DE REPENTE, OS BONS SAMARITANOS

Progressistas de Ciro e MDB de Marcelo agora propõem redução da máquina (Foto: Gustavo Almeida/PoliticaDinamica.com)

Nos últimos dias, um dos assuntos mais comentados na cena política piauiense tem sido a entrega de cartas. Partidos que estiveram na base do governo de Wellington Dias (PT) decidiram elaborar documentos propondo mudanças de postura na próxima gestão do petista. Primeiro foi o Progressistas, do senador Ciro Nogueira. Depois, o MDB e sua turma.

As duas agremiações querem que o governador Wellington Dias enxugue a máquina pública estadual, reduza custos e faça uma gestão eficiente. Os partidos reconhecem um inchaço na estrutura administrativa e alertam que a crise financeira do país pode se agravar. Mas quem vê esses partidos propondo a redução do governo e querendo acabar com o inchaço da máquina não imagina que eles próprios são o inchaço. Fazem parte do edema.

Passaram os últimos anos inchando o governo ao aceitarem cargos e tudo mais. Não estavam nem um pouco preocupados com o inchaço que todo mundo estava vendo. Agora, passadas as eleições e com seus figurões eleitos, dão uma de bons samaritanos. Ora, a crise já existia quando MDB e Progressistas se deleitavam na sombra do governo de Wellington Dias. Muitos cidadãos condenavam o inchaço e eles, ajudando a inchar, faziam ouvidos de mercador.

Ele teve apoio de MDB e PP p/ inchar o estado (Foto:Gustavo Almeida/PoliticaDinamica)

Quando Wellington Dias criou nove coordenadorias de serventia contestada, o MDB caiu pra dentro e abocanhou algumas delas. O Progressistas, por sua vez, não mandou nenhum rabisco para a caixinha de Correio do Palácio de Karnak alertando que aquilo estava inchando o estado. E não adianta dizer que a situação era diferente. Naquele tempo já existia crise e todo mundo via. Na Assembleia, a massacrada oposição bradava em vão.

MDB e Progressistas pedirem para que o governador reduza o tamanho da máquina é o mesmo que um bêbado, após uma noite inteira enchendo a cara, pedir para o dono do bar limitar a venda de bebida pelo bem de todos os cachaceiros. É muito estranho que essa compaixão pela saúde administrativa do combalido Piauí só tenha se revelado agora, quando na verdade o estado pede socorro há um bom tempo. MDB e Progressistas ajudaram a causar o inchaço e agora se apresentam como enfermeiros dispostos a tratar o edema.

É verdade que pior do que errar, é insistir no erro. Antes tarde do que nunca! Mas não se pode deixar passar em branco que um governo foi rateado para o deleite de diversos partidos num momento de crise e só agora esse pessoal resolveu "tomar consciência". Jogam toda a responsabilidade do inchaço nas costas do governador. Ele é, de fato, o maior culpado, mas inchou o estado com gente que aceitou ser matéria-prima do inchaço.

Antes era só alegria, agora vem as cartas (Foto: Gustavo Almeida/PoliticaDinamica)

Alguns usam a tática de dizer que reduzir custos é o desafio do momento não só no Piauí, mas em todo o Brasil, e por isso a necessidade dessa mudança de postura. Ocorre que esse desafio não é de agora. Aqui e em muitos lugares, essa necessidade já vem de algum tempo. Ou esses bons samaritanos não queriam ver a realidade antes ou então resolveram incorporar o Rubinho Barrichello, chegando atrasados numa pauta já detectada antes.

De todo modo, é importante que o governador Wellington, eleito pela quarta vez em primeiro turno, com expressiva votação, mude de postura no seu próximo governo. E que essas figuras que perceberam a existência da crise só depois de 7 de outubro também mudem suas posturas e seus hábitos. Comecem indo a um oftalmologista para tratar a visão e conseguir enxergar manchas, hematomas e até inchaços com mais facilidade. Hoje e sempre.

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