CELSO E AS MULHERES

A turma de Celso Barros está à procura desesperada de advogadas. 

Querem profissionais que possam emprestar suas imagens para a campanha de reeleição do atual presidente da OAB-PI por algumm tipo de migalha midiática. Algumas já apareceram para fechar acordo, mas ainda é preciso volume: em 2020, foi aprovada a paridade de gênero nas eleições da Ordem e metade da chapa e dos cargos devem ser preenchidos por mulheres. Celso está longe de conseguir isso e a história recente dele não ajuda.

O candidato é um, o Celso de verdade, parece que é outro (foto: Jailson Soares | PD)

NUNCA DEU ESPAÇO À VICE

Caminhando para os últimos meses de seu mandato, o atual presidente da OAB-PI, Celso Barros Coelho Neto nunca deixou que a atual vice-presidente, advogada Alynne Patrício, assumisse por ao menos um dia a gestão da Ordem. Um gesto que poderia ter sido simbólico para a classe como um todo deixou de ser feito pela vaidade e apego pessoal ao cargo. No início deste ano ele chegou a cogitar um afastamento no mês de março para que Alynne assumisse o comando da Ordem na semana em que se comemorava o Dia da Mulher. Para ele o gesto perdeu sentido quando ele desconfiou que sua vice poderia não votar nele desta vez. 

Nos bastidores, fontes no entorno de Celso justificaram que Alynne não assumiu o comando da Ordem por que ser vice-presidente já era um fato que beneficiava demais o cursinho preparatório dela por "associação de imagem" (foto: Instagram)

Aliás, esses quase três anos, diversas integrantes de comissões se viram obrigadas a deixar os cargos e outras a sair do Conselho Seccional. Homens ocuparam seus lugares.

ABAFANDO CASO DE ASSÉDIO SEXUAL

A gestão de Celso gestão tentou abafar casos gravíssimos de assédio sexual, que aconteceram na sede da OAB em Parnaíba. Sabe-se que, nos bastidores, impedir a repercussão do caso e protelar o julgamento no Tribunal de Ética e Disciplina (TED) pode ter sido uma moeda de troca política em busca de apoio para a reeleição. A situação é tão tosca, que uma das únicas mulheres que Celso tem ao seu lado ajudou a jogar o crime contra uma advogada e uma estagiária para debaixo do tapete. A história toda você pode ler aqui.

Robson e Celso: acusado de ter assediado uma advogada e uma estagiária continua no cargo e sem sofrer qualquer medida disciplinar pela OAB-PI (foto: instagram)

ELAS SÓ SERVIRAM PARA CAMPANHA DE 2018

Nos bastidores, também, Celso ainda buscou construir caminho para reprovar as contas da Caixa de Assistência dos Advogados (CAAPI), que é presidida por uma mulher, a advogada Andreia Araújo, que ele tem na conta de adversária desde o início de sua gestão.

A CAAPI se destacou mais que a própria OAB-Pi em diversos momentos da gestão, motivo pelo qual, segundo contam os bastidores, a advogada Andreia passou a ser perseguida por Celso dentro da gestão (foto: Instagram)

Em certa ocasião, em 2019, no primeiro ano da gestão, durante uma reunião de conselheiros da OAB, Celso Barros cobrou dos atuais conselheiros federais que se fizessem mais presentes na sede da Ordem no Piauí.

Em 2018 Celso adorou incorporar o discurso de gênero em sua campanha e ter ao seu lado uma mulher grávida; mas todas as mulheres que tiveram protagonismo na campanha de Celso Barros em 2018 foram constrangidas, isoladas e perseguidas por ele logo depois (fotos: reprodução)

Houve troca de farpas entre ele e a advogada Georgia Nunes. Com ironia, ela fez uma referência ao conhecido hábito de Celso fazer outros advogados aguardarem horas por reuniões já marcadas, pontuando que ele o presidente tinha uma “agenda cheia”.

A resposta de Celso foi uma agressão em tom manso, lamentando que Geórgia tivesse passado 6 meses de licença maternidade, o que impediu a advogada de comparecer a reuniões durante esse período. Como se, por isso, ela não pudesse cobrar dele mais tempo para as reuniões.

ADVOGADA CONSTRANGIDA EM EVENTO

Meses atrás, a advogada Raylena Alencar, presidente da Comissão de Direito previdenciário da OAB-PI, foi impedida de entrar no auditório da Ordem. Ela era uma das organizadoras de um congresso previdenciário que aconteceria com apoio da Seccional Piauí, que, à princípio, cederia aquele espaço.

Presidente da Comissão de Direito Previdenciário: a advogada Raylena Alencar ficou esperando na porta de evento com auditório fechado diante de palestrantes e advogados (foto: Instagram)

Na hora em que seria iniciado o congresso em Teresina, a gestão de Celso cobrou R$ 5 mil de aluguel. Alegaram que não havia acordo de apoio nem solicitação do espaço, embora existisse ofício protocolado provando a versão de Raylena. As portas do auditório permaneceram fechadas até que a situação fosse resolvida na Tesouraria, enquanto a advogada era constrangida diante de participantes e palestrantes. A postura da gestão de Celso foi replicada em Parnaíba, no dia seguinte, onde o apoio de cessão virou uma cobrança de aluguel.

Teria acontecido isso caso fosse um advogado o presidente da comissão?

BENEFÍCIO PARA CARREIRA DA FILHA

Num gesto incomum, ano passado Celso indicou duas advogadas para cargos de auditoria no Tribunal de Justiça Desportiva. Essa exceção no comportamento machista do presidente se explica quando a informação vem completa: uma das indicadas era sua filha, a advogada Maria Helena Castelo Branco Barros Coelho.

Advogadas com bom senso sabem que o forte de Celso nunca foi cumprir compromissos com elas e que o Celso das campanhas passa longe do que está sentado hoje na cadeira de presidente. Ele não está abrindo espaço para mulheres em sua gestão, ele está sendo obrigado a preencher a chapa.

Nada mais.

Machistas não saem por aí dizendo "Eu sou machista". Apenas agem assim.

Chega a ser vergonhoso.

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