A maldição do buquê (2)

Vamos à segunda e última parte de A Maldição do Buquê. A repercussão da primeira parte foi muito positiva. Creio que vou usar este espaço para compartilhar outros escritos nesta categoria. Divirtam-se! 

Por um átimo, enquanto ouvia as recomendações de Dona Rogéria, fui abstraída por imagens que passaram em minha cabeça. Tantos momentos em que estive tão perto de concretizar meu grande sonho e que foram desfeitos por algo inexplicável. Não tinha sentido algum. Não havia respostas. Apenas dúvidas e um sentimento de culpa que me fazia pensar que o problema estava comigo.

Tantas coisas neste mundo que a gente vive a procurar uma solução e não encontra. Vários caminhos apresentados como possibilidade e nenhum deles dava em lugar algum. Psicoterapia que até ajudava, mas era para me consolar. Só a estrada da aceitação passiva de um destino que me levava ao nada. Aceitar a sina foi a única conclusão que se fez mais forte durante todos estes anos.

Mas agora havia uma saída. Uma luz brilhando intensamente mostrando a saída. Ou um ponto de início. Ouvia distante a voz de Dona Rogéria. Olhava para ela. Mas não traduzia absolutamente nada. Meus olhos viraram um aguaceiro. As lágrimas corriam soltas. As que não pingavam na mesa, escorriam pelo meu pescoço. Uma cachoeira saltava, inundando minha vista. Não enxergava mais nada. Apaguei.

Quando abri os olhos novamente, vi o sorriso da Maura. Estava deitada com a cabeça no colo de minha prima. Não era mais a tenda de atendimento de Dona Rogéria. Estava em um sofá. Um monte de mulheres em minha volta. Entre elas, uma enfermeira. Por sorte, também estava para ser atendida pela mulher que descobria segredos através das cartas

- O que houve?

- Maura, não sei.

- Que susto você nos deu.

- Estava ouvindo Dona Rogéria e a voz dela foi sumindo e não lembro de mais nada.

- Acho que foi muita emoção para um dia só, minha filha.

- Foi sim, Dona Rogéria.

- É melhor ir para casa descansar. Depois você retorna e a gente continua a consulta, se você quiser.

- Ah, como eu quero.

Agradeci a todas, especialmente à enfermeira, que cuidou de mim. Ela disse que tive uma queda muito brusca de pressão, mas que logo normalizou. Recomendou que fizesse exames. Sem dúvidas foram as descobertas que me causaram uma emoção muito forte e acabei não suportando. Nada mais que isso. Voltei pra casa em silêncio. Maura também não fez questão de me perguntar nada. Aguardava eu tomar a iniciativa.

No rádio tocava Queen Latifah, Hard Times – música que eu adoro. A trilha combinava com perfeição àquele filme que se passava. Fui acalmando, levada pela bela canção. Não parava de pensar. Mas já não havia mais o peso que senti durante tanto tempo e parecia um fardo cada vez mais pesado. Junto com o desmaio, toda a carga que carregava foi retirada das minhas costas. Estava leve. Sentia-me livre da culpa. Meu coração batia tranquilo. Paz.

Acho que foi a noite mais bem dormida da minha vida. Acordei no dia seguinte e a primeira coisa que fiz foi ligar para minha prima do coração. Maura veio correndo e, claro, conversamos muito. Ela me contou detalhes do mal estar que passei. Como todas se solidarizaram. Disse ainda que Dona Rogéria ligou para ela, combinando em me ajudar no que precisasse.

- Você ganhou uma fã e uma madrinha. Dona Rogéria adotou você.

- Uma fada-madrinha!

Na semana seguinte fomos mais uma vez na casa de Dona Rogéria. Dessa vez ela nos atendeu no jardim. Tinha preparado um lanche e nos recepcionou de outra forma. Já não era mais cliente, mas, amiga. Falamos de diversos assuntos. Eu aguardava ela tocar no que mais me interessava e nada. A tarde entrou pela noite e nenhuma menção ao acontecido. Notei que esperava que eu tocasse no assunto. Então tomei a iniciativa.

