Após quase 24 horas de tentativas, finalmente consegui falar com as principais lideranças das chapas que disputavam a eleição para o Sindicato dos Radialistas. O Sintertelpi - Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão do Piauí, tem mais de 400 filiados. Na eleição realizada ontem, 17, votaram 315 pessoas. A Chapa 1 venceu a Chapa 2 pelo escore de 159 a 156. Apenas 3 votos de diferença foi o suficiente para definir a eleição.

A disputa foi muito concorrida e acirrada. As campanhas optaram por caminhos diferentes, mas bastante contundentes. A vitoriosa Chapa 1 fez um trabalho de formiguinha. Visitas contínuas em todos os veículos de comunicação, na velha estratégia do corpo a corpo, muita conversa e olho no olho para conseguir conquistar a confiança de seu eleitorado. A Chapa 2 investiu numa campanha mais concentrada nas redes sociais, com posts, vídeos e mostrando seu poder de articulação, principalmente com apoio de empresários. 

A posição da Chapa 2

Durante ligação no início da noite de hoje, 18, falei com o radialista e editor de imagens, João Batista Alves, mais conhecido no metier da comunicação como BJ, que coordenou a campanha da derrotada Chapa 2 - A hora é agora. BJ fez severas críticas a atual gestão, mostrando sua frustração com a dura disputa que encerrou com resultado desfavorável.

Para BJ, a diferença de apenas 3 votos na definição do pleito deixa claro que a categoria está querendo renovação. Para ele, o grupo que conduz o sindicato está desgastado e enfrenta um alto índice de rejeição de seus filiados. Alves queixou-se ainda que houve momentos que o deixaram entristecido com a campanha, acusando seus adversários de ofensas aos seus colegas de chapa e familiares. BJ não entrou em detalhes do que exatamente causou os insultos e de quem partiu a atitude grosseira.

Alves afirmou que não vai desistir de conquistar a entidade e que deve compor nova chapa para a próxima disputa do Sintertelpi, que vai acontecer em 2019. Apesar do fracasso do resultado, BJ diz que não se sente derrotado. Afirmou ainda que os 156 votos que a Chapa 2 obteve foi um grande êxito para um grupo jovem que nunca disputou uma eleição, de forma que sente-se motivado para prosseguir na luta para dirigir os caminhos do sindicato futuramente. 

A posição da Chapa 1

A Chapa vencedora, representada pelo radialista Val Moraes, atendeu minha ligação por volta das 20h de hoje para comentar o resultado. Para Val, a disputa foi muita acirrada, mas aconteceu na mais perfeita tranquilidade, com ética e respeito de ambas as partes. Moraes destacou que agora é o momento de buscar unir a categoria e canalizar a força dos dois grupos para as lutas em comum, beneficiando todos os filiados da entidade.

Sobre as críticas de BJ, Moraes afirmou que seu grupo não está no poder há 27 anos. Segundo ele, somados os mandatos jamais vai chegar ao número exposto por Alves. O coordenador da campanha da Chapa 1 rebateu veementemente a denúncia de ofensas aos adversários e familiares dos componentes da Chapa 2. Para ele, em momento algum houve excessos e que a conduta de seus companheiros sempre foi de respeito, em busca de um elevado nível de disputa. Moraes lamentou as declarações de seu adversário e crê que agora é o momento de buscar a paz e a serenidade entre os grupos opostos. 

O principal articulador da vitoriosa Chapa 1 - Sindicato é coisa séria (o slogan é uma alusão ao chavão do radialista e repórter William Bogéa), revelou que já esteve reunido na tarde de hoje com membros de seu grupo para avaliar a eleição e planejar seus próximos passos. Moraes afirmou que pretende lutar para que a categoria tenha um veículo próprio. Informou que aproveitou a ideia de uma proposta apresentada em campanha por seus adversários. Val disse ainda que já está trabalhando para realizar um grande congresso de radialistas, com caráter nacional, em Teresina. O evento, provavelmente, deve acontecer no próximo mês de julho.

Sindicato deve fortalecer a luta

O Sintertelpi é uma entidade de grande poder, mas, pode melhorar sua representatividade. A quantidade de pouco mais de 400 filiados deve aumentar e, assim, fortificar sua projeção na sociedade. É lógico que o atual número de membros é muito baixo, se considerarmos que o Piauí tem 224 municípios e veículos de comunicação na grande maioria das cidades. Talvez uma intensa visitação e campanha de filiação, bem como fiscalização para coibir o exercício ilegal da profissão possa ser eficiente para o crescimento da entidade.

Com arrecadação oscilando entre 12 e 14 mil reais, o aumento do número de filiados pode gerar uma captação de recursos mais representativa, o que pode render mais capacidade de desenvolver projetos que tragam benefícios sociais a todos os membros. Quanto a pequena diferença no resultado da eleição, ao meu ver, mostra que um ciclo está se encerrando para o grupo que vem renovando continuamente seu mandato. 

É tempo de repensar em novas bandeiras, fazer um bom trabalho de aproximação com a categoria para atender com mais eficiência aos seus anseios, oxigenar as lideranças e formar novos sindicalistas para defender a categoria no futuro. Ou então, caso não se busque uma reciclagem, principalmente de ideias e mentalidade, a renovação do grupo que está no poder é líquida e certa em um próximo pleito.