poder ter dinheiro para fazer esse país.

- Lula: Eu acho, eu acho, eu acho. A coisa mais simples que ela tem que fazer.

O governador Wellington Dias foi procurado por meio da direção de jornalismo da Coordenadoria de Comunicação do Governo do Piauí, mas até o horário da publicação desta matéria, não havia se pronunciado.

[ATUALIZAÇÃO ÀS 10:08 DE 17/03/2016]

Na manhã desta quinta-feira (17), po meio da Coordenadoria de Comunicação do Estado do Piauí, o governador Wellington Dias comentou o grampo no telefonema entre ele e o agora ministro-chefe da casa Civil, Luis Inácio Lula da Silva. 

W.Dias afirma que ficou surpreso e que vai processar o juiz Sérgio Moro. Ele avalia, ainda, que Sérgio Moro agiu por interesse pessoais e políticos Segue a nota:

"Recebi com surpresa a informação do vazamento de uma conversa minha com o ex-presidente Lula. Estou em Brasília, desde o começo da semana, participando de uma série de reuniões e audiências com o intuito de conseguir recursos para o Piauí e, também, articular com governadores de vários estados e o executivo federal ações para a retomada do crescimento do país.

Como já foi amplamente divulgado nos meios de comunicação, o áudio com minha fala mostra exclusivamente minha preocupação com o povo do Piauí e o desenvolvimento do Brasil, além da necessidade da retomada do crescimento econômico. Tratamos, rapidamente, sobre política econômica, a necessidade da liberação de verbas para o Estado e o equilíbrio político econômico da nação.

É importante salientar que o ex-presidente Lula mostra relutância em aceitar o convite para assumir um ministério, justamente para que não passasse uma imagem de que faria isso para se proteger. Seu grande interesse é a retomada do crescimento econômico e a estabilidade política do país.

Não há nada ilegal na conversa, a grande ilegalidade é justamente o grampeamento da ligação e sua ampla divulgação na imprensa. É temeroso quando os interesses pessoais e políticos de um magistrado se sobrepõem aos interesses democráticos e desvirtuam uma delicada investigação que afeta todo o país.

Já estou avaliando, junto a advogados especialistas, uma representação contra o juiz Sérgio Moro, no CNJ e uma ação na Procuradoria Geral da República, por abuso de poder. A atitude dele feriu o Código de Ética e ultrapassou sua competência como magistrado.

O país necessita de equilíbrio e não pode ficar à mercê de decisões equivocadas tomadas pelo sentimento e envolvimento emocional. Esse é um momento de serenidade, mas está ocorrendo o contrário quando um juiz extrapola as atribuições divulgando áudios de pessoas que não são objetivo de investigações e não estão citadas em nenhum processo.

Wellington Dias

Governador do Estado do Piauí"

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