A briga ente PT e MDB por mais espaço no resto de governo de Wellington Dias está dando o que falar nos bastidores. Petistas alegam que o MDB tem o espaço que merece na gestão e reclama de barriga cheia. Do outro lado, emebistas apontam que o PT é muito privilegiado. O Política Dinâmica já mostrou que se o parâmetro for apenas o voto na urna, o MDB foi beneficiado e "comeu" uma vaga do PT na Assembleia em 2018. Mas se o parâmetro for o espaço dentro do atual governo, a gula é o pecado preferido do PT.
Simples assim: falando de primeiro escalão, nenhum outro partido tem mais espaço que o PT. Indicações petistas fazem gestão de mais de R$ 8,1 bilhões dentro do Orçamento Geral do Estado que é de R$ 11,8 bilhões para este ano de 2021. Ou seja, os petistas mandam em 70% do dinheiro que o governo gasta. Todos os outros aliados, juntos, se espremem nos 30% restantes.
DOZE PRA MIM, UM PRA VOCÊ
No caso específico do MDB, a conta da participação do partido nos gastos do governo de Wellington Dias fecha em R$ 679,8 milhões (ou R$ 0,67 bilhão, para manter a mesma ordem de grandeza). Assim, passa pela gestão direta de petistas 12 vezes mais orçamento do que pelas mãos de emedebistas.
Então os emedebistas tem razão em reclamar? Na visão deles, tem. E com apoio da matemática do orçamento. A lógica é a de que quanto mais despesas se pode ordenar, mais oportunidades um deputado tem de ampliar seu eleitorado, seja por realizações de obras, seja por prestação de serviços, seja por emprego de comissionados e terceirizados.
Não vamos, claro, fazer juízo de valor sobre quem cuida melhor do dinheiro dos piauienses. A briga entre os dois partidos não é sobre isso. É sobre como esses espaços dentro do governo podem se traduzir em votação em 2022.
DIVISÃO (IN)JUSTA
O PT tem o governador, tem a vice governadora, tem mais secretarias, tem mais suplentes na ALEPI. O PT tem mais que todo mundo. É a divisão justa aos olhos do partido.
Vamos aos exemplos. A Lei de Orçamento Anual aprovada ano passado pela ALEPI deu à Secretaria de Estado da Saúde um orçamento de R$ 1,6 bilhão. O que significa que o secretário Florentino Neto, que é pré-candidato a deputado federal pelo PT, possui sozinho quase duas vezes e meia o orçamento de todas as secretarias indicadas pelo MDB. E olha que o combate à pandemia deve ter feito essa cifra aumentar ao longo do ano.
Sem contar que é de dentro do orçamento da SESAPI que sai o dinheiro da Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares do Piauí (FEPISERH), comandada pelo MDB. Então, até nesse dinheiro, o PT manda um pouco também.
Se o MDB colocar na ponta do lápis, a "desmoralização" é grande. Até o partido do senador Ciro Nogueira, que está na oposição, comanda proporcionalmente mais recursos que os emedebistas. O Progressistas ainda apita em R$ 361,9 milhões do Orçamento Geral.
OPOSIÇÃO AINDA OCUPA MUITO ESPAÇO
O senador Marcelo Castro, presidente estadual do MDB, teve mais de 812,2 mil votos em 2018 e no mesmo ano o deputado estadual Severo Eulálio (MDB) teve 47,1 mil sendo o mais bem votado do partido. Severo vai para a reeleição e Marcelo vai lançar o filho candidato a deputado federal em 2022.
Hoje, eles compartilham o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) com um orçamento previsto de R$ 242,1 milhões, que é uma fração dentro do orçamento da Secretaria de Transportes do deputado estadual Hélio Isaías (PP). Hélio teve apenas 35,5 mil votos em 2018. Do orçamento de R$ 505,1 milhões, mesmo retirando o que é do DER-PI, ainda restam R$ 263,0 milhões para o filiado de Ciro Nogueira.
Segundo um cardeal do MDB, o governador tem que avaliar que, desta vez, o candidato não é ele. "Transferir voto já é difícil para qualquer um. Fazer isso para quem não tem um perfil muito popular e com a base insatisfeita, é muito mais", alfinetou, sem querer expor seu nome.
Wellington conhece a covardia do MDB e sabe que o partido late muito, mas morder mesmo, não morde. Quer apenas mais um osso pra roer.
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