A POLÍTICA NÃO É UM RINGUE

Wellington fez elogios a Dr. Pessoa (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Políticos podem ser adversários, mas não devem ser inimigos. Pelo menos é assim que se espera de uma relação democrática nesse ambiente tão conturbado e contestado que é a política. Mas parece que muita gente não entende e vê como problema atos simples como um elogio público ou mesmo uma saudação feita por um político a um adversário.

No último sábado (16), ao participar da convenção estadual do MDB, Dr. Pessoa e Wellington Dias (PT) se encontraram. Eles se enfrentaram na eleição para o governo do Estado em 2018, quando o petista venceu em primeiro turno e deixou Pessoa na segunda colocação.

Ao discursar, Pessoa cumprimentou o governador que estava do outro lado da mesa, destacou que foi seu oponente na campanha, mas afirmou que o petista sempre o tratou com respeito e consideração. "Nós tivemos divergências políticas, mas vossa excelência sempre teve uma consideração. Onde me encontra, me cumprimenta".

Quando chegou sua vez de falar, Wellington retribuiu a gentileza. "Eu quero, Dr. Pessoa, dizer que da minha parte eu tenho é gratidão e admiração pela sua história e pela sua dedicação na política. Vamos, com certeza, seguir juntos", falou retribuindo o gesto.

Alguns veículos de comunicação repercutiram a troca de elogios e nas redes sociais teve quem criticasse o ato. Para uma minoria, o clima de rivalidade que naturalmente aflora numa campanha precisa ser mantido. Esses acham que uma saudação ou um gesto educado entre dois adversários significa que um deles está mudando de lado, se debandando.

Elmano pegou carona com o governador (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

Nesta segunda-feira (18), o senador Elmano Férrer (Podemos), outro que disputou o governo do Estado com Wellington, também protagonizou um gesto semelhante e ainda mais simbólico. Pegou uma carona no carro do governador no trajeto entre o Centro Integrado de Reabilitação Danielle Dias (Ceir) e a APPM, onde os dois participaram de evento.

Alguns jornalistas que cobrem política [inclusive este colunista] repercutiram o episódio. É um fato curioso que naturalmente ganha destaque, já que ambos são adversários e Elmano fez duras críticas à gestão do petista na campanha. No entanto, não pode ser encarado muito além disso, afinal, apesar de adversários, são representantes do povo.

Elmano é um senador pelo Piauí e Wellington o governador do Estado. Estranho seria se dois homens públicos como eles, eleitos pelo povo piauiense, não conseguissem sequer fazer um trajeto de poucos quilômetros, entre um compromisso e outro, dialogando de modo civilizado.

O que não se admite é o sujeito ter uma postura política incoerente, hipócrita e que venha a trair a confiança do eleitor. Também é condenável quando se contraria o próprio discurso. No entanto, é preciso entender que isso pode acontecer sem transformar a política é um ringue.

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