Aliados viram as costas para ex-colegas presos na operação Lava-Jato

Deputados do Partido dos Trabalhadores lavaram as mãos em relação à prisão do ex-vice-presidente da Câmara André Vargas (sem partido-PR). Para o líder da bancada petista, Sibá Machado (AC), o partido não tem o que comentar no episódio da prisão de Vargas, uma vez que ele não é mais filiado à legenda. O mesmo posicionamento foi repetido por outros parlamentares petistas. Deputados como o relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (RJ); o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE); e o ex-deputado Cândido Vaccarezza (SP), considerados integrantes do círculo mais próximo de Vargas, permaneceram em silêncio. Ao lado de Vargas, foram presos os ex-deputados Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE). Novamente, nenhuma das duas legendas saiu em defesa dos antigos colegas.

Ao longo de 2014, enquanto Vargas passava por um processo de “fritura” na Câmara, várias lideranças petistas chegaram a dizer publicamente que ele deveria renunciar à vice-presidência. Para tentar salvar o próprio mandato, Vargas acabou se desfiliando do PT, enquanto o partido dava início ao processo de expulsão, por meio da comissão de ética da legenda. Para Sibá, o PT já encerrou o assunto. “Esse desgaste já ocorreu. Não há mais o que falar sobre isso”, disse. A tese foi repetida pelo deputado Afonso Florence (PT-BA). “Ele já era”, emendou.

Ética
Parlamentares que participaram dos processos de cassação de Argôlo e de Vargas, por outro lado, viram nas prisões uma confirmação do acerto das decisões tomadas à época — o Conselho de Ética e Decoro da Câmara pediu a cassação de ambos. No caso de Argôlo, não foi possível levar o processo ao plenário, uma vez que a legislatura terminou antes.

“Durante as investigações no Conselho de Ética, já tinha ficado claro que ele (Vargas) tinha feito mediações na Caixa Econômica e no Ministério da Saúde. E ele, inclusive, disse que era inocente por não ter nada a ver com o esquema da Petrobras. Realmente, o (doleiro Alberto) Youssef operava para ele em outros locais, não na Petrobras”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que foi o relator da cassação do mandato de Vargas no Conselho de Ética. Delgado disse ainda que Vargas não deve demorar muito para começar a falar. “Ele tem personalidade frágil. Se ficar 10 dias preso, vai querer falar. Naquela época (da cassação), ele quis falar, mas se segurou. Agora, preso, é tudo diferente.”

Fonte: Correio Brasiliense

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