SISTEMA É UMA HERANÇA MALDITA

“Uma herança maldita” assim mencionou o vereador Edilberto Borges, o Dudu (PT), ao ser referir as dívidas milionárias da Prefeitura de Teresina com as empresas que prestam serviço de transpor urbano na capital. O pronunciamento foi feito durante a CPI dos Transportes, presidida pelo parlamentar, que já dura mais de 40 dias na Câmara, que por sinal busca não só “desvendar” os problemas dos ônibus coletivo na cidade, mas também quer saber por que se ganham tanto com transporte alternativo de vans na capital.

Na busca pelas informações de como funciona o sistema, chegou ao parlamentar balancetes que apontam ganhos milionários com a bilhetagem eletrônica por vans do transporte alternativo que chegam a faturar 10 vezes mais que um ônibus. “É inadmissível que uma van tenha ganhando em um único mês, segundo esses balanços de 2019, cerca de R$ 800 mil. Para isso ser possível, uma única van teria que transportar nove mil pessoas por dia, é um absurdo. Porém, já se sabe que se lucra muito com esse esquema, aqui mesmo na CPI os empresários dos ônibus disseram que o custo mês para manter um ônibus é R$ 37 mil. Agora, você imagina um empresário desses com vans que o custo é menor e faturando por mês até quase R$ 1 milhão de reais”, questionou Dudu.  

Para entender melhor os questionamentos do parlamentar é preciso recordar do depoimento à CPI do empresário da Timon City, Ramon Sousa, que disse aos vereadores que o sistema da bilhetagem eletrônica e os chamados “coiotes” seriam os responsáveis pela crise no transporte de Teresina. De acordo com o empresário, os coiotes são aqueles que recebem os cartões de vale transporte dos trabalhadores em geral (os vales transporte) e vendem esse vale para os empresários das vans através da bilhetagem eletrônica. Como nas vans não há catraca e nem câmeras para saber quem utiliza aquele cartão, a “máfia” rola solta e sem freios na venda desses vales que são descontados no sistema de bilhetagem das vans que não tem um certo controle como os dos ônibus. Assim, é possível que uma van receba até quase R$ 1 milhão de reais pelo transporte diário de mais de mil passageiros, sem que aquele trabalhador ter de fato utilizado o serviço.

Para o vereador, a denúncia apresentada pelo empresário e comprovada por planilhas também entregues ao presidente da CPI é gravíssima. “A Prefeitura precisa ter um controle maior dessa bilhetagem eletrônica. Vamos propor que esse sistema seja zerado e haja uma forma de saber como operam essa bilhetagem eletrônica, é preciso que a Prefeitura controle isso”, pondera Dudu.

VEREADORES E PREFEITURA DE OLHO NAS VANS

Pois bem, já sabido que as vans de transporte alternativo são um negócio milionário, a Prefeitura, através da Strans, e os vereadores querem agora que o contrato com as empresas seja desfeito e seja realizada uma licitação para o transporte de vans da capital. Se engana que pensar que essa “estratégia” seja apenas uma forma de amenizar a problemática dos ônibus e não enxergar que tem gente querendo tomar o “filé minom” do sistema de transporte urbano da capital.

Em entrevista ao Política Dinâmica, o superintendente da Strans, major Cláudio Pessoa, [sobrinho do prefeito Dr. Pessoa], disse que para garantir melhorias no sistema de Transporte da capital, a Prefeitura precisa conseguir outros modelos de transporte, sendo um deles o do transporte alternativo. O superintendente destacou ainda que em outras capitais, esse sistema de transporte alternativo é controlado pelo poder concedente [a Prefeitura]. Com isso, a intenção da Strans é que haja licitação para os “alternativos”, porém com o total controle pela gestão municipal, o que é de causar estranheza visto que já sabe a rentabilidade absurda do transporte alternativo na capital, que parece longe de qualquer crise.

“A Strans já encaminhou à prefeitura o projeto de licitação das vans do transporte alternativo.  Nós temos feitos estudos que para conseguir operar melhor o sistema necessitamos de mais flexibilidade e da entrada de outros modais de transporte onde não haja apenas decisões unilaterais [aqui ele reclama do controle do Setut sobre a licitação dos ônibus]”, afirma o sobrinho do Prefeito.  

Sobre as denúncias relacionadas a bilhetagem eletrônica, principalmente nas vans, apresentadas pelo vereador Dudu, o superintendente disse apenas que a Strans recebe apenas dados espelhados pelo Setut. Como solução, disse apenas que é preciso que a Prefeitura tenha o controle, ou seja, que a nova licitação para as vans dê o controle para Prefeitura e que se possa ter um sistema de bilhetagem mais moderno e confiável.

O que a população pode estar se perguntando é porque no meio de uma crise no transporte de ônibus coletivo, a Prefeitura tenha colocado como uma solução a licitação para o transporte de vans e alternativos, a quem interessa ter esse mercado lucrativo das vans através da bilhetagem eletrônica.  

ATESTADO, MAS SEM QUALIDADE

Ainda no fim da sessão de audiência da CPI na Câmara, o vereador Dudu, disse que buscará resposta de ex-gestores da Strans. “Pelo que sabemos há cada ano da licitação dos ônibus vigente, o gestor da Strans tem que atestar que está sendo ofertado à população um transporte de qualidade à população pelas empresas. Quero saber quem assinou esses atestados de serviço prestado a contento, os motivos para essa assinatura, se não tiver esses atestos é mais uma falha gravíssima e quebra de contrato com a licitação”, finalizou o presidente da CPI

Comente aqui