É MUITO SEM NOÇÃO

Capitão Fábio Abreu em live da empresa do tenente-coronel Ronald Moura: amigos de farda (imagem: Youtube)

O deputado federal Fábio Abreu (PL) participou na última quarta-feira (16) de uma live do Podium Concursos. A empresa pertence ao tenente-coronel Ronald Moura, professor bastante festejado no ramo dos cursinhos preparatórios, mas que o grande público conhece por ser réu na Operação Topique, o maior esquema de desvio de recursos públicos da Educação da história do Piauí.

Fábio Abreu foi convidado a falar sobre o concurso da Polícia Militar aberto para o preenchimento de 690 vagas. O concurso foi anunciado pelo governador Wellington Dias (PT) um dia antes, ao lado do deputado federal. A live é do cursinho de um tenente-coronel da PM, que tem fortes ligações dentro do Governo do Estado, que é amigo do deputado federal e ex-secretário de Segurança.

É como um recado subliminar para os concurseiros, apontando que ali é mais fácil de saber o que cai na prova, receber os "bizus" que vão fazer a diferença. 

Aqui, nenhuma crítica aos professores, funcionários ou alunos do cursinho. O ponto de vista é outro. 

Abreu passou uma hora falando sobre sua gestão na Secretaria de Estado da Segurança Pública, numa verdadeira propaganda descolada da realidade e sem sentido algum. Enquanto isso, Ronald Moura é acusado de fazer parte de uma organização criminosa que desviou pelo menos R$ 200 milhões de reais dos cofres públicos. Réu por lavagem de dinheiro e corrupção passiva!

Para quem tem noção das coisas, as imagens são fortes, veja:

O que é que Fábio Abreu queria falando de mira holográfica e destinação de emendas parlamentares nessa live?

Que motivo leva um deputado federal e ex-secretário de Segurança a emprestar imagem, capital político e presença de autoridade a um empreendimento que pode, inclusive, ter sido financiado em parte pelo dinheiro desviado do transporte escolar das crianças do Piauí? É, no mínimo, estranho. 

A bússola moral do deputado federal não está calibrada. Antes da Polícia Federal deflagrar a Operação Topique, o deputado nunca suspeitou que dentro do governo do qual ele faz parte existia corrupção. Ou fazia vista grossa. Depois de tudo o que já ficou provado, a cegueira só pode ser proposital. 

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