PÉSSIMO SINAL

Um dia após a Polícia Federal entrar na Secretaria de Saúde do Piauí, o governador Wellington Dias (PT) foi lá na Prefeitura de Teresina dividir o desgaste com o prefeito da capital, Doutor Pessoa (MDB). O petista criticou a PF ao lado de Pessoa. Um dia depois, outra operação da mesma PF entra, agora, na fundação hospitalar que é comandada pelo deputado estadual Pablo Santos, emedebista igual ao prefeito e que indicou o presidente da Fundação Municipal de Saúde na gestão de Pessoa. O sinal de alerta está aceso.

ALIADOS DIVIDIDOS

A visita de Wellington Dias não estava publicada na agenda oficial do governador e dividiu opiniões entre os aliados do prefeito. Alguns acharam que foi um movimento de cortesia e humildade. 

Wellington e Doutor Pessoa: o MDB já deixou a Prefeitura bem parecida com o Governo do Estado (foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)governo já bem parecidos

Os menos iludidos e mais experientes entenderam que Wellington não queria estar sozinho ao criticar a Polícia Federal. E foi lá plantar uma narrativa de “perseguição”, surfando na popularidade que ainda tem o Doutor Pessoa.

ESPERTEZA DE WELLINGTON

O governador ainda não havia se manifestado sobre a Operação Campanile, que apura fraudes em dispensas de licitação da Secretaria de Saúde e superfaturamento em pagamentos feitos com recursos federais. E é de se esperar que soubesse que a lista de empresas visitadas pela PF era incompleta do ponto de vista dos pagamentos suspeitos de sua gestão. O empresário Jadyel Alencar não é uma celebridade apenas nas redes sociais; dentro do governo de Wellington, a sua Dimensão Distribuidora também faz sucesso. 

Baixou a cabeça: Doutor Pessoa defendia tanto a ideia de "mãos limpas", mas ficou calado enquanto Wellington Dias criticava a Polícia Federal (foto: Jailson Soares | PoliticaDinamica.com)

Por lógica, Wellington sabia que a PF visitaria outra vez seu governo, em breve, por conta do Covidão. Talvez não esperasse que fosse tão cedo, menos de 24 horas depois dele abrir a boca para dizer que a primeira visita foi um “espetáculo lamentável”.

PÉSSIMO SINAL

É um dia comum na rotina de Wellington Dias quando ele tem que falar mal da PF ou da Controladoria-Geral da União, que investigam todo tipo de corrupção no cardápio do governo dele. Para a imagem do Doutor Pessoa, avaliam alguns próximos dele, não foi o melhor aceno às instituições de controle externo. Aliados já recomendaram que o prefeito espere algumas semanas antes de posar para fotos com o governador outra vez. São os mesmos que não foram ouvidos por Pessoa quando este foi alertado: estava montando uma equipe política demais e com muita gente ligada ao governador Wellington Dias.

COMUM DE DOIS

De todo modo, Pessoa e Wellington tinham o que conversar, com certeza. O deputado estadual Pablo Santos é do mesmo MDB do prefeito de Teresina Dr. Pessoa e um parlamentar importante da base e do governo de Wellington. E foi dele a indicação de Gilberto Albuquerque para a presidência da Fundação Municipal de Saúde na gestão do Doutor Pessoa. Antes de assumir a FMS, Gilberto comandava o Hospital Getúlio Vargas por indicação do mesmo Pablo Santos.

Gilberto Albuquerque, enquanto era diretor do HGV: reunião com Florentino e Pablo, investigados pela PF, e com o governador Wellington Dias (foto: Instagram)Gilberto foi indicado por Pablo para Fundação Municipal de Saúde na gestão do Doutor Pessoa (foto: Instagram)

A reunião entre o governador e o prefeito foi feita a portas fechadas. A imprensa não teve acesso e, segundo informações, em determinado momento, a conversa foi “pé-de-ouvido” entre os dois apenas. Segundo Pessoa em entrevista após o encontro conversa administrativa, sem politicagem pelo meio.

Sim, uma conversa com Wellington Dias que não tem política pelo meio, mas que a imprensa não podia acompanhar.

E o boi dormiu depois que o prefeito disse isso.

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