A disputa para Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado está esquentando. Já são 26 nomes inscritos, mas a expectativa é de que apenas dois deles recebam votos: Mauro Tapety, ex-deputado estadual; e Kleber Eulálio, atual prefeito de Picos. Nos últimos dias a disputa por votos ficou tão intensa que outros nomes que orbitavam o campo das possibilidades viáveis já foram descartados. E mais: embora o cargo em questão seja administrativo, a disputa por ele é de natureza, sobretudo, política.

A FOME DE KLEBER EULÁLIO

O atual prefeito de Picos não esconde. Aliás, não há motivo para fazê-lo. Ao longo de vários mandatos de deputado estadual, foi por quatro vezes secretário de Governo (em três gestões diferentes) e, também quatro vezes presidente da Assembléia Legislativa. Tornou-se prefeito de Picos e, agora, está na hora de mais um cargo público. Desta vez o vitalício cargo de conselheiro do TCE-PI.

A MARATONA DE MAURO TAPETY

O ex-deputado estadual Mauro Tapety entrou primeiro na disputa e teve, antes mesmo de inscrever seu nome, provar que se enquadrava no perfil necessário para o cargo. Antes disso, até, travou uma desgastante “batalha” com o próprio TCE e com o Ministério Público, para que os deputados estaduais tivessem reconhecido o direito legal de escolher o próximo conselheiro.

A FAVOR DE KLEBER

Kleber Eulálio tem, a seu favor, a simpatia e o interesse do governador Wellington Dias e do PT em colocar as mãos na Prefeitura de Picos. É uma das principais cidades do Piauí e um reduto estratégico do ponto de vista eleitoral. Seria, pelo contexto de lideranças tradicionais na cidade, praticamente impossível para os petistas chegarem ao poder ali de outra maneira que não seja esta manobra: A renúncia de Kleber, caso seja eleito.

Ainda conta a favor do atual prefeito de Picos o compromisso do presidente da Assembléia Legislativa, Themistocles Filho, do PMDB. O fato se dá em “retribuição” ao voto dado pelo deputado estadual Severo Eulálio, filho de Kleber, na eleição para a presidência da ALEPI.

A FAVOR DE MAURO

A candidatura de Mauro Tapety tem um significado simbólico para os deputados estaduais. Por sua condição de ex-deputado estadual e sua campanha ser independente de estruturas de poder, a maioria dos deputados avalia que sua vitória mostra independência do Poder Legislativo, que não se dobra à vontade do governador, nem se resume aos interesses do presidente da Casa, Themístocles Filho.

Aliás, são contabilizados a favor de Mauro Tapety todos os votos que elegeram Themístocles presidente, salvo o do próprio presidente e o do filho de Kleber, concorrente. 

O GOVERNADOR NA DISPUTA

Para Wellington Dias, do PT, os motivos mais óbvios fazem de Kleber seu candidato. Mas, nesta disputa, o governador não quer “botar a cara”, o momento não é o melhor, do ponto de vista político. W.Dias enxerga que uma atitude mais discreta fará dele vencedor de todo modo. O petista vê, também, uma oportunidade na disputa.

Na possibilidade de Kleber vencer, como a simpatia à sua candidatura é sabida nos bastidores, Wellington posa de “pai da criança”. Caso seja Mauro o vencedor, as consequências da derrota de Kleber recaem completamente sobre o atual presidente Themistocles Filho, o que de todo modo favorece W.Dias, que, por sua vez, não deixará de ter bom diálogo com Mauro, visto que sua influência na concorrência não foi radical.

A ALEPI NA DISPUTA

A maioria dos deputados estaduais votou contra o candidato do governador na disputa pela presidência da Alepi. E não é na votação de conselheiro do TCE que os parlamentares vão querer fazer as vontades de Wellington Dias, por isso, hoje, Mauro ganharia a disputa com folga. Esses cálculos são feitos nos bastidores sem contestação plausível.

Como o voto da família de Kleber era contabilizada pelo Governo na disputa da presidência da Casa e, no dia 1º de fevereiro passado apareceu no grupo que elegeu Themistocles Filho, parlamentares da atual base perceberam que existe um certo grau de incerteza em acordos feitos com o prefeito de Picos. E alguns deputados, que se enfraqueceram na derrota de fevereiro, querem impor o mesmo sabor amargo a quem abandonou o barco naquela oportunidade.

Já Themístocles Filho, fortalecido por aquela vitória, agora começa a ver abalada sua sustentação, indo contra a vontade de quem o elegeu presidente. Os estaduais não fizeram nem foram consultados para acordos feitos por Themístocles para a sua reaproximação do Governo e apoio à candidatura de Kleber. Se em fevereiro esse grupo de deputados se mostrou independente de Wellington, desta vez o recado é para o próprio Themistocles.

O QUE DIZEM OS PRÓPRIOS CANDIDATOS

Sobre os adversários, os discursos dos concorrentes são polidos. Kleber diz que Mauro é um grande companheiro. "Meu amigo, tem todas as credenciais e direito para disputar a vaga. Temos que fazer a coisa de maneira elevada", comenta. Mauro ressalta a liderança de Kleber. "Tenho um respeito muito grande pelo Kleber. Ele é um grande líder do PMDB no estado. Nós tinhamos um entendimento, que não foi cumprindo, mas nós não temos nada pessoal contra ele. É um direito dele e um direito meu concorrer à vaga", comenta. 

Em dois vídeos, exclusivos do Política Dinâmica, Kleber Eulálio e Mauro Tapety falam de como enxergam a disputa, sobre o motivo de concorrerem à vaga, da disputa interna do PMDB e sobre a influência do governador. Confira abaixo: