A GENTILEZA COMO BASTÃO DE UM GOVERNO

Governador Wellington no Palácio de Karnak (Foto: Jailson Soares/PoliticaDinamica.com)

O terceiro mandato do governador Wellington Dias (PT) enfrenta graves problemas e está repleto de fatos dignos de crítica e repúdio. É uma gestão sem grandes obras, afundada em dificuldades financeiras, lotada de comissionados e onde todos querem mandar. Ao contrário dos dois primeiros governos, a terceira passagem do petista pelo Karnak não tem muito o que apresentar. O modelo de gestão parece ter batido no teto.

Mas uma coisa ninguém pode negar: Wellington é uma grande figura! Seu governo se sustenta no seu carisma e na sua habilidade política. Independentemente das fragilidades da gestão, há de se reconhecer que o primeiro homem a governar o Piauí por três vezes tem qualidades políticas e pessoais que poucos possuem. A última demonstração ocorreu na quarta-feira (22), quando ele foi até a prefeitura de Teresina visitar o prefeito Firmino Filho (PSDB) após a confusão da eleição na Câmara Municipal.

A visita pode até ter acontecido pelo temor de Wellington em ter Firmino como adversário em 2018, mas mesmo que tenha sido, a ida ainda mostra um diferencial do governador. Ao longo da sua vida pública, o rapaz que saiu da zona rural do município de Paes Landim mostrou que política não se faz com destempero, com agressões baratas ou com cara feia. O respeito pessoal pelos adversários sempre foi um dos seus pontos fortes, chegando, vez ou outra, até a causar constrangimentos em dadas situações.

Ele foi ao encontro de Firmino após confusão (Foto: Marcos Melo/PoliticaDinamica.com)

Enquanto o deputado estadual Themístocles Filho (PMDB) foi para a televisão desferir críticas contra o prefeito Firmino Filho e taxa-lo de traidor, Wellington fez o inverso. Decidiu ir conversar, ficar frente a frente, e mostrar que em política existem articulações e artimanhas, mas que também existe elegância no trato com os oponentes. Atacar verbalmente adversários, reconheça-se, nunca foi da índole dele. Quando age para derrotar alguém no campo político ele é perigoso, mas sem perder as estribeiras.

O jeito aglutinador de Wellington fazer política, no meu ponto de vista, chega até a ser negativo em muitos aspectos, pois seu estilo de ter todo mundo ao seu lado não é bom para a democracia e nem para o sistema político. Mas até nesse ponto, há de se enxergar habilidades. Em muitas cidades do interior, por exemplo, onde alguns grupos políticos passam do status de adversários para inimigos, o governador consegue ter o apoio de todos e, por vezes, os unem no mesmo palanque.

Destaco, mais uma vez, que isso nem sempre é bom. A política do “todo mundo junto” é nociva à democracia, mas é preciso dizer que quem consegue essa proeza possui méritos. Um dos grandes problemas da terceira gestão de Wellington tem sido justamente esse: a máquina pública inchada com políticos dos mais variados partidos, cobrança constante por mais espaços e uma desorganização administrativa que tem levado o governo a uma situação crítica que pode caminhar para o colapso.

Dias adota política do "todo mundo junto" (Foto: Gustavo Almeida/PoliticaDinamica)

Mas apesar de tudo isso, a simpatia de Wellington se mantém. O petista não é um governador de gabinete, trata a todos com respeito e não se aborrece publicamente nem mesmo com repórteres que lhe fazem perguntas cabeludas. E motivo para essas perguntas é só que tem na gestão dele! Talvez pelo jeito de agir, ele ainda seja tão forte politicamente apesar do governo fragilizado. Se Themístocles Filho quiser sonhar com a vaga de vice, precisa controlar bem suas palavras no trato com os adversários, pois, do contrário, será mais um motivo para o gentil Wellington não lhe querer em sua chapa.

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