NENHUM DELES VAI PRA SAÚDE
PRESTES A SER DESPACHADO DA PGM, AURÉLIO LOBÃO PODE TER SOBREVIDA NA PMT A PEDIDO DE ADVOGADOS QUE NÃO O QUEREM NA DISPUTA DO TJPI
15/06/2021 10:26O procurador-geral do Município de Teresina estava com os dias contados na função. A saída do advogado Aurélio Lobão era dada como certa após sucessivos impasses com o vice-prefeito Robert Rios (PSB). Mas um grupo de advogados não quer o nome de Aurélio disponível para a disputa pela vaga do Quinto Constitucional do Tribunal de Justiça do Piauí e isso deve lhe dar vida extra na Prefeitura. Não por muito tempo.
Aurélio Lobão foi indicado pela atual gestão da OAB-PI para o cargo de procurador-geral. A indicação deixou insatisfeito o grupo do advogado Chico Lucas, que atualmente é presidente do Instituto de Terras do Piauí (INTERPI), no Governo do Estado.
A turma de Chico Lucas, que tem hoje vários contratos dentro da gestão de Doutor Pessoa (a exemplo dos advogados Lucimar Santos, Rodrigo Castelo Branco, Talmy Tércio e Diogo Caldas), acompanha Doutor Pessoa desde as eleições de 2016. É fato.
A história vai ficando interessante quando se mistura política eleitoral com a política de classe. Ambos pertencentes aos quadros da Procuradoria do Estado, Celso Barros e Chico Lucas estavam juntos na eleição de 2015, quando, juntos, derrotaram o grupo de William Guimarães e Raimundo Júnior.
Já em 2018. Celso se apartou de Chico quando viu que não seria o candidato dele à sucessão. E virou presidente da OAB-PI com a ajuda de William Guimarães e Raimundo Júnior.
Tempos depois, precisando que as contas de sua gestão fossem aprovadas, Chico Lucas voltou a fumar o cachimbo da paz com Celso, que temia que a influência do antecessor junto ao presidente nacional da Ordem, Felipe Santa Cruz, pudesse prejudicar repasses de verbas para socorrer a OAB-PI.
Com as contas aprovadas, Chico Lucas se juntou com Raimundo Júnior e os dois viraram "oposição" a Celso, não por serem diferentes em relação à (falta de) representação da classe de advogados, mas por terem interesses específicos diferentes sobre a indicação para as próximas vagas de desembargador no Tribunal de Justiça do Piauí e no Tribunal Regional do Trabalho, que deverão ser ocupadas por meio do Quinto Constitucional.
Até meses atrás, quando todo mundo estava junto, falava-se nos bastidores que Chico Lucas e Raimundo Júnior dariam apoio à reeleição de Celso, desde que Celso garantisse o nome do advogado Agrimar Rodrigues na lista sêxtupla a ser enviada ao TJPI para a vaga disponível após a aposentadoria do desembargador Luiz Gonzaga Brandão em outubro deste ano.
Em seguida, ano que vem, com a aposentadoria do desembargador Paes Landim, seria a vez que Celso, reeleito, garantir o nome do advogado Zé Wilson na lista sêxtupla. “Todo mundo” sairia ganhando.
Mas sem que ninguém esperasse, o piauiense Kássio Nunes Marques virou ministro do Supremo Tribunal Federal. Ocupando o topo da cadeia alimentar do Judiciário pelos próximos 27 anos, então, o grupo de Raimundo Júnior decidiu modificar o acordo: Zé Wilson, que já foi sócio de Nunes Marques, iria passar à frente de Agrimar, que tem no desembargador Erivan Lopes seu principal apoiador.
A ordem dos fatores nem iria mudar tanto assim o resultado, mas o grupo de Nunes Marques entendeu que era forte o suficiente para passar o rolo compressor por cima de qualquer adversário e vencer a eleição da OAB-PI sem Celso e sem precisar fazer concessões para outras vagas de Quinto Constitucional que podem ser criadas no futuro breve. Foi quando lançaram o nome de Raimundo Júnior para presidente e arrastaram a turma de Chico Lucas, que gosta de sombra grande.
Com Chico e Raimundo na oposição e acordo quebrado, Celso teria se desapegado do compromisso de sustentar a indicação de Zé Wilson, um nome pouco popular entre os advogados, principalmente no meio da jovem advocacia.
E é aqui que Aurélio entra na história.
Zé Wilson e Agrimar Rodrigues possuem essa dificuldade de “conexão” com o eleitorado amplo. Por outro lado, Aurélio Lobão, que é jovem, professor e comanda a Escola Superior de Advocacia da OAB-PI é bastante conhecido.
Após diversas divergências com o vice-prefeito (segundo fonte, Robert não gosta de pareceres jurídicos que discordam de seu entendimento pessoal), Aurélio já estava de saída da PMT. E sem essa função na Prefeitura, poderia ser o candidato de Celso para o Quinto do TJPI.
Alguém acordou para esse fato e é por isso que bateu o desespero no grupo de Raimundo Junior. A votação que elimina nomes após a votação dos advogados é feita por um conselho onde o voto é secreto e pouquíssima gente quer ver tanto poder concentrado em um grupo só de advogados que, aliás, já tem o seu próprio ministro do STF.
Aurélio tem chance de ser o mais votado entre os advogados, e Zé Wilson corre o sério risco de ser cortado no Conselho Seccional. O grupo de Raimundo Júnior quer tudo, mas pode ficar sem nada: nem OAB-PI, nem TJPI.
Neste momento, o prefeito Doutor Pessoa tem sido pressionado a manter a PGM sem alterações, ainda que a contragosto de Robert Rios.
O cavalo selado está passando para Aurélio.
Na PMT, de todo modo, ele só fica seguro até perder o prazo de concorrer ao Quinto.
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