A CANETA AGORA É DELA

Regina Sousa (PT) é a nova governadora do Piauí. A primeira mulher a assumir o cargo de maneira efetiva, definitiva. Antes dela, outra mulher, também vice do agora ex-governador Wellington Dias (PT), já havia despachado no principal gabinete do Palácio do Karnak. Mas aquela vice, Margarete Coelho (PP, hoje, oposição), não passou disso, interina. Regina, sim, foi além.

A primeira a história do Piauí: petista Regina Sousa assume Governo do Estado após renúncia de Wellington Dias (foto: Jailson Soares | PD)

Do ponto de vista eleitoral, as críticas são sempre direcionadas ao fato de que ela chega agora ao comando do Governo do Estado da mesma maneira que chegou antes ao Senado Federal: pioneira, mas sem votos nominais. Nas duas vezes, após renúncia de Wellington Dias, afinal, era suplente antes e vice agora. Mas a foto e o nome de Regina estavam na urna, sim. 

Mas do ponto de vista político-partidário, é difícil criticar o fato de que, dentro do PT, nenhuma outra figura além dela seria mais merecedora. Ex-quebradeira de coco, negra, sindicalista, professora, chega ao maior cargo do Executivo do Piauí aos 72 anos, dos quais pelo menos 30 foram dedicados à sustentação partidária, administrativa e política de Wellington Dias. 

Pro bem, segundo alguns, pro mal, segundo outros, um suporte incondicional, segundo todos.


SEM REELEIÇÃO

Assumiu o compromisso com o Estado em solenidade na Assembleia Legislativa. Em seguida, tomou posse e recebeu a faixa de governador nos jardins do Palácio de Karnak. Em tese, ela poderia até colocar seu nome para disputar a reeleição este ano, mas isso não deve acontecer.

Missão de 9 meses: manter a programação de Wellington Dias e finalizar o ciclo dos "dinossauros" do PT no Piauí (foto: Jailson Soares | PD)

Os petistas já têm um pré-candidato ao governo, Rafael Fonteles. E a governadora vai respeitar essa decisão, que a precede na cadeira. Embora murmurinhos militantes nas últimas filas das duas solenidades ainda fagulhassem esperança por uma candidatura dela, essa fogueira não será acesa.

OS NOVOS PETISTAS E OS DINOSSAUROS

A posse de Regina marca o fim de um ciclo no PT. Em seu discurso, Regina mencionou os “dinossauros” e “dinossauras” do partido, aqueles que ajudaram a construir e criar a sigla na década de 1980. Pois bem, o meteoro do pragmatismo político vai extingui-los.

Trinta anos depois de dar incondicional suporte a Wellington Dias, Regina Sousa se torna governadora do Piauí (fotos: arquivo pessoal | Jailson Soares | PD)

As solenidades foram muito prestigiadas por neo-petistas: caciques, filhos de caciques, sobrinhos de caciques, esposas de caciques de outras tribos para os quais o ex-governador Wellington Dias abriu as portas do PT. Figuras como Flávio Nogueira, Fábio Xavier, Wilson Martins, Firmino Paulo, Hélio Isaías (e por aí vai...) serão os maiores beneficiados nas chapas proporcionais nas eleições de 2022. Sem necessidade qualquer de compromisso ideológico.

A nova governadora deixou claro que vai tentar dar um último abrigo à tal velha-guarda petista. Mas o mundo já é outro. O vermelho apareceu apenas em fotos antigas exibidas num telão, e em poucas faixas e camisas de convidados. Por tradição, claro, o estreito tapete das celebridades era dessa cor também.

Em 2015 (à esquerda), Regina usou o vermelho petista para assumir a cadeira no Senado Federal; agora, em 2022, usa amarelo para tomar posse no Governo do Estado do Piauí (fotos: Senado | Jailson Sores | PD)

Regina tomou posse vestindo amarelo.

Uma cor de muitos significados.

A caneta -- cheia de tinta, como se diz na política -- é dela pelos próximos 9 meses. Mas antes que a tinta acabe, Regina já entrou pra história que ajudou a escrever. 

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