Em uma manobra política, os vereadores de Teresina aprovaram nesta terça-feira (13) um requerimento para antecipação da eleição para compor a Mesa Diretora da Câmara Municipal da capital. A votação que deveria ocorrer somente no fim do ano ou início de 2023, foi antecipada sob a justificativa que haveria prejuízos ao trabalho legislativo na Casa por conta da proximidade do período eleitoral de 2022 que se finda em outubro.
O requerimento foi apresentado pelo vereador Deolindo Moura (PT) e aprovado por 27 dos 29 parlamentares, com duas abstenções, do vereador Dudu (PT) e Ismael Silva (PSD). O atual presidente da Câmara, vereador Jeová Alencar (Republicanos), deve deixar a função no fim do ano. Jeová já foi eleito por três vezes presidente daquela casa, sendo a última para o biênio 2021-2022.
Como agora é pré-candidato à deputado estadual, Jeová Alencar acredita que vai sair vitorioso da empreitada e deixará o mandato de vereador no fim do ano para tomar posse na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi). Porém, antes disso, o vereador quer garantir seu domínio na Câmara de Vereadores deixando um parlamentar da sua base a frente do legislativo municipal. O escolhido é o vereador Enzo Samuel que deixou há pouco a liderança do prefeito, talvez, já de olho na presidência para o biênio 2023-2024.
ENZO PRESIDENTE
Ficar afastado da Prefeitura de Teresina parece não ser bom negócio para os gestores da capital. Quem não lembra quando em 2017, o então prefeito Firmino Filho viajou para o exterior e ao voltar, já encontrou tudo remexido no legislativo municipal, num jogo político do presidente Jeová Alencar, que se reelegeu presidente para o biênio 2019-2020, com uma eleição antecipada.
Dessa vez, quem não terá tempo para interferir no Legislativo será o prefeito Doutor Pessoa (Republicanos). Em mais uma manobra política, o pleito para escolha da Mesa Diretora da Câmara foi aprovado pelos parlamentares para ocorrer nesta quarta-feira (15/06/2022), sete meses antes do previsto.
A maioria dos vereadores já tem até um nome de consenso, capaz de aglutinar a maior parte dos votos dos colegas. O escolhido é Enzo Samuel (PDT) que deixou recentemente a liderança do prefeito na Câmara, um mês após assumir a função. Quase unanimidade entre os colegas, Enzo tem ainda o “apadrinhamento” do atual presidente da Câmara, Jeová Alencar, que o quer no seu lugar ao deixar o poder legislativo municipal.
ANTECIPAR, VIROU MODA
Vale lembrar que em 2017, o vereador Dudu (PT) foi quem apresentou o requerimento para eleições da Mesa Diretora da Câmara um ano antes do previsto. Na ocasião, Jeová foi reeleito para seu segundo mandato como presidente. O fato gerou o descontentamento do então prefeito Firmino Filho (PSDB), que estava em viagem ao exterior e não tinha dado como certo o apoio reeleição de Jeová. O fato gerou um racha do grupo de vereadores ligados ao então prefeito tucano na época.
PRÓPRIO REMÉDIO
Relator do projeto para antecipação da eleição da Mesa em 2017, o vereador Dudu (PT), agora, parece não ter gostado de provar do próprio remédio em 2020. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Dudu se absteve da votação desse novo projeto que quer a antecipação do pleito de 2023 para 2022.
“Só voto sabendo o que tá acontecendo. Ouvi e pedi a releitura pelo relator Deolindo. Quero analisar o projeto, não podemos antecipar uma eleição só por ter eleições presidenciais e estaduais que, naturalmente, acontecem de quatro em quatro anos. Uma coisa é votar por interferência do executivo, outra coisa é um fato natural. Nós queremos que essa eleição ocorra de acordo com a lei orgânica desta casa, seguindo os tramites. Acima da autonomia tem a leis que precisam obedecer. Preciso analisar pra saber se essa alegação [das eleições] é suficiente para não tornar esse processo ilegal”, explicou Dudu.
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