Vaccari ordenou pagamento para gráfica lavar dinheiro

Uma gráfica de São Paulo Paulo foi usada para lavar pelo menos R$ 1 milhão da Petrobras. O pagamento foi feito a pedido do tesoureiro do PT , João Vaccari Neto, preso na manhã desta quarta-feira (15/4) na 12ª fase da Operação Lava-Jato. Segundo afirmou o procurador Carlos Fernando Lima, o valor foi usado para campanhas eleitorais. O valor pago gira na casa de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão de acordo com ele.

Segundo Lima, os recursos saíram da Petrobras. Quem pagou foi o executivo da Setal Augusto Mendonça. Ele disse que Vaccari pediu para o dinheiro ser pago para a empresa Editora e Gráfica Atitude. Entretanto, não houve prestação de serviços e o Ministério Público suspeita de ter sido uma operação de lavagem de dinheiro. Segundo ele, as notas fiscais são genéricas e mencionam apenas “serviços gráficos”. A gráfica Atitude sofreu uma multa em uma campanha presidencial, de acordo com Lima. Ele não soube, no momento da entrevista, precisar se a infração aconteceu na campanha de 2010, período várias vezes mencionado por outros delatores da Operação Lava-Jato.

Vaccari já havia sido acusado por vários delatores de ser operador do PT para desviar dinheiro na Diretoria de Engenharia da Petrobras. Também é réu uma ação criminal do caso. Já foi denunciado em 2010 por desvios na cooperativa habitacional dos bancários (Bancoop). Segundo o delegado da PF Igor Romário de Paula, o motivo da prisão de Vaccari hoje é a continuidade criminosa do tesoureiro, identificada de 2004 a até pelo menos 2014. “A característica da situação dele é bem clara e até em tom de desafio à Justiça”, afirmou o policial. Para os investigadores, o tesoureiro mantém o hábito de fazer operações financeiras suspeitas usando contas correntes de parentes.

Carlos Fernando Lima diz que Vaccari está envolvido em indícios de crime de corrupção, contra o sistema financeiro e desvios de recursos, incluindo o episódio do Bancoop, em que também pesa a suspeita de que parte do dinheiro da cooperativa alimentou o caixa do PT. “Esses fatos vêm sendo repetidos. Essa reiteração é que nos levou a pedir a prisão preventiva.”

Depósitos sem identificação
O Ministério Público e a PF observaram uma série de depósitos não identificados em contas de parentes do tesoureiro, como sua filha e sua esposa, Giselda Rousie de Lima. A mulher do tesoureiro recebeu R$ 300 mil em três anos de origem não esclarecida. Giselda foi ouvida pelos policiais, que cumpriram um mandado de condução coercitiva contra ela. Lima destacou a “relação antiga” de Vaccari com a OAS – empreiteira acusada de corrupção na Lava-Jato.

Outra frente de apuração da PF é a compra de um apartamento pela cunhada do tesoureiro petista, Marice Correa de Lima. Ela está foragida. A PF tem uma ordem de prisão temporária contra a cunhada do petista. Na casa de Marice, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão.

Quatro ordens
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira a 12ª fase da Operação Lava-Jato para cumprir quatro ordens judiciais em São Paulo: prisão preventiva de Vaccari, condução coercitiva de Giselda, prisão temporária de Marice e busca e apreensão na casa dela. Vaccari é acusado de receber para o PT um porcentual da diretoria de Serviços da Petrobras na época em que era comandada por Renato Duque, que se encontra preso em Curitiba, no Paraná.

Depoimentos
De acordo com o delegado Igor, Vaccari deve chegar à Superintendência de Curitiba só amanhã. Também na quinta-feira (16/4) devem ser tomados os depoimentos do três ex-deputados presos pela PF na sexta-feira passada, na fase “A origem”: André Vargas (ex-PT-PR), Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE).

O superintendente da PF no Paraná, Rosalvo Franco, disse que a lotação da carceragem em Curitiba preocupa. Entretanto, ele afirmou que logo alguns detentos deverão ser removidos para o sistema prisional do estado.

Fonte: Correio Braziliense

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