Mulheres negras e de periferia são maiores alvos da violência doméstica

Nesta quarta-feira (10.06), o advogado criminalista Lucas Ribeiro e a Delegada Anamelka Cadena realizaram uma Live no aplicativo Instagram para debater sobre Violência Doméstica e Familiar.

A proposta da Live foi informar a respeito da violência doméstica e familiar praticada pelo homem contra a mulher, uma vez que é um grave e recorrente problema no Brasil. Assim, é fundamental, ampliar o olhar, para esse conflito que ocorre dentro de casa, pois ele não prejudica apenas a mulher, mas também à criança, ao próprio homem, a relação. Por essa razão, deve ser observado que a medida protetiva constitui uma proteção para todos os envolvidos, e não apenas para a mulher.

A Delegada e o Advogado destacaram que a violência doméstica e familiar contra a mulher independe de classe social, raça, etnia, religião, orientação sexual, idade e grau de escolaridade. Não há um perfil específico de quem sofre violência doméstica, contudo a violência doméstica atinge de forma diferenciada as mulheres negras e de periferias (a partir de outras vulnerabilidades).

A Delegada Anamelka esclareceu que houve uma evolução histórica em relação às leis, com o objetivo de trazer maior proteção à mulher. Inclusive, hoje aqui no Piauí existem Delegacias especializadas de Atendimento à Mulher e Delegacia especializada em Feminicídio. Além disso, possuímos a Patrulha Maria da Penha, o aplicativo Salve Maria, e em razão da pandemia foi estabelecido o uso da Delegacia virtual, que possibilita até o pedido de medida protetiva. Ou seja, é preciso esclarecer que a rede de atendimento continua em pleno atendimento, mas de uma forma diferenciada.

O criminalista Lucas Ribeiro ponderou que quando se fala de violência doméstica ainda existem alguns mitos ou tabus; uma vez que prevalece a concepção de que: briga de marido e mulher não se mete a colher. A Lei Maria da Penha é primordialmente uma questão de política pública, contudo temos observado que de 2013 para cá, o poder público está se voltando mais para um olhar punitivista e menos extra-penal.

Ambos destacaram que, infelizmente, o início do relacionamento abusivo não ocorre através de um tapa, ou uma agressão física, mas se dá através de um ciclo violência, que, via de regra, estabelece três fases: aumento de tensão, ataque violento e lua-de-mel. E que existe, ao todo cinco tipos de violência doméstica: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Infelizmente, há de se destacar que, muitas mulheres sequer conseguem perceber que estão sendo vítimas da violência doméstica, uma vez que estão envolvidas na relação.

A mídia e as instituições em geral reforçam o modelo patriarcal da sociedade, constituindo um grande motivo para que algumas mulheres não abdiquem de seus relacionamentos abusivos, pois de acordo com a sociedade e a mídia, a mulher somente seria completamente feliz por meio da constituição de uma família, numa relação estável e duradoura, com um parceiro permanente.

O debate permeado por provocações jurídicas foi enriquecedor e contou com a presença de 1372 pessoas.

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