SEM DELAÇÃO

Nos bastidores da política piauense só se fala na possibilidade de Ronald Moura ou Helder Jacobina assinarem um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal ou com a Polícia Federal. Mas o interesse das autoridades em informações do esquema dentro da Secretaria de Educação do Piauí, hoje, é praticamente nulo, segundo apurou o Política Dinâmica.

Delação: investigados na Topique teriam "perdido" a chance de um bom acordo de colaboração (foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

Moura, Jacobina e outros perderam o momento certo de abrir a boca sobre o desvio de recursos do transporte escolar dentro do Governo do Estado do Piauí. Em momentos diferentes -- e num caso específico, sem que a banca oficial de advogados de um dele fosse avisada pelo cliente -- os dois sondaram quais benefícios estariam ao alcance deles numa virtual delação.

Mas o "tempo certo" de fazer um acordo parece ter ficado de fato para trás, como apontou o Política Dinâmica em janeiro de 2019. Na Topique, existe uma delimitação bastante objetiva a respeito do que está sendo investigado: o desvio de recursos tendo como referência dois pregões presenciais feitos dentro da Secretaria de Educação. Ponto.

Com uma investigação tão delimitada e adiantada, há muito pouco o que se acrescentar, bem diferente do que era a situação em 2018, quando a PF deflagrou a primeira fase. Ali, um acordo de colaboração permitiria uma negociação mais vantajosa para os dois lados. A PF pouparia meses de investigação; e os culpados, anos de cadeia.  

Porém, com a terceira fase da Topique entrando até na casa da deputada federal petista Rejane Dias -- onde ela reside com o marido, o governador Wellington Dias (PT) -- o que se tem é existência de um conjunto robusto de indícios, informações e, principalmente, provas. Isso foi dito pela PF, pelo MPF e também pela Controladoria Geral da União na coletiva de imprensa sobre a terceira fase da Topique.

O envolvimento de familiares -- irmão e prima -- de Rejane no desvio e lavagem de dinheiro também já não é novidade.

Delação pra quê? A esta altura do campeonato, uma delação que valha a pena, tem que entregar as ramificações do esquema fora da SEDUC, apontando com detalhes e provas a parceria criminosa com outros órgãos do Estado. E, claro, a cumplicidade institucional que pode ter ajudado a acobertar o esquema que desvia recursos públicos há mais de uma década.

Aí, talvez, o interesse volte.

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