SOLIDARIEDADE DE PAI PARA FILHA

O deputado estadual e presidente do Solidariedade no Piauí, Evaldo Gomes, tem feito de tudo para garantir a sua própria reeleição e assegurar que o partido que comanda conseguirá novamente eleger um deputado federal. Nas eleições de 2018, quando ainda comandava o Partido Trabalhista Cristão (PTC), Evaldo não só se reelegeu para Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) com 26.851 votos, como também foi peça fundamental para eleição da deputada Federal Marina Santos com 70.828 votos. Agora, sem Marina que disputa a reeleição pelo partido Republicanos, Evaldo trouxe para o Solidariedade uma dupla de veteranos da política, uma ex-secretária de Estado e a sua própria filha, a vereadora de Teresina Fernanda Gomes, que deverão somar votos para conquistar ao menos uma cadeira na Câmara Federal.

Evaldo Gomes no lançamento de campanha do Solidariedade com a filha Fernanda Gomes em Teresina (foto: ascom)

Há pouco mais de 20 dias da eleição, que ocorre no próximo dia 2 de outubro, circula nos bastidores, a informação que o Solidariedade enfrenta uma disputa interna que ao mesmo tempo que motiva os candidatos a acelerarem suas campanhas, também, pode atrapalhar no resultado da sigla nas eleições de 2022. O que se fala é que a discordância dentro do partido seria por conta da discrepância na distribuição do fundo partidário para os candidatos do Solidariedade para disputa das eleições 2022 no Piauí. Além disso, um possível crescimento dos nomes do partido e, consequentemente, a eleição de um representante da sigla para Câmara poderá tirar a vaga de outros candidatos de partidos aliados da base do governo, que tem como candidato a governador o ex-secretário Rafael Fonteles (PT) e Wellington Dias (PT) ao senado. Por conta disso, há quem diga que estaria havendo uma pressão aos líderes petistas para que os candidatos da federação (PT, PV e PC do B) e do PSD consigam fazer mais uma cadeira, mas para isso, estariam exigindo que o Governo deixasse os candidatos do Solidariedade em 2º plano.  

Pai e filha tem realizado campanha em conjunto com dobradinha para Alepi e para Câmara (foto: redes sociais)

FUNDO MILIONÁRIO 

Segundo o divulgacandcontas.tse.jus.br do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Solidariedade já recebeu o fundo partidário para campanha de 2022, sendo que até agora a maior parte deste valor foi distribuída para a campanha à deputada federal da candidata Fernanda Gomes, filha do presidente do partido. A candidata já recebeu o valor de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais para fazer a sua campanha). Novata nas eleições estaduais, Fernanda faz seu primeiro mandato como vereadora em Teresina, após conquistar 6.078 votos para Câmara da capital.

Partido destinou verba de R$ 3 milhões para campanha de Fernanda Gomes, filha do presidente do partido Evaldo Gomes (foto: reprodução TSE)

O valor destinado à campanha da filha do presidente do partido, teria causado discordâncias dentro do Solidariedade. Porém, nossa reportagem não conseguiu falar com o deputado estadual Evaldo Gomes sobre a situação e questiona-lo quais foram os critérios para distribuição do fundo partidário entre os candidatos da sigla.

SILAS, MAINHA E VIVIANE RECEBERAM MENOS

O suplente de deputado Federal Silas Freire (Solidariedade) é um dos fortes candidatos a deputado Federal pelo partido de Evaldo. Para a campanha, segundo o divulgacandcontas, o candidato já recebeu R$ 1,5 milhão de fundo partidário do Solidariedade. Nas eleições de 2018, Silas conquistou 57.391 votos e era filiado ao PRB. Agora, no novo partido, Silas tem a missão de superar a sua própria votação e ainda ter desempenho melhor que os colegas da sigla, que querem a possível vaga do Solidariedade na Câmara.

