CANDIDATOS DE SI MESMOS

Dr. Vinícius, Franzé Silva, Fábio Novo e Merlong Solano. Três deputados estaduais e um federal colocaram na última semana seus nomes para disputar internamente a vaga de “pré-candidato oficial” do PT para a Prefeitura de Teresina em 2024. Mas ser amigo do governador, presidente da Assembleia Legislativa, ter sido o última candidato para o cargo nas últimas eleições ou ter s tornado efetivo na Câmara Federal não são pré-requisitos prioritários para garantir o posto.

Não basta querer ou combinar entre eles: sem passar pelo etendimento com o diretório municipal, nenhum consegue ser candidato a prefeito (fotos: Jailson Soares | Marcos Melo | PD)

Quem quiser ser candidato a prefeito tem que garantir, antes de tudo, a viabilidade de uma chapa inteira de vereadores e, ao mesmo tempo, conquistar a confiança de quem realmente decide: o diretório municipal do partido.

O CONFRONTO NÃO SERVE

Em 1996 o Diretório Estadual do PT realizou uma intervenção no Diretório Municipal para trocar a chapa majoritária. Aclamado um ano antes, em 1995, como candidato à prefeito, o pai do atual governador Rafael Fonteles não aceitou que os petistas em Teresina tivessem escolhido Lourenço do Sindbebidas, à época, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), para ser seu vice. A intervenção estadual trocou Lourenço pelo nome de Wellington Dias, que exercia ali os primeiros meses de seu mandato de deputado estadual.

Todos sabem que Dr. Vinícius, deputado de primeiro mandato, é o nome preferido pelo governador Rafael Fonteles, por isso mesmo sua maior vantagem é, também, um obstáculo a ser superado: o Diretório Municipal do PT teve seu espaço drasticamente reduzido na transição do governo de Wellington Dias para o de Rafael, logo, ninguém do governador vai ser aprovado nessa instância "de graça" (foto: Marcos Melo | PD)

O resultado foi traumático para o partido, rachado internamente, e com Nazareno e Wellington Dias em 3º lugar ao final do 1º turno, não conseguindo atingir nem metade dos votos do 2º colocado, Alberto Silva (do então PMDB).

Passados 15 anos, Wellington Dias já era senador, havia feito sua esposa, Rejane Dias, deputada estadual. O PT já tinha acordo fechado para indicar Cícero Magalhães como vice do prefeito Elmano Ferrer (naquele tempo, filiado ao PTB). Dias foi lá, estragou o acordo, mas em compensação o Diretório Municipal decidiu que uma candidatura de Rejane estava fora de cogitação. Ou seria Wellington o candidato, ou não seria ninguém. Para quem lembra, a campanha dele foi, ali, uma vergonha alheia.

Diferente de Dr. Vinícius, Franzé já tem condições próprias para viabilizar sua campanha dentro do PT, mas não pode perder tempo (foto: Jailson Soares | PD)

Teresina havia dado a Wellington Dias, dois anos antes, mais de 263 mil votos para o Senado. Mas o senador não conseguiu juntar mais do que 59.470 votos naquele ano. E o PT perdeu a chance de entrar com os dois pés na Prefeitura de Teresina, visto que Elmano Ferrer perdeu para Firmino Filho por pouco mais de 12 mil votos de diferença.

O confronto interno nunca serviu ao PT. E o Diretório Municipal detém o monopólio da escolha do partido, simples assim.

ANTES DO DISCURSO, A ESTRUTURA

Não há discurso de Vinícius, Franzé, Fábio ou Merlong que se imponha diante de uma necessidade básica: prover estrutura para a chapa de vereadores. Pois é de candidatos a este cargo proporcional que é feito o Diretório Municipal, a começar por Cícero Magalhães, presidente, que já estava com meia campanha garantida no acordo que foi desfeito com o atual prefeito Doutor Pessoa (Republicanos).

Sem estrutura de governo bancando sua campanha, Fábio Novo foi um campeão em 2020, conseguindo por mérito o 3º lugar na disputa de prefeito e superando a votação de todos os candidatos do PT a vereador juntos, ou seja: em tese, teve votos fora do partido, e deve ser uma voz ativa no processo; por outro lado, o deputado federal Merlong Solano parece estar a passeio dentro da disputa (fotos: Jailson Soares | PD)

Aliás, uma chapa forte é que daria ao PT condições de ampliar o número de cadeiras na Câmara Municipal, dando condições de Dudu, Deolindo Moura e Euzuíla Calisto seguirem mais tranquilos para as suas reeleições.

Deputados recém empossados e tendo saído há pouco tempo eles mesmo da competição proporcional, Vinícius, Franzé, Fábio e Merlong sabem que nenhum deles pode ser candidato de si e quem quer que seja o candidato, vai precisar da militância municipal mais do que animada: motivada para ganhar.

Presidente e vice-presidente: Cícero Magalhães e Dudu Borges estão sintonizados no discurso de que nenhuma decisão de candidatura será imposta nem passará por cima da escolha livre dos militantes de Teresina (fotos: Jailson Soares | PD)

Cá entre nós, com bastante sinceridade, gabinetes apenas não vão ser suficientes para isso. O petismo no Piauí é movimento à base de máquina. Se não for pelo Governo do Estado ou pela Assembleia Legislativa, abre-se a possibilidade de que seja pela Câmara Municipal que se viabilize o apoio do Diretório Municipal do PT.

"Ninguém vai decidir sozinho o futuro do partido. Nenhum pré-candidato será imposto a nós do Diretório Municipal, que estamos diariamente na militância. Isso eu posso garantir, juntamente com o presidente Cícero. A decisão vai passar por todo o diretório e terá que garantir condições dos candidatos proporcionais disputarem eleições para formar a maior bancada da Câmara Municipal", disse Dudu ao Política Dinâmica, na última semana. 

Amigos de militância estudantil e parlamento: o petista Deolindo Moura é u dos que defende que o PT aguarde uma provável filiação de Enzo Samuel (à esq.) para definir seu pré-candidato a prefeito de Teresina e acredita na viabilidade do presidente da Câmara Municipal (foto: Jailson Soares | PD)

E sim, o presidente da CMT, vereador Enzo Samuel, avança em conversas para trocar de sigla, deixar PDT e filiar-se ao PT de Teresina. Nos bastidores, já lidera a preferência interna petista, com mais diálogo e atitude, principalmente.

Tem gente dormindo do ponto.

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