A precariedade na segurança pública faz parte da rotina de alguns municípios do interior do Piauí. Longe da capital e da cobertura da imprensa, policiais militares trabalham com equipamentos caindo aos pedaços e totalmente sucateados nas pequenas cidades. Essa é a realidade em Bonfim do Piauí, a 547 km de Teresina, e Caracol, distante 605 km da capital.
O Política Dinâmica teve acesso a fotos e vídeos que mostram o descaso com o sistema de segurança pública nas duas cidades. Em Caracol, a única viatura disponível está sem condições de rodar e os cinco policiais militares da cidade trabalham com um veículo Cross Fox de placa clonada. O carro com placa de Maceió-AL foi apreendido e posteriormente cedido pela Justiça ao Grupamento de Polícia Militar (GPM).
A reportagem ouviu alguns policiais que confirmaram a situação a que são submetidos, mas pediram para não ter o nome revelado por medo de represálias do governo. Caracol possui mais de 10 mil habitantes e fica na região de São Raimundo Nonato. Quando surge qualquer ocorrência mais grave, os policiais precisam pedir ajuda ao 11º Batalhão de Polícia Militar.
Em Bonfim do Piauí, a situação não é muito diferente. Recentemente, uma viatura da cidade teve que ir à São Raimundo Nonato e ficou "no prego" em pleno centro da cidade. Quatro policiais fazem a segurança do município. Na maioria das cidades do Piauí, os agentes de segurança trabalham com apenas uma única viatura e em muitos os veículos são sucateados e não conseguem atender às demandas da polícia.
Perseguir criminosos e percorrer estradas vicinais para atender ocorrências é um verdadeiro sufoco para agentes que dispõem apenas de um carro velho e sempre na iminência de dar o prego. Na maioria dos casos, a bandidagem sabe da falta de aparelhamento da polícia e aproveita para invadir cidades e assaltar bancos, postos de combustíveis e caixas eletrônicos.
CALOTE NOS POLICIAIS
Outra reclamação dos policiais da região é sobre a falta do pagamento de diárias por serviço prestado para o Estado ainda no período eleitoral. Em entrevista ao Política Dinâmica, um sargento da PM explicou que os policiais foram convocados para trabalhar nas Zonas Eleitorais do interior entre o dia 20 de agosto e o dia do primeiro turno das eleições.
Eles tiravam esse serviço durante a folga e deveriam ter recebido R$ 200 por cada diária de segunda a sexta e R$ 400 nos fins de semana e feriados. A informação repassada pelos PMs é que até agora o governo estadual não disse quando vai pagar e ninguém dá uma resposta.
"A gente tirava o serviço normal ao invés de ir para a folga. Tiramos esse serviço extra pra ver se ganhávamos um dinheiro a mais. No entanto, ficamos foi na frustração porque o Estado parece que deu um calote em nós. Todos os serviços de 24 horas", relatou o sargento.
O QUE DIZ O GOVERNO?
O Política Dinâmica procurou a Secretaria de Segurança Pública na manhã da terça-feira (29). O órgão informou que o Comando Geral da Polícia Militar é quem deveria falar sobre as condições das viaturas e prometeu dar uma resposta apenas sobre a denúncia de atraso no pagamento das diárias. Até a publicação da matéria, nenhum posicionamento foi enviado.
O coronel Lindomar Castilho, comandante geral da PM-PI, também foi procurado. O Política Dinâmica apurou que o Comando da PM fez contato com policiais das cidades de Bonfim do Piauí e Caracol logo após ele ter sido procurado pela reportagem para falar sobre o assunto, mesmo assim, nenhum retorno foi dado por Lindomar até a publicação da matéria.
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