DENUNCIAR PRA QUEM?

DENUNCIAR PRA QUEM?

Se imagine, agora, deparado com um pedido de propina. Algum funcionário público, um comissionado, um estagiário até, qualquer um que lhe peça um favor em troca do serviço público. O pedido pode ser explícito ou aquele disfarçado em entrelinhas de lamentos e conversa fiada. O que fazer? Contar a quem?

Palácio de Karnak - Sede do Governo do Estado do Piauí (foto: Jailson Soares | PlíticaDinamica.com)

Apesar de existirem técnicos de absoluta dedicação e competência, a maior parte dos órgãos de controle possuem duas falhas absurdas de gestão: dependência financeira dos poderes que fiscalizam e gestão política na escolha do seu comando. Instâncias políticas interferem direta ou indiretamente na falta de combate à corrupção.

Se imaginar nessa situação de estar diante da exigência de um toma-lá, da-cá, de um “faz-me rir”, de uma “contribuiçãozinha” é necessário para se entender de quem é e qual o tamanho da responsabilidade de apurar indícios e denúncias de corrupção.

Todo mundo se conhece no Piauí. Que tal denunciar um superintendente e descobrir que ele é seu futuro genro? Ou que a secretária que engavetou o seu processo de qualquer coisa até que você pague os tais tantos por cento é sua vizinha de condomínio? E se essa pessoa tiver a capacidade de acabar com sua empresa, perseguir a sua família? Quem garante o anonimato?

No último sábado, confrontado por Fábio Sérvio com a informação de que havia sido avisado por amigos e empresários de que havia corrupção em seu governo, Wellington Dias se escondeu atrás de uma simples pergunta: cadê a prova? E apesar de assegurar que “encaminhou” as denúncias, não explicou como se faz isso.

Um empresário que denuncia um governo sabe quando contrata outra vez com o poder público? Geralmente, nunca mais. Um comissionado que entrega o esquema pro seu superior, sabe quando é promovido? Imediatamente, ao status de desempregado, marcado com a tatuagem do X9.

A corrupção não é só propina, é coação. Ela é como um elefante escondido debaixo de um lençol à luz do dia. Os contornos, a forma e o volume apontam, ali está o elefante. Mas com o pano em cima do bicho, não se sabe a cor do animal, nem o nome, nem de onde veio.

Verdade seja dita: mais fácil que denunciar, é fazer por onde mudar o jogo, mudando o comando. E é no voto.

TRÊS PESQUISAS

Esta semana três pesquisas devem ser publicadas dos institutos Amostragem, Opinar e DataAZ. O atual governador pontuou no dia 15 de agosto com 41% na pesquisa Opinar. No dia 20 de agosto, estava com 37% na Amostragem. Já no dia 29 de agosto, o petista pontuou com 36% na feita pelo DataAZ.

E AGORA?

Desde que foram feitas as últimas pesquisas de cada série, explodiram banco no interior; veio à tona o caos no hospital de Campo Maior; a Polícia Civil deflagrou a Operação Natureza que prendeu o superintendente da Secretaria de Meio Ambiente; Wellington pegou vaia de estudantes da UESPI em Floriano, Campo Maior, Corrente e São Raimundo Nonato; e Lula deixou de ser candidato a presidente.

Não há motivo para a queda não continuar.

TAMBÉM PEGOU BALÃO

E por falar em pesquisas, se elas não trouxerem, agora, uma boa reação da campanha de Marcelo Castro (MDB) para o senado, o meio de campo vai ficar complicado. A campanha é curta demais para quem está ruim, no caso do governador, sair por aí ajudando quem está pior, que é exatamente o caso de Marcelo.

Parece que história que o petista “vendeu” ao deputado de fazê-lo senador numa garupa foi mais um balão que entra pra lista infinita dos aliados enganados de Wellington.

REGRA

(foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

Numa campanha minimamente equilibrada para o cargo de governador — como é o caso atual — a tendência história é o governador fazer um senador e a oposição fazer outro. Não há sinais de que o senador Ciro Nogueira tenha menos votos para a sua reeleição que Marcelo Castro para a aventura emedebista.

DIFERENÇA

Os dois — Ciro e Marcelo — estão no mesmo palanque com Wellington e a imagem de Lula. O que vai fazer a diferença, então, será o planejamento e a estrutura. Ciro começou a campanha bem antes e tem, além de apoio integral de seu partido, a consideração de quase todos os prefeitos do Piauí. Marcelo começou ontem uma campanha tendo problemas internos no MDB, está refém da agenda do Wellington e para muita gente, acreditem, ele ainda é um ilustre desconhecido.  

TERESINA

O prefeito Firmino Filho (PSDB) trabalha pela campanha de Ciro Nogueira e Robert Rios (DEM). O Dr. Pessoa tem Frank Aguiar (PRB) na sua chapa e a simpatia do ex-vereador Antônio José Lira (PSL) pro Senado. O ex-governador Wilson Martins (PSB) tem militância bem trabalhada e vereadores da capital votando nele. O pessoal do PT vai votar, em boa parte, no ex-deputado Jesus Rodrigues (PSOL).

Que votos Wellington Dias prometeu mesmo para Marcelo Castro em Teresina?

QUASE SUTIL

(foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

Foi não passou despercebida a referência do Dr. Pessoa ao Tenente-coronel Ronald Moura, homem forte da Secretaria de Educação. Sem dizer seu nome, Pessoa falou que “a escola moderna tem que ter transporte de qualidade, e aí tem é confusão da Polícia Militar desse que faz, é o gestor na educação”.

Estava apontando a Operação Topique, que apura desvio de recursos do transporte escolar que, na SEDUC, é responsabilidade direta do militar.

TOPADA DA TOPIQUE

(foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

Se um assunto deixa Wellington Dias (PT) visivelmente nervoso é a história da Operação Topique levantada em debate. O petista é incrivelmente convincente na hora de se defender de ataques diretos, mas tem grande dificuldade de colocar a mão no fogo pelos outros. Até mesmo quando esse alguém são fiéis escudeiros como Helder Jacobina ou sua esposa, a deputada federal Rejane Dias (PT). Afinal, tudo o que o governador diz pode ser usado contra ele num tribunal.

MULTIDÃO

(foto: Ascom)

Luzilândia mostrou que a campanha do Dr. Pessoa (SD) pode ganhar o interior com mais facilidade do que se esperava. Milhares de pessoas foram às ruas da cidade onde o prefeito Ronaldo Gomes (PTC) dá suporte ao “Dotô do Povo”. Coordenador geral da campanha, o deputado Evaldo Gomes (PTC) considera que o sentimento popular é altamente contagioso entre os eleitores.

PRO NORTE

Luciano Nunes (PSDB) tem seguido forte pelo interior e intensificado a agenda no norte do Estado — onde estão 2/3 do eleitorado. Na noite do último sábado (01) seguiu rumo à Parnaíba para continuar consolidando seu nome na terra do prefeito Mão Santa e de sua vice, Cassandra (DEM). O tucano saiu fazendo “Lzinho” com centenas de pessoas que estão engrossando as fileiras de apoiadores da sua campanha.

PRO SUL

Na noite anterior, Luciano Nunes esteve em Floriano, participando do lançamento da campanha do deputado estadual Gustavo Neiva (PSB) na cidade. Estava com Robert Rios (DEM) e Wilson Martins (PSB), seus candidatos ao Senado; e , também, com o deputado federal Heráclito Fortes (DEM). A promessa feita ali foi a de construir um Hospital de Urgência no município e reestruturar o Hospital Tibério Nunes, valorizando os profissionais da unidade.

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