Candidato Silas Freire não tem acompanhado candidatos ao governo do Estado, mas disse não abrir mão do apoio de Lula (foto: redes sociais)

Nos bastidores, o que se comenta é que o candidato estaria desanimado da aliança do partido com a campanha do atual governo, liderada por Rafael Fonteles e Wellington Dias. Semanas atrás, Silas não teria participado de um ato da campanha petista na cidade de Floriano (PI), seu principal “berço eleitoral”. Para o blog da jornalista Ranyele Veloso, na MeioNorte, Silas teria dito que “estou desesperançoso com o apoio majoritário, mas não abro mão de Lula”, afirmou Silas.

MAINHA E VIVIANE CONTINUAM EM CAMPANHA

Em entrevista ao Política Dinâmica, o candidato deputado Federal, Mainha (Solidariedade), desmentiu a informação que circulou semanas atrás na imprensa que poderia desistir de sua candidatura devido divergências dentro do partido. Em sua fala, Mainha negou que haja qualquer intenção de desistir da disputa que está de “vento em polpa”. 

Mainha deixou recentemente cargo no Governo Federal de Jair Bolsonaro e agora compõe a base do governo do PT no Piauí (foto: redes sociais)

“Estamos rumo a vitória. Fizemos esses dias um grande ato em Picos, agora estamos indo pra região de Piripiri. Seguimos firmes e fortes na campanha. Esses rumores de desistência não existem”, afirmou Mainha.

Até o momento, o candidato não declarou na plataforma do TSE se recebeu alguma verba de campanha. Por isso, o Política Dinâmica questionou ao candidato se a falta de verbas para sua campanha teria motivado algum desentendimento do partido e de qual maneira havia sido acordado a distribuição do fundo eleitoral do Solidariedade entre seus candidatos. Nas eleições de 2018, Mainha disputou o cargo de deputado Federal pelo Progressistas (PP) e recebeu 2.457.715,50 (mais de dois milhões de reais) para fazer sua campanha, sendo 99.94% dessa verba originada de doação do partido, tendo conquistado naquela eleição 61.132 votos, ficando na  suplência do partido. 

“Discussões existem em qualquer partido, mas tudo dentro da normalidade. Sobre a forma de distribuição do fundo prefiro não externar. Mas, nós já recebemos mais de R$ 1 milhão para nossa campanha e nos próximos dias já devemos declara-los”, explicou Mainha.

Partido emplacou ainda o nome de José Amauri para 2ª suplência do candidato Wellington Dias para o senado (foto: redes sociais)

Os candidatos Fernanda Gomes, Mainha e Silas Freire, até então, foram os únicos dos 10 candidatos a deputado Federal do Solidariedade a receberem o fundo milionário do partido. A candidata Viviane Moura, ex-Superintendente da Superintendência de Parcerias e Conceções do Piauí (Suparc), recebeu até agora R$ 450 mil de fundo partidário.

Viviane é uma das apostas do Solidariedade para as eleições de 2022. Apesar não ter histórico familiar político e disputar o primeiro mandato, Viviane fez trabalho de destaque na SUPARC ao realizar diversas parcerias público privadas (PPP’S) entre o Governo do Estado e várias empresas que passaram a administrar locais como Ceasa, Terminais Rodoviários, Centro de Convenções, Zoobotânico. Atualmente, a candidata teve sua agenda cancelada ao sofrer AVC, do qual se recupera bem e já voltou com algumas agendas políticas, mas ainda com cautela.

Outros candidatos receberam verbas bem menores como a ex-vereadora Celene Fernandes, que recebeu R$ 50 mil de fundo eleitoral, e o jornalista Wesley Paz da cidade de Campo Maior, que recebeu R$ 15.110 (pouco mais de quinze mil reais). Outros candidatos a deputado federal (Floro do Themos Vagas, Neguin dos Audios, Professora Glenda Borges, Roberto Silva, Robywood)  não declaram qualquer valor recebido de fundo eleitoral.  


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