- Mas Dona Rogéria...(ela me olhou e aguardava este momento). A senhora não vai mais me falar sobre o que mostraram as cartas de tarot?

- Bem, minha filha, aquele dia foi muito forte para você. Queria que estivesse pronta para ouvir.

- Estou pronta!

- Então...vamos por partes. Primeiro, você está realmente disposta a fazer o que for necessário para quebrar a maldição?

- Sim!

- Tem certeza?

- Claro que sim! É o que eu mais quero!

- Ok. Segundo, vai ser preciso você se preparar para realizar com perfeição. Caso contrário, tudo pode piorar.

- Nossa! Parece que vou pra guerra. É tão difícil assim?

- Não adianta eu lhe enganar. É difícil sim. Exige muita cautela e cuidados especiais para que você consiga reverter a maldição sem correr grandes riscos.

Parei. Encostei na cadeira, segurando os braços. Olhei para Maura. Pedi ajuda com os olhos. Minha prima, amiga e confessora, a quem contava tudo. A irmã que não tive. Ela piscou o olho e sorriu. Entendi que não estava sozinha. Senti-me mais segura. Uma sensação de tranquilidade e confiança vieram depois que respirei fundo. Estava certa que ia conseguir. O que tivesse que ser, seria. Eu não ia me acovardar agora. Se exigia muita coragem, ia encontrá-la e realizar o sonho de uma vida toda.

Voltei a posição inicial na cadeira e encarei Dona Rogéria, afirmando que estava disposta a fazer o que fosse. A cartomante e, agora, fada-madrinha, explicou em detalhes como que eu tinha que proceder para quebrar a maldição do buquê. O passo a passo, os cuidados necessários, toda a parte cerimonial e devocional e o principal, como me preparar espiritualmente para que tudo desse certo.

Foi um longo preparo. Ia fazer o que nunca tinha que ser feito. Além de uma série de cuidados físicos para dar conta da empreitada, tive que aprender a realizar coisas que nunca nem passaram pela minha cabeça. Fui introduzida em um universo que lera algumas coisas, mas entendia muito pouco. Passei mais de dois meses me preparando para encarar a maior prova de minha vida.

Quando concluí todos os ensinamentos de Dona Rogéria, fomos encontrar a data e o local certos para fazer a magia. Ainda tinha isso. Não poderia ser qualquer dia. Ou melhor, noite. Uma noite de lua cheia. Não poderia ser em qualquer lugar. Era uma um espaço especial. Com a força da natureza colaborando para que as energias fosse encaminhadas para quebrar a maldição.

Tanta pesquisa e estudo só foi possível com a ajuda da minha prima. Ela esteve sempre comigo em tudo, não seria agora que não ia participar de um momento pra lá de especial. Andamos juntas em casas especializadas em produtos para uso em cerimônias espirituais. Saímos em busca de um local especial para fazer o feitiço. E como era difícil encontrar. Mas conseguimos depois de muita busca.

Um dia antes, passei mais uma vez na casa de Dona Rogéria. Nos falávamos quase todos os dias pelo telefone. Fui várias vezes em sua casa. Fiz outras consultas. Tudo estava pronto e os astros apontavam que o momento era favorável. Depois de mais uma sessão de tarot, Dona Rogéria pegou em minhas mãos, rezamos e nos abraçamos. No final, deixando-me na porta de sua casa, chamou mais uma vez a minha atenção.

- Alana, todo o cuidado é pouco.

- Não se preocupe, Dona Rogéria. Vou ser cuidadosa.

- Prepare-se. Podem acontecer surpresas inesperadas.

- Vou estar atenta a tudo.

Dona Rogéria fechou os olhos, respirou bem fundo e, depois de alguns momentos, falou calmamente. Fui envolvida por uma vibração muito especial. Era uma energia diferente que fazia com eu ficasse toda arrepiada. Sua voz mudara. Estava mais suave do que o de costume. Lembrava uma voz de criança.

