PAGAMENTO DE EMPRÉSTIMO SUPERA INVESTIMENTOS EM SEGURANÇA PÚBLICA

O governo do Estado tem feito festa para comemorar que o Piauí tem o menor endividamento da história. Para a gestão do governador Wellington Dias (PT), o dado significa a possibilidade de contrair novos empréstimos garantindo dinheiro para investimentos. Mas a “farra” dos empréstimos pode trazer consequências para a economia do estado em médio e logo prazo.

Governo quer mais empréstimos e dívida deve aumentar (Foto:JailsonSoares/PoliticaDinamica.com)

A cada novo empréstimo contraído, é necessário aumentar a fatia do orçamento que será destinada para o pagamento da dívida. De acordo com a proposta orçamentária de 2018, no próximo ano, mais de 600 milhões serão desembolsados para pagar a dívida com operações de crédito.

Esse número representa 8% do orçamento do próximo ano. Se novos empréstimos forem contraídos, essa porcentagem deve aumentar. A conta ficará para as próximas gestões que devem substituir o governo atual. Mais dinheiro para dívida pode significar menos dinheiro para áreas sociais.

 Segundo a proposta orçamentária em estudo na Assembleia Legislativa do Estado, o orçamento para 2018 tem previsão de R$ 12,9 bilhões. Porém, após deduções como o repasse para municípios, a receita líquida final é de R$ 7,85 bilhões. O dinheiro que sairá para pagamento da dívida faz parte da receita líquida final.

O aumento do valor destinado ao pagamento da dívida pode comprometer investimentos em outras áreas consideradas essenciais pela população. Analisando a proposta do próximo ano, é possível perceber que a fatia do bolo orçamentário para pagar a dívida é maior do que está previsto para ser investimentos em áreas como segurança pública.

Gustavo Neiva diz que números preocupam (Foto:JailsonSoares/PoliticaDinamica.com)

Segundo o orçamento de 2018, o governo vai usar R$ 2,7 bilhões para pagamento de pessoal no próximo ano. A saúde tem orçamento previsto em 1.181.607.443. Educação terá receitas de R$ 1.957.519.354. A área de segurança pública terá orçamento de R$ 258.626.004.

O deputado de oposição, Gustavo Neiva (PSB), alerta para os riscos futuros e os encargos que o governo pode deixar para as próximas administrações. “O governo só fala na capacidade de endividamento, mas e a capacidade de pagamento. Como pagar esses empréstimos no futuro. Alguma área vai ser comprometida para sobrar dinheiro para pagar a dívida. Me preocupa que a Assembleia possa aprovar proposta que permite ao estado conseguir dinheiro até em instituição não financeira. É preciso pensar nas consequências futuras. Esse valor supera o que se investe em segurança pública por exemplo”, declarou.

O secretário de Planejamento, Antônio Neto, defende a necessidade dos empréstimos para os investimentos.  “O governo não tem de onde tirar recursos para investir. Os empréstimos são fundamentais para isso. É preciso fazer obras, o estado não pode apenas pagar salários. Ninguém quer um governo que apenas paga folha. No momento que vivemos os empréstimos são importantes”, afirmou.

Antônio Neto defende a importância dos empréstimos (Foto:JailsonSoares/PoliticaDinamica.com)

O governo afirma que no ano passado, o Estado ocupou o 3º lugar no país entre as unidades da federação que mais realizaram investimentos. Foram aplicados 10,7% da RCL em investimentos. "O Estado está contratando novas operações de crédito, mas, ao mesmo tempo, está amortizando parcelas de outras operações e está aumentando a sua receita. Por isso o endividamento está diminuindo ano a ano", garante o secretário Rafael Fonteles.

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