Chefes do crime organizado tinham contas secretas na Suíça

Pelas contas secretas do HSBC na Suíça, passou dinheiro do crime organizado. Aílton Jorge Guimarães, conhecido como Capitão Guimarães e apontado com chefão do jogo do bicho e da máfia dos caça-níqueis no país, está na lista dos correntistas do banco. Radicado no Brasil na década passada, o colombiano Gustavo Durán Bautista, braço-direito do traficante Juan Carlos Abadia, chefe do Cartel del Norte del Valle, na Colômbia, também aparece com um dos donos de conta numerada, que garante anonimato a seus donos.

Os dois fazem parte da lista de 8.667 brasileiros que tinham ao menos US$ 7 bilhões depositados na instituição financeira entre 2006 e 2007. A relação foi vazada por um ex-funcionário da filial do banco em Genebra e, desde ontem, é tema de uma série de reportagens do GLOBO em parceria com o portal UOL.

CRIME ORGANIZADO E SECRETO

A presença de recursos do crime organizado repete uma tendência verificada nas investigações dos correntistas internacionais do HSBC, conhecida como SwissLeaks. Conduzida por um consórcio internacional de jornalistas, a apuração já identificou entre os donos de contas numeradas traficantes de diamantes e armas e operadores ligados a ditadores. Entres os citados, está Frantz Merceron, acusado de ser responsável por conduzir dinheiro do ex-presidente do Haiti Jean Claude “Baby Doc” Duvlaier, acusado de roubar US$ 900 milhões antes de fugir de seu país.

Condenado a 47 anos de prisão por corromper magistrados para liberar componentes de máquina de caça-níquel apreendidos, Guimarães continua solto. Bautista está preso no Uruguai desde 2007. Naquele ano, ele foi detido em flagrante quando desembarcava de um helicóptero com mais de meia tonelada de cocaína. Nessa época, ele tinha US$ 3 milhões depositados na Suíça. Ambos, por meio de seus advogados, dizem desconhecer as contas no HSBC.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, espera receber da França a lista de correntistas em “alguns dias”. Ela será a base de uma investigação da Polícia Federal e da Receita Federal. A Câmara abrirá uma CPI sobre o caso.

Fonte: O Globo

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