- Você vai passar por uma grande provação.

- Eu sei.

- Mas é muito mais do que você está pensando e do que está planejado.

- Como assim?

- Não posso falar mais nada, mas, no final, vai dar tudo certo.

Dona Rogéria respirou bem fundo novamente e abriu os olhos. Estava pálida. Algo muito especial tinha acontecido, mas ela não entrou em detalhes. Beijou minhas mãos e desejou boa sorte. Entrei no carro e ela continuou na porta olhando eu me distanciar até não poder mais vê-la.

Chegou o grande dia. Depois de uma noite bem dormida, acordei cedinho. Os pardais faziam a festa com os primeiros raios de sol. Meu coração estava repleto de esperança. Fui até a varanda, enchi o peito de ar puro e sorri para o mundo. Muita disposição para uma jornada que eu me julgava preparada. Comecei a fazer os preparativos para enfrentar uma noite de aventuras.

Fiz o checklist de tudo o que era necessário e distribui em duas mochilas, que ficaram bem pesadas. Alguns apetrechos foram colocados duas vezes. Era a segurança necessária para, no caso de alguma contingência, ter como solucionar e não precisar adiar o que foi programado com grande antecedência. Tínhamos que realizar naquele dia. Um adiamento poderia causar muitos transtornos até conseguir uma outra data propícia.

Pedi folga no trabalho. O dia foi tirado inteiramente para o evento mágico. Concentração total para não desviar a atenção para nada que não fosse estar vibrando a energia da realização. Incenso queimando um aroma suave que se espalhava por toda a casa. A música instrumental suave criava o clima de paz e serenidade.

Passava do meio-dia quando liguei para Maura, a única pessoa que me acompanharia na maior proeza das muitas que já nos metemos. Ninguém mais sabia o que eu ia fazer naquela noite. Minha fiel escudeira também estava pronta e logo logo estaria em casa para a gente finalizar os preparativos e partirmos para o tudo ou nada.

Maura chegou com um sorriso brilhante no rosto. Estava tão esperançosa e confiante quanto eu. Checamos mais uma vez tudo o que era preciso. Tudo ok. Não faltava nada. Já no fim da tarde bateu um pouco de medo, mas minha amada prima reforçou com a sua confiança e voltei à minha segurança.

Um pouco antes de anoitecer, saímos para o nosso destino, e que ele fosse gentil. Era uma região muito bonita. A cerca de cem quilômetros de distância da minha casa. O por do sol nos pegou na estrada. Tudo estava lindo. A lua apareceu no horizonte e trouxe mais fé na empreitada juntamente com seu brilho prateado. Chegamos.

Era uma pequena floresta. Uma cachoeira borbulhava. O som de água corrente me deixava animada. Caminhávamos por uma trilha que já conhecíamos. Por duas vezes, fomos conhecer melhor a região para evitar surpresas desagradáveis. As lanternas eram apenas por segurança. A noite estava clara com a lua dando um espetáculo.

Montamos um pequeno altar com as peças necessárias para o ritual em uma pedra previamente escolhida. Acendemos uma pequena fogueira, que tinha duas funções: afastar os pequenos animais e iluminar um pouco o ambiente. Agora começava uma fase difícil e perigosa. Daí para frente, não poderia mais ter a ajuda de Maura. Ela poderia me acompanhar, mas sem intervir. Tinha que fazer tudo sozinha.

Estava convicta que ia sair como planejamos. Meu coração batia feliz. Próximo a cachoeira, havia uma colmeia de mel silvestre. Tinha que pegar um favo e trazer para colocar entre as flores e comer um pouco daquele preciosidade da natureza. Era a parte mais complicada. Vesti a roupa especial para evitar as picadas. Calcei as luvas e levava ainda um pequeno objeto com fumaça para acalmar as abelhas.

Segui as instruções de Dona Rogéria. Sentia a sua presença. Tinha certeza que ela estava em oração, mandando boas energias para que tudo saísse como combinamos. Cheguei no local da colmeia, que estava em uma pequena árvore. Tinha que subí-la e pegar o precioso favo. Rezei para reforçar a coragem. E fiz o que tinha que ser feito.

Tudo tranquilo. Tudo dando certo. Achava que a parte mais trabalhosa havia passado. Voltei para o nosso pequeno acampamento, acendi as velas do altar e realizei o rito estabelecido. Senti uma forte energia. Havia mais gente por ali. Não via nem ouvia ninguém, mas sentia. Uma forte presença estava acompanhando tudo. Devia ser algum guia espiritual enviado por Dona Rogéria – pensei.

Na segunda e última parte da liturgia para desfazer a maldição, tinha que estar completamente nua. Despida, fui para a cachoeira, seguida de perto por Maura, que estava calada, mas com o seu sorriso encorajador a postos. A água estava fria. Entrei com muita cautela no lago formado pela queda d’água. Fui nadando até a cachoeira.

Durante o banho, a sensação gostosa da água caindo e levando as energias negativas. Sentia-me leve e aliviada. A alegria que nunca mais sentira, brotou novamente. Meu coração pulsava numa batida de realização. Precisava gritar e dizer ao mundo que estava livre de todo o peso que atrasava meus passos. Ria sem medida ou temor. Maura, em pé na margem, ria também.

Estava literalmente lavada. De braços abertos, livre, abraçava o mundo. Uma felicidade plena. Não segurei o contentamento que me invadia. Comecei a pular espalhando a água que lavava todas as tristezas que já tinham derramado todas as lágrimas em noites insones. Saltava para o mundo novo, menos doloroso e mais colorido.

Em um momento de descuido, escorreguei e caí entre as pedras da cachoeira. Tentei me levantar, mas meu pé direito estava preso. A água respingava em meu rosto e dificultava enxergar. Pequenos arranhões nas pernas e braços sangravam e ardiam com a água que deslizava pelo meu corpo. Tentei de todas as formas sair daquele posição incômoda, mas não consegui.

Desespero. Comecei a gritar de pavor. Olhei para a margem e Maura estava em pé, com as mãos na cabeça. Para piorar as coisas, ela não sabia nadar. Não pensamos neste pequeno detalhe. Minha prima não tinha como me ajudar. E agora, como faríamos para sair daquela situação no meio do mato? Sem cobertura de celular, estávamos completamente isoladas.

- Maura, tenta encontrar alguém para me ajudar.

- Mas como?

- Pega o carro e tenta encontrar alguém na estrada.

- E você vai ficar aqui sozinha?

- Não temos escolha. Vai logo. Acho que meu pé está muito machucado.

Maura saiu correndo. Ouvi quando ligou o carro e partiu em disparada. Toda a alegria que estava até alguns minutos atrás se transformaram num terror. Estava sozinha no meio de uma mata. A lua prateava a água agitada, espelhando o céu sem nuvens. Ouvia os insetos e os animais da noite e meu coração batendo descompassado. O tempo passava e a ansiedade aumentava.

Galhos quebrados ao longe. Parecia que alguém caminhava ali por perto. Pensei em gritar, mas lembrei que estava nua e indefesa. E se fosse algum criminoso? O som aumentava o volume. Estava cada vez mais próximo. O desespero aumentou. Rezava, mas não conseguia me concentrar. Tentei ficar o mais escondida possível, deitando-me entre as pedras.

As velas acesas no altar improvisado e o incenso iam me denunciar. Estava perdida. Mesmo com o frio que estava fazendo, comecei a suar com o nervosismo que tomava conta de mim. Tudo começou a ficar escuro. As imagens estavam distorcidas. Apenas ouvia ao longe o som da água respingando em meu corpo e nas pedras. Desmaiei.

Parecia um sonho. O tom azulado da água dava a ideia que estava em um mundo encantado. Sentia alguém pegando em meu pé que estava preso. Delicadamente, tentava soltá-lo das pedras. Fechei os olhos e deixei me levar pela leveza das sensações. Meu pé foi solto e agora estava livre. Apenas uma pequena dormência. Fui carregada por braços fortes, com muito carinho. Sentia que estava em boas mãos. Parecia que estava flutuando.

Fui levada até a margem e coberta por uma manta. Sentia-me aquecida e segura. Alguém enlaçava a minha mão. Era um homem belo e forte. O perfume de incenso inundava a minha alma. O tempo parecia parado. A magia estava presente e uma vibração energética deixava tudo calmo. Não ouvia mais nenhum som. A luz da lua acariciava meu rosto com ternura.

Quando recobrei a consciência, estava sendo levada em uma maca pela trilha. Maura segurava a minha mão. Seu sorriso acalentava. Apertei forte a mão de minha amiga de todas as horas. Olhei para um dos homens, mas em nada lembrava com o que estava presente em minha visão anterior. Poderia ser o da frente, que estava de costas para mim, carregando a maca.

Ao chegarmos na ambulância, uma médica fez uma rápida análise em meu pé e assegurou que não estava quebrado. Apenas uma torção, o que trouxe um alívio. Fui colocada no interior do veículo, que seguiria para o pronto-socorro mais próximo. Maura iria levando meu carro. Levantei a cabeça e vi minha prima ao lado de um belo moço, todo molhado, vestido apenas com uma calça. Ele sorria para mim. Era igual ao que eu vi no sonho. Sonho? Será que foi sonho?

No hospital, fui recebida por uma equipe coordenada por uma amiga de infância. Que sorte! Cuidaram das escoriações em meus braços e pernas. Ficaria em observação até receber o resultado do raio x. Não conseguia repousar. Queria saber os detalhes do que acontecera, mas a Maura estava demorando. Já era pra ter chegado.

Acabei cochilando por um bom período. Acordei com o som da caixa chamando um médico com urgência para atendimento. Maura já estava sentada ao meu lado com um sorriso diferente. Ela me olhava com alguma malícia. Devia estar sabendo de alguma coisa a mais. Novidades. Adoro!

- Pode contar logo o que você está sabendo.

- Alana, você tem muita sorte.

- Com certeza! Depois de escapar da morte, renasci não das cinzas, mas das águas.

- Mas não é só por isso.

- E o que é mais?

- Ele pediu o seu telefone.

- Ele quem?

Maura tinha demorado a chegar porque foi dar carona ao meu salvador. Era um biólogo que estava pesquisando o bioma da região. Ele viu a parte iluminada pelas velas e achou que era um princípio de incêndio. Saiu correndo pelo meio do mato para apagar e evitar algo pior para a natureza, que ele tanto amava. Quando chegou a margem, viu que eu estava sozinha e desmaiada na cachoeira.

Foi ele quem desprendeu meu pé e me carregou. Então não era um sonho. O meu herói disse a Maura que eu estava tremendo de frio e em princípio de choque térmico. Segundo ele, minha boca já estava ficando roxa. Voltou correndo até onde estavam suas coisas, pegou uma toalha para me enxugar e um cobertor para me aquecer. Foi o que me livrou de maiores problemas.

- Maura, ele me viu nua?

- Claro! Com aquele belo par de olhos, viu tudo. Do jeitinho que você veio ao mundo.

- Ai! Que vergonha!

- Acho que ele gostou. Fez um monte de perguntas.

- E você respondeu?

- Falei só coisas boas, sua boba. Vendi seu peixe bem direitinho.

- Prima, amiga, salvadora e agora cupido. Não faltava mais nada.

- Ele vai te ligar.

Voltei para casa com uma bota ortopédica. Ia passar quinze dias com ela para garantir que não houvesse nenhuma sequela e não forçasse ao caminhar. Entre lágrimas, eu e Maura estávamos assistindo o finalzinho do filme The Secret Life of Bees, quando entra aquela música linda da Alicia Keys, Sky is Blue. Era mais ou menos oito da noite quando o celular tocou. Minha prima e eu nos olhamos. Passamos do choro ao riso. Era ele.

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